2016: IPCA baixou, taxa Selic inalterada e PIB desceu;
2017: IPCA e taxa Selic mantidos, mas, PIB diminuiu
Os agentes econômicos consideram que a economia já tocou no “fundo do poço” e precificam que poderá ocorrer uma progressiva e lenta recuperação do cenário econômico do Brasil
No relatório semanal Focus do Banco Central, com as projeções de mercado (mediana), destaque para a tendência descendente do IPCA (inflação ao consumidor) para 2016, que recuou pela terceira semana consecutiva. Já para 2017, pela quarta semana seguida, os dados sofreram tão somente pequenas correções, mas, sem variar inflação e juros.
No momento, pelos números divulgados pelo Banco Central e pelo IBGE, ainda se verifica um transitório quadro recessivo. A conjuntura evolutiva de desemprego e a trajetória cadente para a inflação prosseguiram expandindo a possibilidade do início de um ciclo de baixa de juros pelo Bacen ocorrer ainda no segundo trimestre deste ano – fato que poderia desencadear uma percepção favorável e induzir uma arrancada positiva dos demais indicadores macroeconômicos. Em “economês”, já propiciaria continuidade da ascensão da recuperação em “U”.
Ao longo desta semana, o desenrolar do contexto político deverá ser acompanhado atentamente pelos agentes.
- Veja também o Relatório BB BI de Renda Fixa (28.03.2016)
No cenário internacional, uma revisão do PIB 4T15 dos EUA mostrou crescimento de 1,4%, acima do 1,0% anunciado anteriormente – que também era a expectativa de mercado. O consumo das famílias avançou 2,4%, superior ao 2,0% informado previamente.
Na próxima 6 feira, 01.04, será divulgado o payroll (criação de vagas na economia) nos EUA e nesta 2ª feira, 28.03, o núcleo do PCE, que é a inflação monitorada pelo Fed para possível alta de juros.
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Considerações
Em síntese, o mercado vem gradualmente inferindo melhorias para o País, excetuando o caminho de declínio do PIB para 2016 e, agora, também para 2017.
Neste momento, os agentes consideram que a economia já tocou no “fundo do poço” e precificam que poderá ocorrer uma progressiva e lenta recuperação do cenário econômico do Brasil. Inegavelmente, um choque, interno ou externo, que causasse uma comutação estrutural, poderia remodelar o atual panorama estimado.
- [a estimativa d] O PIB para 2016 declinou pela décima semana, para -3,66% (-3,60% antes), e baixou a +0,35% (+0,44% antes) para 2017.
- [a estimativa d] O IPCA decaiu a 7,31% (7,43% antes) para 2016 – terceira baixa semanal consecutiva. Predominaram a perspectiva dos agentes de continuidade da contração econômica, traduzido por um maior “hiato do produto” esperado, em conjunto com uma menor desvalorização cambial presumida. Para 2017, pela sétima semana contínua, permaneceu no teto da banda superior estipulada, em 6,00%.
- A taxa de juros Selic ficou em 14,25% a.a. para 2016, pela oitava semana sucessiva, e em 12,50% a.a. para 2017.
- [a estimativa d] A taxa de câmbio (fim de período) recuou a R$4,150 (R$4,20 antes) para 2016 e para R$4,20 (R$4,30 antes) para 2017.
O CDS (Credit Default Swap - risco-país - fonte: CBIN) de 5 anos do Brasil foi a 395 pts na sexta-feira (25/mar), ajustando 29 pts para cima na semana, ante os 366 pts de 18 de março.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do BOLETIM FOCUS do BACEN, elaborada por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, analista de investimentos do BB INVESTIMENTOS