Diário do Mercado na 2ª feira, 17.10.2016
Ambiente doméstico sustenta alta e impõe contraste do Ibovespa em oposição à aversão ao risco no exterior.
A semana que, embora reserve indicadores de peso - entre outros, como a definição de juros por parte do Copom no Brasil e do Banco Central Europeu na Europa - inicia-se com agenda fraca. Na ausência de direcionadores econômicos, o comportamento do petróleo deu o tom do dia, com viés predominantemente vendedor na sessão de hoje.
O mercado acionário brasileiro, no entanto mostrou dinâmica própria, iniciou o dia estável, mas embalando os ânimos ao final da manhã e firmando-se, ao longo da tarde, definitivamente no campo altista.
Favorecendo o ambiente doméstico, os agentes ponderaram as expectativas com um provável corte de juros na reunião do Copom na quarta-feira – com viés reforçado mediante divulgação do Relatório Focus do Bacen pela manhã, contendo uma projeção de queda da Selic mais pujante por parte dos agentes – bem como performances favoráveis das ações da Petrobras e Vale, que puderam continuar sua escalada em ritmo mais ousado, depois de encerrado o horário de exercício de opções sobre ações, às 13h, em cujo mercado são carros-chefes, suplantado as pressões por conta dos “vendidos”.
Ibovespa
O Ibovespa encerrou aos 62.696 pts (+1,50%), acumulando +7,42% no mês, +44,63% no ano e 32,7% em 12 meses. O preliminar giro financeiro da Bovespa foi de R$ 11,7 bilhões, turbinado pelo vencimento de opções sobre ações, que movimentou somente no exercício das opções R$ 3,82 bi, e com o mercado à vista somando R$ 7,51 bilhões.
Agenda Econômica: Boletim Focus
Na agenda econômica (pg.3), o dia reservou, além do tradicional Relatório Focus do Bacen, apenas indicadores de inflação domésticos.
Quanto ao Focus, o maior destaque ficou pela redução, na mediana das projeções dos agentes, do patamar da Selic esperada ao término de 2016, que passou de 13,75% a.a. na semana anterior para 13,50% a.a. hoje. Em menor grau, verificou-se também ligeiro arrefecimento das projeções de inflação tanto para 2016 quanto para 2017, influenciadas pelo anúncio, na semana passada, da redução nos preços dos combustíveis pela
Petrobras.
Ainda a inflação medida pelo IGP-10 (FGV) mostrou variação de +0,12% na leitura de outubro, desacelerando ante +0,36% medido em setembro, mas vindo ligeiramente acima das estimativas de mercado que aguardavam, no consenso, +0,06%. Já nos EUA, a produção industrial de setembro avançou apenas 0,1%, desapontando analistas, que projetavam avanço de 0,2%.
Ociosidade na Indústria
Além disso, a taxa de utilização da capacidade instalada, uma medida da ociosidade da indústria, embora tenha avançado 0,1% e atingido 75,4%, também estacionou em patamar abaixo do previsto, que era 75,6%.
Ademais, a revisão de indicadores anteriores revelou números mais fracos dos que os previamente divulgados: o avanço ante julho passou de -0,4% para -0,5% e a taxa de utilização da capacidade instalada foi de 75,5%. Os dados, no entanto, não trouxeram impacto na sessão.
Juros
No mercado de juros, o dia foi de estabilidade evidenciada ao longo dos vencimentos curtos e médios da estrutura a termo da curva, e viés de ligeira alta na ponta longa. Sem grandes direcionadores no dia, o mercado já consolidou suas apostas na reunião do Copom da quarta-feira, com a maior parte dos agentes precificando corte de 25 pontos-base na taxa Selic-meta, levando-a a dos atuais 14,25% a.a. – onde encontra-se desde julho de 2015 – para 14,00% a.a.
Câmbio
No mercado de câmbio (interbancário), em dia de reduzida liquidez no mercado de moedas, a divisa elevou-se ligeiramente ante o real, e fechou cotada a R$ 3,2034+0,04%), acumulando agora variações de -1,78% no mês, -19,12% no ano e de -16,38% em 12 meses. O CDS (Credit Default Swap) Brasil 5 anos findou em 270 pts, versus 267 pts do fechamento de sexta-feira.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado financeiro na 2ª feira, 17.10.2016, elaborado por HAMILTON LMOREIRA ALVESCNPI-T, e RAFAEL FREDA REIS, CNPI-P, do BB Investimentos