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Editorial

16 de Junho de 2022 as 14:06:23



EDITORIAL Elevação da SELIC: Lastimável Contribuição Anti-Nacional e Desalmada do BC


 
EDITORIAL
A elevação da Selic, a lastimável contribuição anti-nacional e desalmada do BC ao País
por Wilson R Correa
5ª feira, 16.06.2022
 
Em seu maior nível desde janeiro de 2017, a despeito de inócua no combate à inflação, a SELIC, na verdade, presta-se a remunerar de forma regia, com recursos públicos, os valores e títulos entesourados pelos bancos sob a falsa alegação de seu temor do risco de crédito, de modo a desincentivar a expansão da atividade econômica e o emprego da população, da qual 33 milhões passam fome e 125 milhões convivem com insegurança alimentar.
Campos Neto teria novamente consultado André Esteves, o dono do banco BTG Pactual, sobre qual seria a Selic mais adequada e interessante, tal como já o fez e foi delatado por aquele banqueiro, em outubro/2021 ? (Clique AQUI para lembrar-se) 
 
O Banco Central (BC) continuou a apertar os cintos na política monetária e a deter a retomada da economia brasileira. O Copom elevou uma vez mais a taxa Selic, juros básicos da economia, desta vez em 0,5 ponto percentual, de 12,75% para 13,25% ao ano, nesta 4ª feira, 15.06.2022, em votação unânime dos integrantes do Comitê.
 
Personagens do mercado financeiro declararam-se surpreendidos, pois a nota do BC comunica que a Instituição pretende continuar a elevar a taxa Selic nas próximas reuniões. As apostas eram de que a Selic ficaria em 13,25% até dezembro/2022, enquanto estão a desabar, desde março último, as estimativas de lucros e das cotações das ações de empresas de varejo, na bolsa B3.
 
Esse foi o 11ª reajuste consecutivo da Selic, que atingiu agora seu maior nível desde janeiro/2017. De março a junho/2021, o Copom elevou a taxa em 0,75 pp a cada 45 dias. Desde agosto/2021 passou a aumentar a Selic em 1 pp a cada reunião do Comite. E, de dezembro/2021 a maio/2022, a Selic foi elevada em 1,5 ponto.
 
Durante todo esse período a Petrobras autonomamente acelerou a elevação dos preços dos combustíveis, com base em sua escorchante planilha de custo. E também o mercado de alimentos básicos da população teve seus preços  elevados, como efeito da política desastrada do ministro da Economia que insanamente vendeu  estoques reguladores dos preços alimentos, em poder da CONAB, cuja função sempre foi (1) garantir o suprimento de alimentos às famílias brasileiras a preços assimiláveis, (2) a renda estável aos produtores de alimentos e (3) a estabilidade dos preços dos alimentos; enfim, uma política louvada e consagrada por muitas décadas no País.
 
Assim, a aplicação pelos policy makers tupiniquins das papagaiadas teóricas ensinadas na Universidade de Chicago, nos EUA, e também na London School of Economics, no Reino Unido, fez o barco afundar. Implantados no Ministério da Economia pelo governo dos militares, burocratas dispostos a demolir o Estado Brasileiro fizeram  preços de alimentos e combustíveis decolarem.
 
O desastre deu-se, nesse mesmo período, com a intensa colaboração do BC, que fez oportunisticamente ascender a Selic sob a retórica de deter o avanço da inflação. Oportunisticamente, porque a medida do BC não é absolutamente neutra. Ao contrário, ela deflagra ainda maior concentração de renda no Pais, que já ocupa posto dos mais elevados entre os mais desiguais paises do planeta.
 
No caso dos combustíveis, o desastre teve início no governo golpista de Temer e foi insuflado pelo presidente "I love, Trump", por meio da prerrogativa, concedida à Petrobras, de determinar autonomamente os preços dos combustíveis, antes administrados pelo governo federal, sempre de olho no potencial inflacionário. 
 
Com a decisão desta 4ª feira, 16.06, a Selic continua em ciclo de alta, depois de passar seis anos sem ser elevada. De julho/2015 a outubro/2016, ocasião do golpe de estado, a taxa permaneceu em 14,25% ao ano. Depois disso, o Copom voltou a reduzir os juros básicos da economia até que a taxa chegasse a 6,5% ao ano em março de 2018. A Selic voltou a ser reduzida em agosto/2019 até alcançar 2% em agosto/2020, influenciada pela contração econômica gerada pela pandemia de covid-19,  anunciada pelas autoridades chinesas em dezembro/2019.
 
Esse era certamente o menor nível da série histórica iniciada em 1986. Mas, para que não venhamos a concluir que a Pandemia tenha declinado a rentabilidade oferecida aos bancos pelos títulos da dívida pública em seu poder, remunerados a essa taxa descendente, importante lembrar que foi liberado pelo BC aos bancos o montante de R$ 1,5 Bilhão para a concessão de empréstimos bancários necessários à sobrevivência de micro, pequenas, médias e grandes empresas brasileiras, necessários à manutenção da atividade econômica e do emprego da população.
 
Contudo, os bancos somente emprestaram cerca de R$ 50 Bilhões, 3,5% daquele total. Mantiveram entesourados mais de US$ 1,4 Bilhão, remunerados  pelo BC à taxa Selic, no âmbito das criminosas "operações compromissadas", levadas a cabo por muito tempo sem qualquer amparo legal, um verdadeiro assalto aos recursos públicos, pelo qual as várias diretorias do BC responsáveis deverão um dia responder na justiça. Por essa razão, um novo governo federal, que mereça esse nome, deverá solicitar a demissão da atual diretoria imediatamente á posse presidencial.
 
A Selic tem sido o principal instrumento do Banco Central para alegadamente manter sob controle a inflação oficial. Contudo, em maio/2022, o IPCA Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo alcançou 11,73% no acumulado de 12 meses. Trata-se de uma inflação de preços tradicionalmente administrados pelo governo: energia e combustíveis ... se houvesse algo que merecesse o nome de governo.
 
A queda no preço da energia elétrica, trazida pelo fim das bandeiras tarifárias não deteve a inflação que prossegue pressionada pelos preços dos combustíveis, manipulados pela direção da Petrobras, algo que jamais será contido pela gestão da Selic pelo BC, mas sim pela gestão dos preços dos combustíveis pelo Ministério da Energia/Ministério da Economia/Presidência da República, como se deu ao longo de toda história da Petrobras.
 
De qualquer modo, o nível da inflação está bastante acima do teto da meta fixada em 3,5% pelo CMN para 2022. Todavia, a realidade é outra. No Relatório de Inflação divulgado no fim de março/2022 pelo BC, a autoridade monetária estimava em 7,1% o IPCA de 2022
 
Um novo Relatório de Inflação poderá ser publicado ao final de junho/2022, apresentando índice mais elevado, impulsionado pela escalada de preços internacionais o petróleo. E, agora, também do gás, a partir do corte unilateral de 30% do fornecimento de gás natural pela Bolívia ao Brasil, contratado originalmente em 20 milhões m³ diários, mas, neste mês de junho reduzido em 6 milhões de m³/dia, a serem doravante substituídos por meio de importações de outras procedências, em momento internacional de escalada de preços de hidrocarbonetos, resultante das sanções impostas pelos EUA à Rússia.
 
Assim, as previsões do mercado financeiro a respeito estão pouco pessimistas: o último boletim Focus, divulgado pelo BC, estima que a inflação oficial deva fechar o ano em 9%. Mas, IGP-DI da FGV Fundação Getúlio Vargas aponta inflação de 10,54%, acumulada em 12 meses, até maio/2022.
 
De qualquer modo, os índices de inflação preparados e difulgados da FGV e pelo IBGE escancaram a fragilidade técnica das estimativas do CMN e do trabalho de combate a inflação pelo BC, de forma isolada de políticas na área da economia, de responsabilidade do Ministério da Economia e de outros ministérios.
 
Na verdade, para além da questão inflacionária, de uma maneira mais ampla, trata-se de todo um modelo econômico vencido pela realidade. Esse modelo imposto pela tecnocracia chefiada por Guedes, sob a chancela militar, concebe a presença do setor privado como único investidor e estrategista sócio-econômico; e, nessa condição, choca-se contra o regime democrático e contra a sociedade, que demanda meios para uma vida digna.
 
Esse modelo impõe a essa sociedade o golpe de estado e o autoritarismo para fazer valer o atendimento de seus interesses hegemonistas e acumuladores de capital. 
 
No mundo real, o embate se dá entre o Setor Financeiro -- que busca se apropriar e se apropria insaciavelmente de parcelas crescentes da renda nacional --  e o Nação, mal representada por esse Estado resultante do golpe de estado de 2016, a quem caberia viabilizar trabalho e renda, habitação, saúde, educação e bem-estar; enfim uma vida dígna ao Povo Brasileiro, que é impedida pela ganância dos bancos e rentistas.


Fonte: DA REDAÇÃO JF





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