Da presidência da Câmara à prisão:
Relembre a trajetória política de Eduardo Cunha
O deputado cassado Eduardo Cunha foi preso em 19.10, em Brasília, no âmbito da Operação Lava Jato. O pedido de prisão preventiva do ex-presidente da Câmara dos Deputados foi emitido pelo juiz Sérgio Moro, que conduz as investigações da Lava Jato, na primeira instância.
Cunha é personagem de importantes acontecimentos políticos ocorridos desde o início de 2015, quando foi eleito presidente da Câmara dos Deputados. De lá pra cá, foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por lavagem de dinheiro e corrupção ativa, aceitou o pedido de impeachment contra Dilma Roussef, renunciou ao cargo que ocupava, teve o mandato de deputado cassado e foi preso.
Relembre os principais acontecimentos da trajetória política do ex-deputado nos últimos dois anos:
1) Fevereiro de 2015: Eleição para presidente da Câmara
Deputado Eduardo Cunha é eleito presidente da Câmara
Eleito com 267 votos, Eduardo Cunha derrotou em primeiro turno o candidato Arlindo Chinaglia (PT-SP), que obteve apenas 136 votos. Com uma campanha montada em cima da insatisfação da base aliada do governo, Cunha, após a eleição, começou um processo de distanciamento e enfrentamento com o governo.
2) Julho de 2015: Rompimento com o governo e denúncias
O presidente da Câmara anunciou o rompimento com o governo Dilma Rousseff e disse que passaria a integrar as fileiras da oposição. Neste momento, o nome de Cunha apareceu envolvido em suspeitas de negócios ilícitos envolvendo contratos de empresas com a Petrobras e existência de contras secretas no exterior em seu nome.
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, incluiu o nome de Cunha em uma lista de políticos suspeitos de integrar o esquema de corrupção e pagamento de propina envolvendo a Petrobras e investigados na Operação Lava Jato.
3) Outubro de 2015: Representação contra Cunha no Conselho de Ética
Uma representação do PSOL e da Rede, endossada por parlamentares do PT, PSB, PPS, PROS e do PMDB, pediu a cassação do mandato de Cunha, dizendo que ele mentiu em depoimento à CPI da Petrobras, em março, quando negou que tivesse contas no exterior.
A representação foi fundamentada em documento enviado ao PSOL pela Procuradoria-Geral da República (PGR), após um pedido formal do partido. Os papéis já apontavam a titularidade de Cunha nas contas bancárias secretas na Suíça.
4) 2 de dezembro de 2015: Cunha aprova pedido de impeachment
Horas depois de o PT retirar o apoio a Eduardo Cunha no Conselho de Ética, que já analisava a representação que pedia sua cassação, Cunha aprovou o pedido de impeachment apresentado pelos juristas Hélio Bicudo, Miguel Reale Júnior e Janaina Paschoal. O gesto foi apontado por petistas como uma clara retaliação pela perda do apoio no conselho.
5) 16 de dezembro de 2015: Janot pede ao STF afastamento de Cunha do mandato
O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, pediu ao Supremo Tribunal Federal que afastasse Cunha de seu cargo. Para justificar o pedido, Janot citou 11 fatos que comprovavam que Cunha usava o mandato de deputado e o cargo de presidente da Casa para intimidar colegas, réus que assinaram acordos de delação premiada e advogados.
6) 5 de maio de 2016: Cunha é afastado do mandato
Ministro do STF, Teori Zavaski, pediu a inclusão do advogado Edson Ribeiro, no lista de “alerta vermelho” da Interpol
O ministro Teori Zavascki, relator da Operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, determinou o afastamento de Eduardo Cunha do mandato de deputado federal e, em consequência, da presidência da Câmara.
O ministro atendeu a pedido do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que apresentou denúncia acusando Cunha de tentar interferir na condução das investigações da Operação Lava Jato.
7) 7 de julho de 2016: Eduardo Cunha renuncia à Presidência da Câmara
Em leitura da carta de renúncia, Cunha disse que cedeu aos apelos generalizados de seus apoiadores. O deputado disse que era alvo de perseguição por ter aceito a denúncia que deu início ao processo de impeachment de Dilma Rousseff.
8) 12 de setembro de 2016: Cunha tem o mandato cassado
Eduardo Cunha é cassado
O plenário da Câmara dos Deputados aprovou por 450 votos a favor, dez contrários e nove abstenções a cassação do mandato do deputado afastado Eduardo Cunha. Com o resultado, Cunha perdeu o mandato de deputado e ficou inelegível por oito anos, mais o tempo que lhe resta da atual legislatura.
Com a cassação do mandato e o fim do foro privilegiado, os dois processos contra Cunha que tramitavam no STF foram transferidos para a Justiça Federal no Paraná e ficaram a cargo do juiz Sérgio Moro, responsável pela Lava Jato na primeira instância.
9) 19 de outubro de 2016: Cunha é preso
Cunha é preso
O deputado cassado Eduardo Cunha foi preso em Brasília no âmbito da Operação Lava Jato. O pedido de prisão preventiva do ex-presidente da Câmara dos Deputados foi emitido pelo juiz Sérgio Moro, que conduz as investigações da Lava Jato, na primeira instância.
Entre os argumentos utilizados para justificar o pedido de prisão de Cunha, a força-tarefa de procuradores da Lava Jato afirmou que a liberdade do ex-deputado representava risco às investigações.
*Com informações da Agência Brasil