Conselho Federal de Economia pede fim das altas dos juros
O COFECON Conselho Federal de Economia manifestou-se contra novas altas da Selic, taxa básica de juros da economia, que influencia as demais taxas do mercado.
O COPOM Conselho de Política Monetária do Banco Central reúne-se nas próximas 3ª e 4ª feiras, para definir a taxa pelos próximos 45 dias. A Selic está em 13,25% ao ano, mas analistas de mercado acreditam que a taxa subirá mais, terminando o ano em 13,75%.
No entanto, na avaliação de Paulo Dantas da Costa, presidente do Cofecon, na semana que vem, o Copom deveria manter a Selic no mesmo índice de hoje ou reduzi-la. Para ele, as elevações até aqui foram suficientes, e o momento é de esperar para avaliar o comportamento da inflação.
“Nós não estamos condenando o remédio. A questão é a dosagem”,
afirmou o presidente do COFECON
De acordo com Dantas, as altas da taxa básica de juros trouxeram consequências ruins para a economia e tendem a se aprofundar, caso o movimento continue.
“[Aumentar] seria uma iniciativa descabida, dadas as condições da economia. Acaba inibindo o investimento e resulta em aumento da despesa pública”,
afirmou o presidente do Cofecon. Ele destacou que dados divulgados nesta sexta-feira pelo IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística apontam a retração no investimento.
De acordo com o IBGE, o PIB recuou 0,2% no 1º trimestre deste ano na comparação com o último trimestre de 2014. O índice Formação Bruta de Capital Fixo, que reflete o comportamento do investimento, recuou 1,3%. O consumo das famílias, por sua vez, retraiu-se 1,5%.
Na avaliação de Dantas, o crescimento da economia é um problema mais premente do que a inflação. Ele destacou que as elevações da taxa Selic aumentam os custos dos juros da dívida pública, o que compromete o ajuste fiscal que o governo pretende fazer. O presidente defende também que juros mais altos aumentam a concentração de renda.
“Se o PIB não cresce, ou decresce, a renda de quem produz é nula. Mas o rentista ganha com a alta dos juros”,
disse.
A expectativa do mercado é que a inflação encerre 2015 em 8,37%, e o PIB, com queda de 1,24%. Analistas avaliam que a pressão inflacionária se concentrou principalmente no primeiro trimestre deste ano, devido ao reajuste de preços administrados, como o da gasolina e da energia. No entanto, como esses preços influenciam outros valores da cadeia, a pressão inflacionária ainda não recuou. Para 2016, o mercado já projeta inflação mais moderada, de 5,6%.