Diário de Mercado na 2ª feira, 29.08.2016
Hamilton Moreira Alves, CNPI-T,
e Rafael Freda Reis, CNPI
Agentes seguem o bom humor das bolsas de Nova York com os desdobramentos do impeachment como pano de fundo.
O Ibovespa inaugurou a última semana de agosto em alta de 1,55%, aos 58.610 pts, reduzindo parte das perdas registradas na semana passada, embalado por dados favoráveis da economia norte-americana, que trouxeram incremento de apetite ao risco pelos agentes.
Assim, o índice passou a acumular +2,27% no mês, +35,21% no ano e +24,30% em 12 meses. Preliminarmente, o giro financeiro da Bovespa foi de R$ 5,46 bilhões, sendo R$ 5,32 bilhões no mercado à vista.
No dia 25 (último dado disponível), houve saída de capital externo de R$ 31,2 milhões da bolsa, com saldo negativo de R$ 1,58 bi em agosto, mas, acumulando R$ 15,7 bi no ano.
Agenda
Na agenda econômica (pg.3 do anexo), no Brasil, o relatório Focus do Banco Central mostrou um viés menos favorável ao espaço existente para o afrouxo monetário projetado nos radares dos agentes, com o destaque para o aumento da Selic para o final do ano que vem, de 11,00% para 11,25%.
De toda a sorte, as estimativas mostraram uma certa discrepância, visto que o PIB também subiu, de 1,20% para 1,23%, e a inflação ao consumidor (IPCA) mostrou leve ascensão, de 5,12% para 5,14%, mas, se manteve pela terceira semana seguida na casa de 5,1%.
No exterior, o principal indicador do dia ficou por conta, nos EUA, o núcleo do PCE (Personal Consumer Expenditure) - que é o indicador de variação de preços que o Fed considera em sua ponderação para definição de política monetária.
Pelo fato da inflação nos EUA ser mais previsível, extraem-se os grupos de alimentos e de energia para enxugar um ingrediente de volatilidade do indicador – assim, o PCE Core, que exclui tais variáveis, é visto como mais relevante.
O núcleo do indicador registrou variação de +1,6% em julho, igual ao de junho e ligeiramente acima das estimativas, em 1,5%. Já o dado mensal foi de +0,1% em julho, ante junho, em linha com as projeções de mercado.
O dado foi bem recebido pelo mercado ao sinalizar que as pressões inflacionárias estão sadias, mas, ainda não são significativas a ponto de adiantar uma definição de aperto monetário por lá, não transitando ainda em direção à meta perseguida pelo Fed, definida em 2%.
Após o discurso da presidente do Fed Janet Yellen na 6ª feira – e reforçado pelo Vice-Presidente Fischer na sequência – a probabilidade de tal movimento restritivo por parte da autoridade monetária elevou-se hoje para aproximadamente 61% para dezembro deste ano, data já assimilada pelo mercado, mas, não definitiva, que poderá ser modificada a depender de surpresas possíveis no indicador de maior peso nesta semana, o payroll (dados do mercado de trabalho).
Câmbio e Juros Futuros
No mercado de câmbio (interbancário), na esteira do dado favorável do PCE, que sugere uma escalada do juro nos EUA de forma menos abrupta, a divisa norte-americana perdeu força perante seus pares globais. Frente ao real, a moeda caiu 1,01%, para R$ 3,2350, e acumula agora -0,22% no mês, -18,3% no ano e -9,7% em 12 meses.
No mercado de juros futuros, refletindo o bom humor no exterior e a queda do dólar, os DIs retraíram-se na ponta mais longa da curva. Em contrapartida, a ponta mais curta avançou com os agentes precificando as projeções ligeiramente menos otimistas propagadas pelo relatório Focus. Já o CDS brasileiro de 5 anos cedeu para 258 pts hoje, contra 261 pts da sexta-feira (26/ago), após seis sessões consecutivas de elevações.
Confira no anexo a íntegra do relatóro de análise do mercado na 2ª feira, 29.08.2016, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, e RAFAEL FREDA REIS, CNPI, analistas de investimento do BB Investimentos