PETROBRAS - Resultados no 4º trimestre/2017 e atualização de preços
Trimestre lento em um ano de mudanças positivas
Em nossa opinião, os resultados do quarto trimestre da Petrobras foram negativos. O EBITDA diminuiu 32% trimestre/trimestre, devido ao Acordo e à liquidação das Ações de Judiciais nos EUA, como esperado pelo mercado.
O maior preço do petróleo (+22% trimestre/trimestre) sustentou um lucro bruto mais forte no comparativo trimestral (+19%), enquanto os custos de extração elevaram-se 6% ano/ano.
Assim, a relação dívida líquida/EBITDA chegou a 3,7x (+0,5x trimestre/trimestre), reduzindo a possibilidade da Empresa atingir seu objetivo de 2,5x no final de 2018.
Destaques de operação.
A produção doméstica de petróleo e gás natural manteve-se estável (+0,3 trimestre/trimestre), enquanto o custo de extração aumentou 5,9% trimestre/trimestre.
Após a implementação de sua nova política de preços, em 16.10.2017, a Empresa esperava elevar o nível de utilização de suas refinarias. No entanto, no 4º trimestre, o fator diminuiu de 100 bps trimestre/trimestre para 77%, mesmo em face de uma maior proporção de campos pré-sal.
Quanto à refinação, as importações de petróleo bruto aumentaram 4% trimestre/trimestre, enquanto as exportações, por outro lado, diminuíram 28% na mesma comparação, o que levou a Petrobras a atingir posição exportadora líquida de 287 kpbd no trimestre, um declínio de 19% trimestre/trimestre (veja o resumo das figuras de operação no relatório anexo).
Resultados financeiros.
A receita líquida atingiu R$ 76,5 bilhões no 4T17, +6,5% trimestre/trimestre, decorrente principalmente da alta dos preços do petróleo. Assim, mesmo considerando o aumento acima mencionado no custo de extração, o lucro bruto aumentou em R$ 25,2 bilhões.
No entanto, os impactos únicos do programa de regularização de ações judiciais coletivas, deficiências e dívidas federais contribuíram para uma linha inferior de -R$ 5,5 bilhões.
A geração de fluxo de caixa livre ficou fraca em R$19.6 bilhões (-19% trimestre/trimestre. Os investimentos (CAPEX) entraram em vigor, especialmente na E&P (+50%), sinalizando que a Empresa retornou a um ponto de manutenção e crescimento mais normalizado.
Eventos não recorrentes.
Apesar da alta recorrência de tais eventos nos resultados da PBR, devemos quantificar os eventos, a fim de comparar os anos anteriores.
Em 2016, a empresa provisionou mais de R$ 20 bilhões, apenas para "limpar" seu balanço de perdas anteriores. No 4T17, para liquidar a questão das ações coletivas, a empresa registrou R$ 11,2 bilhões.
Além disso, uma redução líquida de R$ 3,8 bilhões foi provisionada como impairment, a maior parte (R$ 2,3 bilhões) no segmento de Refinação, Transporte e Marketing e outra parcela (R$ 1,7 bilhão) no segmento de Energia.
O restante - embora considerável - one-off é a perda de R$ 1,02 bilhão devido à adesão ao Refis (programa de regularização de dívidas federais).
Em suma, apesar do impacto no curto prazo, vemos os eventos deste trimestre como positivos para a Petrobras, pois minimizam possíveis perdas futuras maiores. Além disso, a maioria deles já era conhecida e esperada pelo mercado, portanto, custava.
Implicações de investimento: desclassificação para Market Perform.
A Petrobras apresentou resultado trimestrais negativos. Apesar dos preços mais altos do petróleo, os indicadores operacionais estáveis/em declínio e os itens não recorrentes sugerem itens mais negativos do que positivos para o período.
Em uma abordagem mais geral, ainda vemos a Empresa em uma boa capacidade de execução em termos de estratégia, concentrando-se em suas áreas principais, estabelecendo parcerias para a E&P e aproveitando o impulso positivo para os preços do petróleo.
No entanto, a recente manifestação (+65% nos últimos doze meses) deixou uma vantagem menor ao nosso preço-alvo DCF. Juntando tudo, atualizamos nossas estimativas e preço-alvo para a Petrobras.
Nosso novo preço YE18 é de R$ 23,50 (antes de R$ 18,70), com uma recomendação de desempenho do mercado (antes do Outperform), conforme detalhado nas próximas páginas [do relatório anexo].
Confira no anexo a íntegrado relatório de análise do desempenhoda PETROBRAS no 4ºtriemstre/2017, elaborado por DANIEL COBUCCI, CNPI, Analista Senior do BB Investimentos