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Editorial

11 de Dezembro de 2018 as 02:12:38



EDITORIAL Sem um Estadista


Editorial

Bolsonaro diplomado Presidente e o Brasil não tem um Estadista para enfrentar o duro panorama. O País precisa de Muita Sorte.

 

A diplomação de Bolsonaro pelo TSE, nesta 2ª feira, blinda o ex-capitão das investigações que deveriam se dar por conta da descoberta de possivel irregularidade no passeio de recursos públicos pelas contas pessoais de seus familiares. Pois a Constituição impede investigações contra o presidente da República a respeito de ocorrências em período anterior ao mandato presidencial.

Depois de o TSE nada fazer quanto às fakenews eleitorais da candidatura de Bolsonaro e também nada ter feito a respeito dos processos judiciais anteriores contra o "mito", o stablishment protege uma vez mais o extrema-direitista apenas manifestando algum desconforto por meio do protocolar e inútil discurso pró direitos humanos feito pela ministra Rosa Weber na cerimônia de diplomação do presidente eleito.

 

Covardia das Cortes

Membro de ambas as cortes, Rosa Weber protagonizou, em seu discurso, uma tentativa de lavabo manus mea, pelo STF e pelo TSE, quanto ao apoio tácito à ascensão da extrema direita ao palácio do Planalto ... sem qualquer preparo, sem qualquer projeto, sem qualquer qualificação, para formar de improviso equipe de governo que evidencia sinais internos de desavença e disputa de poder, desagregação e ideia nenhuma na cabeça, exceto torrar o patrimônio público nacional e devotar adoração por Donald Trump. Tudo isso regado a muito autoritarismo, obscurantismo e ignorância a respeito de tudo e em especial de gestão e governança de país, de economia e finanças publicas, de política, de estratégia e de relações internacionais.

O manifesto de Rosa Weber, contudo, é insuficiente para apagar ou compensar sua covardia e de toda corte do STF ao definir anteriormente voto desfavorável ao HC de Lula, sob fútil alegação da necessidade de "privilegiar o colegiado", deixando de afrontar a ameaça contra o STF expressa no Twitter, em 03.04.2018, pelo general Villas Boas, comandadante do Estado Maior do Exército.

Moral da história: o TSE e o STF estão alinhados com o governo Bolsonaro, o qual de há muito só tem feito, pessoalmente e pelos seus filhos deputados, desqualificar e ameaçar todas as instituições democráticas do País, além de lamber os pés do Império.

 

Perda do Core Business

Importante lembrar que o que se avizinha como política de Estado se apresenta como negação do eixo de identidade nacional, a essência da personalidade histórica do País e a forma como nossa indentidade é apresentada ao mundo, a persona do Brasil expressa no texto constitucional. De país que contribui há mais de século para a estabilidade regional, em muitos eventos históricos; e, mais recentemente, como fator de equilíbrio e paz mundial; e, ainda, como protagonista insubstituivel internacionalmente nas questões ambientais,  o novo governo eleito oferece sinais bastante explícitos de alinhamento automático com os EUA, em apoio à sua campanha belicista sedenta de petróleo e à sua total animosidade em relação às questões ambientais.

De hábil negociador entre partes em conflito, que historicamente tem conseguido articular benefícios ao País e também, à comunidade internacional, forum de articulação política e fortalecimento  do Sul, o Brasil passa a negar e a abandonar a tradição moderadora histórica do Itamarati, toma partido e perde sua identidade, sem contar em absoluto, ao fazê-lo, com um estadista hábil como presidente, que possa gerenciar ganhos ao País que possam eventualmente decorrer desse novo movimento; torna-se alvo fácil no jogo de interesses internacionais, e, pior, sem qualquer ganho visível.  

Isso tudo compõe um grosseiro caso de estupidez estratégica de País, sem qualquer paralelo em nossa história, algo que, no curso dos primeiros dez dias após o segundo turno das eleições, provocou ameaça contra o Brasil pelo governo de nosso principal parceiro comercial, a China, país com o qual o Brasil teve superavit cambial estimado preliminarmente em US$ 29 bilhões em 2018. Ameaças também da Liga Árabe de Nações, grupo de 22 países com os quais nosso país teve superavite cambial de US$ 19,5 bilhões em 2015, conforme anúnciono site do Itamarati.

No caso chinês, a ruidosa proclamação do alinhamento automático com os EUA, em sua guerra comercial com a China, por Bolsonaro e seus filhos, além de acusações ao governo de pequim de promover a aquisição de terras no Brasil, camufladas por empresas estatais chinesas.

No caso dos países árabes, a manifestação da intenção de transferência para Jerusalem da embaixada israelense do Brasil, em apoio ao governo de Benjamin Netanyahu que definiu a cidade santa como exclusiva capital do estado de Israel, contrariando a determinação da ONU e o posicionamento do povo palestino e da totalidade dos países árabes.

Assim, sob o ponto de vista de política interna e também externa, o Brasil passa a navegar em zona de total incerteza de que já se pode antever gigantesca perda de receitas de exportações. E tudo isso no susto, sem qualquer estratégia ou projeto subjascente.

 

Crise Econômica Internacional à vista

O quadro econômico internacional é extremamente complexo e sombrio. Não são poucos os especialistas que anteveem para muito breve uma gigantesca crise econômica, ainda mais intensa que aquela de 2007-2008.

Alguns sinais desse furacão já são evidentes. Um deles é a menor remuneração dos títulos de longo prazo da dívida norte americana, do que a remuneração dos títulos de curto prazo, observada nas últimas semanas, demonstrando dificuldades do Tesouro e do banco central dos EUA na rolagem dos títulos de curto prazo.

Outro sinal é o descarte pela Rússia, agora completado, dos títulos da dívida norte-americana nas aplicações das reservas internacionais russas, em favor de aplicações em ouro, bem como o anúncio, pelo governo chinês, de início de processo similar na gestão das reservas internacionais chinesas.    

   

 

Por sua vez, o quadro econômico brasileiro é extremamente preocupante, pois o País carrega ao nível federal, um gigantesco déficit orçamentário, e, em paralelo, as finanças dos Estados estão em estado crítico. O desemprego ultrapassa 12 milhões de pessoas, a economia patina e Paulo Leme, o novo ministro da economia a ser nomeado por  Bolsonaro, promete um ajuste brutal jamais visto no Brasil, medida que elevará o nível de desemprego de forma implacável.

Desde a eleição de Dilma Rousseff, em 2014, o quadro econômico tem se agravado por conta da severa crise política derivada da inaceitação seja do quarto mandato petista que seria conduzido por Dilma Rousseff, de 2015 a 2018, seja de um quinto mandato também petista que seria conduzido por Lula, de 2019 a 2022, caso não tivesse sido preso.

Em um processo judicial especialmente forjado para afastar a principal liderança política do País, a elite brasileira evidencia nua e cruamente seu total desapreço pela democracia e pela Nação, já demonstrado em outras ocasiões no passado. Mas, desta vez não hesitou em levar ao poder um grupo fascista que declaradamente representa grande retrocesso civilizatório. 

No plano internacional, a ascensão desse grupo ao poder no País representa a perda de algum protagonismo a duras penas obtido recentemente, a submissão ao Império e ao jogo dos interesses internacionais.

 

A Falsa Proteção das Reservas Internacionais

Em termos do pensamento econômico tradicional, pode ser dito que a única salvaguarda importante que o Brasil detem é a dimensão das reservas internacionais acumuladas no governo Lula e mantidas no governo Dilma, pois oferecem uma relativa proteção contra ataques cambiais dos abutres do mercado financeiro internacional.

Contudo, a realidade não é bem assim. Não só porque o futuro ministro Paulo Lemos declaradamente pretende torrar parte desses recursos por achá-los desnecessários e dispendiosa sua manutenção, e, ainda, porque uma parte das reservas poderá ser aplicada na modernização dos meios de defesa do País  --  sabidamente insuficientes para fazer frente dissuasóriamente a um ambiente crescentemente hostil -- mas principalmente porque, em termos de estratégia financeira, a aplicação majoritaria das reservas brasileiras em títulos do governo norte americano torna o País extremamente vulnerável à decadência econômica dos EUA e à iminente crise sistêmica que se avizinha.

Muitos países e também organizações e fundos de investimento estão redirecionando suas aplicações abandonando modalidade de aplicações em títulos da dívida norte americana. A Rússia, por exemplo, zerou suas aplicações em títulos da dívida norteamericana redirecionando-as ao ouro. A China inicia o mesmo percurso. Não há notícias a esse respeito sobre Japão e Alemanha, dois detentores de reservas internacionais e entre os maiores aplicadores mundiais em títulos norte americanos. Pouco provável que ambos não estejam buscando diversificar mais amplamente suas aplicações de suas reservas internacionais. 

A aplicação das reservas brasileiras quase que exclusivamente em títulos norte americanos torna o País ainda mais vulnerável à evidente derrocada norte americana, que se expressa também no mercado de câmbio internacional.

Em um ambiente em que o multilateralismo dá lugar a acordos bilaterais, é crescente o número de países que acordam entre si o abandono do dólar norte americano como moeda intermediária nas trocas e passam a utilizar suas próprias moedas nacionais.

Desse modo, o benefício da senhoriagem obtido pelos EUA tende a se reduzir e a agravar as expectativas econômicas e a situação imediata e concreta do triplo déficit norte americano.

Nesse sentido, as perspectivas são muito sombrias para os próximos anos, seja em termos políticos e econômicos, em termos domésticos e internacionais.

Teremos muita sorte se o planeta não submergir em uma ampla guerra, solução useira e vezeira da direita obscurantista mundial para os problemas derivados da repartição e dominação dos mercados e de países do Sul, não solucionados pelas práticas tradicionais  da gestão economia mundial.  

Nesse quadro em especial, o Brasil se encontra grandemente fragilizado, não somente pelo despreparo, pela precariedade intelectual e incapacidade de negociação democrática do presidente eleito, Jair Bolsonaro, e de seu anunciado ministro das relações exteriores, Ernesto Araújo, declaradamente subalterno ao Império, como também pelo fato de a Força Aérea brasileira e a Marinha do Brasil contarem com meios de defesa do País tecnologicamente ultrapassados, bem como pelo fato de o Exército do Brasil estar por inteiro desprovido de baterias e armamentos modernos para defesa anti-aérea.

Getúlio, JK e Lula fazem muita falta nos dias atuais por sua singular capacidade de negociação e visão estratégica. E não há no horizontes substitutos à altura do presente momento, exceto mentalidades toscas e obscurantistas, antidemocráticas e autoritárias, que despresam o Povo Brasileiro e desdenham a premência do resgate da gigantesca dívida social brasileira.

Salve-nos Santos e Guias Protetores da Nação Brasileira ... e em sua ausência, o Acaso ... pois, prossegue o Povo Brasileiro em sua histórica letargia pós-eleitoral, sob a liderança de uma esquerda exclusivamente eleitoreira e dominada por advogados e professores, totalmente perdida e sem saber como dar combate efetivo aos golpistas e emissários do capital financeiro e do império.



Fonte: da Redação JF





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