Relatório FOCUS - 29.02.2016
O grande destaque do relatório semanal Focus do Banco Central, com as projeções de mercado (mediana), em relação à semana anterior, foi a redução da expectativa de inflação (IPCA) para 2016, que desacelerou para 7,57% (7,62% antes), após escalar oito semanas consecutivas.
Em seguida, pode-se ressaltar a manutenção do PIB para 2017 em +0,50%, depois de cinco semanas seguidas decaindo.
Considerações
- O PIB de 2016 recuou para -3,45% (-3,40% antes), ainda contaminado pelo carregamento negativo de 2015, com estimativas indicando agora contração de 3,9% no crescimento do ano passado. Já para 2017, houve uma trégua na tendência minguante, mantendo uma expansão de +0,5%.
- O IPCA recuou para 2016, com os modelos adotados pelos agentes influenciados por uma perspectiva de redução de preços de energia elétrica, que deixará de ter a chamada “bandeira vermelha” a partir de abril próximo, além da consideração de retração do PIB. Para 2017, o dado permaneceu, pela terceira semana seguida, no teto da banda superior estipulada, em 6,00%.
- A taxa de juros Selic ficou em 14,25% a.a. para 2016, com o mercado aguardando a decisão do Banco Central na próxima quarta-feira, dia 2 de março. A expectativa para 2017 se ajustou mais ao crescimento esperado, declinando para 12,50% a.a. (12,63% a.a. antes).
- A taxa de câmbio (fim de período) ficou “de lado” em R$4,35 (R$4,36 antes) para 2016 e inalterado em R$4,40 para 2017.
O CDS (Credit Default Swap - fonte: CMAN) de 5 anos do Brasil (derivativo - medida de risco-país) fechou em 461 pontos na 6ª feira (26/fev), variando -12 pontos ante os 473 pontos da sexta-feira anterior (19/fev). O CDS registrou máxima de 539 pontos (28/09/15) nos últimos 12 meses.
No cenário doméstico, as piores projeções exteriorizadas pelos agentes parecem já estar incorporadas e revelam não estar ganhando forças, neste momento. O panorama externo deverá prevalecer.
Nos EUA, o Fed decidirá sobre a taxa de juros no próximo dia 17 de março. Existe uma dicotomia, visto que por um lado a melhoria dos recentes dados de crescimento, de emprego e de inflação denotam maior consistência no avanço da economia norte-americana, mas, por outro sugerem que o órgão poderá manter sua proposta anterior de quatro elevações da taxa ao longo deste ano - fato antagônico ao mercado.
Na China, o índice da bolsa de Xangai já registra perda de 24% no ano e o governo tenta levantar o humor dos investidores através de medidas pontuais. Todavia, os agentes estão preocupados com possível desvalorização da moeda chinesa (yuan), que afetaria as demais economias pelo mundo e, sobremaneira, os países emergentes.
Vale lembrar que no último dia 24 de fevereiro, a agência internacional de rating Moody’s rebaixou para não grau de investimento a nota soberana do Brasil, com queda de dois degraus (Baa3 para Ba2), mantendo a perspectiva negativa.
Esta alteração igualou a classificação ao mesmo patamar da agência S&P. A mudança já era de certa forma esperada pelos agentes, estando basicamente precificada pelo mercado.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do BOLETIM FOCUS, de 29.02.2016, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, analista de investimentos do BB INVESTIMENTOS