Reunião de março do FED volta ao radar dos investidores
Os mercados tiveram mais um dia de ganhos na Europa e na Ásia, com os investidores atentos ao desfecho da reunião do G-20 na China e com a chance de que grandes produtores de petróleo concordem em limitar a produção da commodity.
Em relação à China, contribuiram para o ânimo do mercado as declarações do presidente do banco central, de que o país ainda tem espaço e ferramentas (fiscais e monetárias) para estimular a economia sem ter que fazer uso de desvalorizações de sua moeda.
Mais tarde, na Europa, indicadores de inflação decepcionaram mais uma vez, o que torna muito provável novas rodadas de estímulo por parte do BCE na reunião de março.
Na Alemanha, o índice de preços ao consumidor referente ao mês de janeiro foi de 0,4%, e apesar de ter sido maior que o indicador de dezembro (-0,8%), ficou aquém da expectativa de 0,5%.
Na França, a situação se repetiu. O dado efetivo foi de 0,2%, ante expectativa de 0,4%. O índice FTSE-100 (Londres) fechou em alta de 1,38%, e o DAX fechou em alta de 1,95%.
Já nos EUA, os indicadores das contas nacionais de 2015 vieram acima do consenso de mercado, surpreendendo os mais pessimistas. O PIB do quarto trimestre subiu 1,0%, acima das expectativa de 0,7%. O dado mais surpreendente foi o núcleo de inflação (exceto energia e alimentação), que subiu 1,7%, contra 1,4% na leitura anterior, e portanto, bem mais próximo da meta do Federal Reserve, de 2,0%. O Dollar Index, medida ponderada da moeda americana frente a outras seis moedas, subiu 0,83%. As bolsas em Nova Iorque fecharam em leve baixa.
Bovespa
O Ibovespa iniciou a sessão em alta, acompanhando a alta das bolsas na Europa. A divulgação dos indicadores americanos, enquanto as bolsas ainda estavam fechadas por lá, manteve as bolsas em território positivo, mas à medida que a abertura em Nova Iorque se aproximava, ficou claro que os investidores vão precisar de mais tempo para buscar sinais sobre os próximos passos do FED.
Assim o Ibovespa migrou para o território negativo no início da tarde, firmando baixa com BRF, que divulgou resultado antes da abertura e caiu 7,68%. As empresas educacionais, que divulgam resultados na próxima semana, foram destaque na alta: (KROT3; R$ 9,46; 3,84%); (ESTC3; R$ 12,38; 3,6%).
No final, o índice fechou em baixa de 0,70%, a 41.593 pontos. No último dado disponível, a Bovespa teve saída de capital externo de R$ 82,56 milhões na quarta-feira (24), quando o Ibovespa teve baixa de 1,03%. O saldo de recursos externos segue positivo em R$ 1,834 bilhão, assim como no acumulado do ano, em R$ 1,66 bilhão.
Câmbio e Juros Futuros
O dólar, em um dia típico de formação de taxa PTAX, teve forte alta na parte da manhã, quando é definida a taxa para o mês. Na reabertura às 14h30, a moeda perdeu força e devolveu parte dos ganhos, fechando em leve alta de 0,93%, a R$ 4,00.
Os juros futuros operaram estáveis apesar da alta do dólar, refletindo uma cautela dos investidores antes da reunião do Copom, que acontece na semana que vem. Outro fator explicativo para a estabilidade foi a divulgação da entrada em vigor, em abril, do regime tarifário de bandeira verde, que reduz a cobrança extra na conta de energia e que vai contribuir para queda dos preços administrados.
Ao término da negociação regular, o contrato de DI para abril de 2016 fechou em 14,16%, de 14,15% no ajuste anterior (0,06%). O DI para janeiro de 2017 terminou inalterado em 14,23%, enquanto o DI para janeiro de 2021 fechou estável em 15,73%, de 15,72% (0,06%).
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 6ª feira, 26.02, elaborado por FÁBIO CESAR CARDOSO, CNPI-P, analista de investimentos do BB INVESTIMENTOS.