Diário de Mercado na 5ª feira, 25.08.2016
Hamilton Moreira Alves, CNPI-T
e Rafael Freda Reis, CNPI
Cautela e agenda fraca mantêm mercados em compasso de espera por declarações em Jackson Hole.
Estiveram no radar dos agentes nesta quinta-feira:
i) a aprovação na véspera da DRU (desvinculação das receitas da união), vista como positiva pelo mercado; e
ii) manutenção de cautela no exterior em dia de agenda esvaziada, no aguardo de sinalizações da política monetária norte-americana, com a proximidade do discurso da presidente do Fed, Janet Yellen, previsto para a manhã de amanhã (11h) em Jackson Hole.
O Ibovespa fechou a sessão “de lado”, aos 57.722 pts (+0,01%). O índice agora acumula -2,33% na semana, +0,72% no mês, +33,16% no ano e +29,58% em 12 meses. Preliminarmente, o giro financeiro da Bovespa foi de R$ 5,76 bilhões, sendo R$ 5,54 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
No dia 23 (último dado disponível), houve evasão líquida de capital externo da ordem de R$ 19 milhões da Bovespa, elevando o acumulado negativo do mês a R$ 1,554 bilhão, fazendo com que o saldo no ano passasse a totalizar positivos R$ 15,7 bilhões.
Indicadores no País
Na agenda econômica (pg.3), no Brasil, os dados de crédito mensais divulgados pelo Bacen revelam em julho a manutenção da tendência de desaceleração no crédito, aumento nos spreads bancários e continuidade da inadimplência.
A relação crédito/PIB situou-se em 51,4% em julho, ante 51,9% em junho e 53,3% em julho de 2015.
Crédito - O total de crédito no SFN retraiu-se a R$ 3,12 trilhões, uma queda de 0,4% ante o estoque de R$ 3,13 tri em junho, representando ainda um positivo crescimento em 12 meses, da ordem de 0,2%. Já o spread médio atingiu 23,2%, com uma elevação de 0,5 p.p. no mês e 4,8 p.p. em 12 meses.
Spread em alta - Também, a taxa de inadimplência dos créditos com mais de 90 dias em atraso avançou 0,1 p.p. em julho, atingindo 3,6%. Em 12 meses, a alta foi de 0,6 p.p. Segundo nossos analistas, no próximo mês poderemos ver o primeiro crescimento de crédito nominal negativo da história recente, enquanto a inadimplência e os spreads deverão manter uma tendência altista até meados de 2017.
Nível de Emprego - Já a criação de vagas na economia (CAGED), divulgada pelo Ministério do Trabalho, mostrou um corte líquido de 94.724 postos de trabalho em julho, ligeiramente maior do que a projeção do mercado, em -90.000.
Em nossa visão, ainda que o número de julho tenha mostrado um corte ainda maior que o do mês anterior (91.032 vagas), a tese de um movimento de recuperação econômica não é invalidada, pois entendemos que as empresas, que estão mais otimistas com os prognósticos econômicos recentes e antecedentes indicadores de confiança, mesmo que retomem os investimentos, a reação expressa no mercado de trabalho se dá tardiamente, pois a ociosidade atualmente existente deverá sofrer redução antes de novas contratações líquidas ocorrerem.
Indicadores Externos
Externamente, nos EUA, os pedidos de bens duráveis - que sinalizam a elevação ou retração do grau de demanda das indústrias manufatureiras no curto prazo, elevaram-se em 4,4% em julho, invertendo a retração de 4,2% registrada em junho (dado revisado de -3,9%), excedendo as estimativas do mercado, que aguardava alta de 3,4%. O indicador foi considerado como de moderado avanço dos EUA.
Câmbio e Juros Futuros
No mercado de câmbio, o dólar valorizou-se ligeiramente perante o real na sessão. No interbancário a moeda encerrou cotada a R$ 3,2290 (+0,19%), e acumula agora +0,75% na semana, -0,40% no mês, -18,48% no ano e -10,11% em 12 meses.
No mercado de juros futuros, refletindo ainda os obstáculos do governo no front fiscal e a cautela no aguardo do speech da presidente do Fed amanhã, os contratos futuros operaram próximos à estabilidade. Já o CDS brasileiro de 5 anos subiu pelo quinto dia consecutivo, subindo a 263 pts, ante 258 pontos de ontem.
Mercados Externos
Nos mercados estrangeiros, na Ásia, com os agentes no aguardo de sinalizações do futuro da política monetária nos EUA, as bolsas operaram majoritariamente em queda. Tal viés também foi replicado na Europa, em dia de agenda pouco movimentada, em expectativa com o grande evento da semana, o discurso da presidente do Fed Janet Yellen amanhã no simpósio econômico de Jackson Hole.
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