Relatório Focus de 26.12.2016
Inflação e crescimento do PIB seguem tendência de esfriamento.
No relatório semanal Focus do Banco Central, que traz a mediana das projeções de mercado, a inflação ao consumidor (IPCA) para 2016 recuou pela sétima semana consecutiva, agora para 6,40%. Já para 2017, a estimativa de crescimento diminuiu pela décima semana seguida, baixando para 0,50%, de 0,58% anterior.
Em nossa visão, mais uma vez, esses dois indicadores dão mais suporte para o Banco Central prosseguir cortando a taxa básica de juros (Selic), em sua próxima e primeira decisão em 2017, agendada para 11 de janeiro.
IPCA-15 reitera apostas em corte expressivo. A divulgação na semana passada do IPCA-15 abaixo do esperado (0,19% vs 0,29% na mediana das estimativas) foi o grande destaque positivo na agenda doméstica, e pode ter pavimentado o caminho para um corte mais vultoso na Selic, ao sugerir uma possível mitigação de uma das mais atuais preocupações do BC: a inflação dos serviços.
Acreditamos neste momento, alinhados à maioria do mercado (70% de probabilidade implícita na curva de juros), em um corte de 50 pontos, entendendo que mesmo que o espaço para um corte mais agressivo exista – justificável não apenas pelo arrefecimento firme da inflação, mas pela incessante contração da atividade econômica – o colegiado irá optar por um movimento mais parcimonioso, dadas as dúvidas externas, em especial àquelas associadas à posse de Donald Trump na presidência dos EUA.
PIB decaiu.
A perspectiva de retomada econômica segundo os agentes vai deteriorando gradativamente, emplacando a décima leitura consecutiva de recuo, vindo de +1,30% em meados de outubro para o atual +0,50.
Na semana passada o Relatório Trimestral de Inflação (RTI) trouxe a nova estmativa do Bacen: 0,8% - um pouco mais próximo do potencial a ser de fato realizado, comparado ao 1% esperado atualmente pelo Ministério da Fazenda.
Câmbio sofreu mínimos ajustes.
Sem grandes impactos, o câmbio manteve suas projeções tanto para 2016 quanto para 2017 praticamente inalteradas. Segundo nosso entendimento, haverá espaço para uma retomada nas quedas destas projeções, uma vez dissipados os maiores temores com as medidas protecionistas anunciadas por Trump em sua campanha, dada a difícil sustentação deste discurso bem como sua efetividade.
Síntese:
► O IPCA para 2016 diminuiu para +6,40% (+6,49% antes) – e para 4,85% (4,90% antes) para 2017.
► A taxa Selic permaneceu em 10,50% para 2017, após findar em 13,75% em 2016.
► A taxa de câmbio cedeu a R$3,37 (R$3,38 antes) para 2016 e subiu a R$3,50 para 2017 (R$ 3,49 antes).
► O PIB para 2016 recuou a -3,49% (-3,48% antes). Já para 2017, arrefeceu para +0,50% (+0,58% antes) e manteve sua tendência de gradual arrefecimento pela 10ª semana consecutiva.
► O CDS (Credit Default Swap) brasileiro de 5 anos (CBIN) fechou aos 283 pts na 6ª feira, 23.11, caindo 10 pts em relação aos 293 pts do final da semana anterior.
Confira no anexo a íntegra do relatóriod de análise do Relatório Focus de 26.12.2016, elaborado por Rafael Reis, CNPI-P, do BB Investimentos