Boletim Focus - 11.07.2016
No relatório semanal Focus, do Banco Central, as projeções de mercado (mediana) destacaram:
(i) a continuidade do movimento visto na semana passada, de arrefecimento nas estimativas da inflação,
(ii) a retração significativa do câmbio pela segunda semana consecutiva,
(iii) a manutenção da Selic (meta) tanto para 2016, como para 2017, assim como
(iv) mais uma elevação na projeção do PIB para 2016.
Em nossa análise, a gradual melhora de praticamente todas as projeções corrobora com a nossa visão de que o 1T16 representou o vale deste ciclo econômico.
O PIB 2016 voltou a elevar-se, agora negativo em 3,3%, e alinhou-se ao número próximo à projeção oficial do governo, revista há 2 semanas atrás no Relatório Trimestral de Inflação.
Para 2017, manteve-se inalterado em +1%. Ainda que a lentos passos, a tendência de consecutivas revisões para cima dão sinais de melhora.
Após uma sequência de alta que já durava 6 semanas, a inflação (IPCA) projetada tanto para 2016, quanto para 2017, retraiu-se na semana passada, e manteve esse movimento de reversão, com mais um recuo nas projeções desta semana.
Segundo nossa leitura, o número para 2016, atuamente em 7,26%, também caminha para um patamar mais próximo ao divulgado no RTI, de 6,9%, devendo ser favorecido pela recente desvalorização do dólar, que é um importante componente inflacionário.
Embora na semana passada a atuação do Bacen nos leilões de swap cambial reverso tenha dado impulso ao dólar, que subiu fechando um gap a R$ 3,30, e oscilou entre esta faixa e R$ 3,35, as projeções do mercado retraíram-se significativamente pela segunda semana consecutiva, buscando ajustarem-se ao que indica ser o patamar confortável da nova gestão do Bacen.
Apenas a Selic permanece em compasso de espera, e não alterou-se nos dois horizontes de projeção. O mercado ainda aposta em um corte de 100 bps para esse ano, enquanto o IPCA de junho, divulgado na última sexta-feira, que trouxe um número ligeiramente abaixo da mediana das projeções, pode ser um indício de que a autoridade monetária possa iniciar o ciclo de cortes já na reunião de agosto. Isso dependerá de que os próximos indicadores de inflação continuem corroborando o esfriamento desta.
Síntese
- O PIB para 2016 retomou o movimento de alta (-3,30% contra -3,35% na semana anterior). Para 2017, manteve-se inalterado pela quarta semana (+1%);
- O IPCA arrefeceu a 7,26% (7,27% antes) para 2016, mantendo o movimento de retração. Para 2017, também cedeu, de 5,43% para 5,40%.
- A Selic, tanto para 2016 como para 2017, ficou estável em 13,25% e 11%, respectivamente.
- A taxa de câmbio (dólar) sofreu significativa correção, cedendo de R$ 3,46 para R$ 3,40 em 2016, e de R$ 3,70 para R$ 3,55 em 2017.
- O CDS (Credit Default Swap - risco-país - fonte: CBIN) de 5 anos do Brasil fechou aos 309 pts na sexta-feira, 08 de julho, uma importante baixa ante os 342 pts do dia 24/06.
Confira no anexo a íntegra do estudo sobre o Boletim Focus, do Banco Central, datado de 11.07.2016, elaborado por RAFAEL FREDA REIS, CNPI, analista de investimentos do BB INVESTIMENTOS.