Apostas em retração da Meta Selic, mesmo com viés inflacionário em 2016. Para 2017, permanece tom otimista.
23 de maio de 2016
No relatório semanal Focus do Banco Central, com as projeções de mercado (mediana), o grande destaque ficou por conta da retração da meta da taxa Selic, bem como da taxa de câmbio, tanto para este ano quanto para o próximo, denotando a manutenção da gradual melhora do cenário, não ofuscada pelo aumento da projeção de certa pressão inflacionária de curto prazo.
- O PIB para 2016 tornou a apresentar melhora, chegando a -3,83% (-3,88% antes). Já para 2017, o crescimento ficou estável em +0,50%.
- O IPCA elevou-se marginalmente, a 7,04% para 2016 (ante 7,00 anteriormente). Para 2017, permaneceu inalterado em 5,50%.
- A taxa de juros Selic retraiu para 12,75%, ante 13,00% para 2016, e também recuou de 11,50% (11,75% a.a. antes) para 2017.
- A taxa de câmbio (fim de período) também recuou para R$ 3,67 ante R$ 3,70 para 2016 e para R$ 3,88 ante R$ 3,90 para 2017.
Considerações:
O cenário dos agentes para 2016 sinalizou uma leve melhora, com as estimativas para os principais indicadores apresentando evolução, com exceção da inflação.
Já para 2017, o otimismo permanece, na medida em que apenas um indicador, o IPC-Fipe apresentou piora nas projeções, com os outros 14 mantendo-se nos mesmos patamares ou mostrando melhora.
Destacamos mais uma retração na taxa Selic, para 11,38%.
Em mais uma semana observamos a retração das estimativas de mercado na meta da taxa Selic para 2016, agora para 12,75%. Este dado, em uma primeira análise, gera controvérsia em um cenário de inflação ainda considerada alta (excedendo o limite da banda superior, de 6,5%), porém entendemos que o mercado está considerando uma aposta mais expansionista por conta da autoridade monetária, visando a um estímulo à economia, mesmo com um ônus inflacionário.
Corroborando este cenário, o PIB avançou, sendo estimado um recuo de 3,83% ante 3,88% na semana anterior.
O IPCA, assim como todos os outros indicadores de inflação, mostra avanço, em uma clara preocupação por parte dos agentes de que a pressão inflacionária ainda não dá sinais tão claros de arrefecimento, especialmente, após a divulgação na semana passada do IPCA-15, em 0,86% – o maior para um mês de maio em mais de 20 anos.
Fonte: BACEN; elaboração: BB-BI
**Mediana das expectativas de Mercado
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1 Obs: dados finais poderão sofrer ajustes finos, conforme revisões posteriores divulgadas.
Abaixo, estimativas para os indicadores no princípio de 2015 e os números efetivamente realizados naquele ano:
- IPCA: início de 2015 em 6,56%, versus realizado em 10,67%; (maior)
- Taxa de câmbio – final de período (R$/US$): início de 2015 em R$2,80; versus realizado em R$3,9610; (maior)
- Taxa Selic: início de 2015 em 12,50% a.a.; versus realizado em 14,25% a.a.; (maior)
- Produção Industrial: início de 2015 em +1,04%; versus realizado em -8,30%; (menor)
- PIB (% crescimento): início de 2015 em +0,50%; versus realizado em -3,80%; (menor)
Confira no anexo a íntegra da análise do BOLETIM FOCUS, elaborada por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, JOSÉ ROBBERTO DOS ANJOS, CNPI-P, RAFAEL REIS, CNPI, e RENATO ODO, CNPI-P, todos do BB INVESTIMENTOS