Instabilidade externa não afetará gestão da dívida pública, diz Tesouro
O coordenador-geral de Operações da Dívida Pública do Tesouro Nacional, José Franco Medeiros de Morais, disse nesta 2ª feira, 24.08, que a instabilidade no mercado financeiro internacional não deve afetar a gestão da dívida pública federal (DPF).
Segundo Morais, a participação de investidores não residentes na dívida, que poderia ser afetada por essa volatilidade internacional, embora seja relevante, não é crucial para a gestão da DPF.
“Na verdade, 80% da dívida pública federal está na mão de investidores locais, o que é um fator de segurança adicional. Sempre que, por alguma razão, falha a demanda de não residentes, há uma local, que pode perfeitamente compensá-la”,
destacou.
Em relação especificamente à dívida externa, José Franco informou que o Tesouro Nacional não tem necessidade de financiamento externo em 2015, porque já fez um prefinanciamento.
“Toda a dívida que vence em 2015, e parte em 2016, o Tesouro já comprou os recursos em dólar e fez um hedge [espécie de proteção contra oscilações no mercado financeiro]. Portanto, não temos necessidade de financiamento externo”,
afirmou Morais.
De acordo com o coordenador de Operações da Dívida, o Tesouro tem um “colchão de liquidez” [reservas] para as dívidas externa e interna.
“Esse colchão fica entre três e seis meses, de modo que se possa enfrentar as turbulências. Mas posso assegurar que fica no limite superior desse intervalo”,
acrescentou Morais, sem revelar o valor.
O Tesouro Nacional deve evitar fazer emissões externas no momento. Morais disse que, considerando a volatilidade no mercado internacional e o fato de o Tesouro Nacional não ter necessidade de financiamento externo,
“não há razão para se apressar e fazer emissões externas”.
Ele lembrou que o principal motivo para fazer emissões de títulos púbicos no exterior é abrir mercados, sobretudo para empresas nacionais, levando-as a ter bons pontos de referência na curva de juros para as emissões de papéis.
“De forma geral, são papéis de 10 a 30 anos, que estão lá e têm bastante liquidez. Isso não quer dizer que não continue nos planos do Tesouro uma emissão externa.”