Diário de Mercado na 3ª feira, 17.01.2017
Bacen reafirma tendência de queda nos juros com ata do Copom
Hamilton Moreira Alves, CNPI-T
Rafael Reis, CNPI-P
Resumo do dia.
A ata do Copom solidificou o discurso do Bacen quanto ao ritmo do afrouxo monetário, denotando que a postura de maior distensão econômica deve perdurar nas próximas reuniões do comitê.
No mercado de juros, poucos ajustes, enquanto no câmbio o dólar recuou com intervenção do Bacen, que quebrou hiato nas operações de swap.
A elevação das ansiedades dos investidores quanto à posse de Trump nos EUA, na próxima 6ª feira (20.01) permaneceu no radar.
Mercado de Ações.
Após uma abertura desanimada, a situação de estabilidade se manteve até o início dos negócios nos EUA (12h30), quando então, a bolsa doméstica ganhou tração.
Tendo empresas do setor financeiro como Itaú (ITUB4: R$ 36,98; +2,69%) e Bradesco (BBDC4: R$ 32,02; +2,86%) como destaques, o Ibovespa fechou aos 64.354 pontos (+0,82%), acumulando 6,85% no mês (e no ano) e 66,86% em 12 meses.
O giro financeiro da Bovespa foi de R$ 7,07 bilhões, sendo o volume do mercado à vista de R$ 6,84 bilhões.
Agenda Econômica.
A Ata do Copom, relativa à reunião da última 4ª feira (11.01) reforçou o tom de afrouxo monetário visto no comunicado que acompanhou a definição pelo corte de 75 pontos-base na data.
No documento, a autoridade monetária voltou a afirmar que a redução da Selic para 13% a.a. não provocará desvios na trajetória inflacionária, cujas expectativas seguirão “ancoradas”, e também reiterou que o movimento contribui para retomada da atividade econômica, que vem acontecendo de maneira mais lenta do que inicialmente esperado pelo comitê.
Em nossa visão, o discurso do Bacen pavimenta o caminho para pelo menos mais três cortes de igual magnitude nas próximas reuniões, devendo então seus impactos, juntamente com o corte da semana anterior, começarem a ser sentidos, para então a opção pelo “novo ritmo de afrouxo monetário” ser mantida ou revista pela autoridade. Neste momento, acreditamos em uma redução do ímpeto nos cortes a partir do segundo semestre do ano, levando a Selic ao término de 2017 à casa dos 10%.
A inflação medida pelo IGP-10 (FGV) apresentou alta de 0,88% em janeiro, acelerando ante os 0,20% verificados em dezembro. Em linha com as previsões (consenso: 0,89%), na decomposição do indicador, evidenciou-se um avanço nos preços industriais no atacado, ainda que contrabalançado pela retração dos preços agrícolas, com o IPA-10 elevando-se em 1,08% no mês, contra 0,22% visto em dezembro.
Já com relação ao varejo, o IPC-10 elevou-se em 0,54% (0,09% em dezembro) e, finalmente, na construção civil o INCC-10 mostrou variação praticamente análoga à vista em dezembro, com alta de 0,30%.
Juros.
A curva da estrutura a termo da taxa de juros futuros apresentou viés de baixa em sua ponta longa, acompanhando o recuo do dólar ante pares no mercado global de moedas, e de alta nos vencimentos curtos, com ajustes às apostas de que a ata do Copom fosse mais dovish (branda), o que acabou não se confirmando.
Dólar e CDS.
A sessão foi marcada pelo retorno do Bacen às operações de swap cambial, com a rolagem de um lote integral de 12.000 contratos para fevereiro. Embora sem cunho de controle de volatilidade, e sim de disponibilização de liquidez, a operação pressionou a divisa, que se desvalorizou ante o real, e findou os negócios cotada a R$ 3,2096 (-0,86%), acumulando -1,39% no mês (e no ano) e -20,73 em 12 meses.
Já o CDS (Credit Default Swap) brasileiro de 5 anos (CBIN) encerrou aos 250 pts, ante 252 pts na véspera.