BRASKEM - Resultado no 1º Trimestre/2020
Resultado Operacional Positivo, spreads seguem prejudicando o financeiro
por Daniel Cobucci, do BB-BI
A Braskem apresentou um trimestre negativo, em nossa opinião. Apesar do maior volume de vendas, tanto de resinas no mercado doméstico, quanto de PP nos EUA e PE na Europa, a queda t/t nos spreads petroquímicos, observada nos mercados americano e europeu, resultaram em menor contribuição para o EBITDA consolidado.
Com isso, o EBITDA frustrou as expectativas, mesmo considerado o aumento t/t nos spreads dos mercados brasileiro e mexicano.
Brasil.
A venda de resinas (PE, PP e PVC) cresceu 4% t/t e caiu 5% a/a, beneficiada pela demanda de setores como construção civil, bens de consumo, embalagens e agronegócio no mercado doméstico, o que compensou a queda nas exportações.
Já a venda dos principais químicos caiu 8% t/t e 19% a/a, também atingida pelo menor volume de exportações (-40% t/t). A taxa média de utilização das centrais petroquímicas ficou em 81%, +3 p.p. t/t e -7 p.p. a/a, impactada por paradas não programadas no Rio Grande do Sul. Pelo aspecto financeiro, o aumento do CPV (+36% a/a) superou o aumento nas receitas (+27%), resultando em um lucro bruto 30% menor a/a.
A queda nas despesas VGA (-41% a/a, devido às menores despesas com Alagoas) contribuiu para diminuir o impacto no EBITDA, que fechou 5% menor a/a na região.
EUA e Europa.
O volume de vendas cresceu 5% a/a e colaborou, junto com a depreciação do real frente ao dólar, para a elevação de 17% da receita líquida. Contudo, conforme mencionado, os menores spreads impactaram o CPV (+23% a/a), levando a um lucro bruto 15% inferior a/a.
Destacamos a redução das despesas VGA, de 45% t/t e 30% a/a, devido à redução de gastos com serviços de terceiros e despesas tributárias. Na conferência para analistas apresentada hoje, a companhia reforçou que o início da nova planta nos Estados Unidos segue previsto para o próximo trimestre.
México.
O volume de vendas se elevou em 3% t/t e 2% a/a, com a maior disponibilidade de PE para venda. A taxa média de utilização das plantas de PE chegou a 86% (+7% a/a e +4% t/t), devido ao maior fornecimento de etano (fruto do projeto de importação do produto).
A receita líquida em reais foi beneficiada pela desvalorização do real e cresceu 2% a/a, apesar da queda do preço do PE no mercado internacional. Com isso, a redução no CPV (-20% a/a, por conta dos menores preços de eteno) somada às maiores despesas VGA em reais (+20% a/a), levou a um EBITDA 7% menor a/a.
Opinião do analista.
Em resumo, este foi um trimestre aquém do esperado, pois apesar da boa performance operacional e de vendas, a redução nos spreads no mercado internacional a/a fez com que o EBITDA recorrente fosse reduzido em 34% em dólares e 61% em reais na comparação anual.
O resultado líquido foi um prejuízo de R$ 3,6 bilhões, por conta de impactos cambiais relacionados à depreciação do real frente ao dólar. A dívida líquida/EBITDA (em dólar, ex Braskem Idesa) aumentou 15% a/a, para 5,9 bilhões e, com a queda ocorrida no EBITDA recorrente, o indicador dívida líquida/EBITDA chegou a 5,8x (ante 4,7x no 4T19 e 2,1x no 1T20).
A companhia mencionou que tem como objetivo chegar a 2,5x como objetivo para o indicador, algo que entendemos como de difícil concretização por depender de uma forte recuperação dos spreads, o que não está em nosso cenário base.
Conforme já anunciado, a companhia reduziu seu guidance de CAPEX em 17%, para US$ 600 milhões. Mantemos nossa recomendação Neutra, com preço-alvo para 2020 de R$ 25,00 para BRKM5.
O cenário para o setor segue desfavorável no curto prazo, dado o ciclo de baixa nos spreads petroquímicos e as incertezas relacionadas à demanda por conta do surto de COVID-19 e seus impactos tanto na economia doméstica quanto global.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do desempenho da BRASKEM no 1º trimestre/2020, elaborado por DANIEL COBUCCI, CNPI, integrante do BB Investimentos.