Diário de Mercado na 3ª feira, 27.12.2016
Rafael Reis, CNPI-P
Dado favorável do setor industrial chinês impulsiona commodities e anima setor siderúrgico doméstico Resumo do dia. Dado animador da economia chinesa divulgado nesta madrugada de segunda para terça impulsionou a cotação de diversas commodities nos mercados internacionais, o que propiciou boa performance das ações de empresas a estas expostas.
No retorno do feriado prolongado dos EUA, o dólar valorizou-se ligeiramente ante outras moedas e os juros oscilaram sem direção definida, em um mercado de reduzida liquidez. Domesticamente, divulgação do déficit primário do setor público não mexeu o mercado, em dia que marcou a sanção da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) para 2017, cuja meta de déficit primário já havia sido estipulada em R$ 139 bilhões.
Mercado de Ações.
Com a reabertura dos mercados dos EUA, a sessão desta 3ª feira contou com um volume transacionado um pouco mais elevado, mas ainda baixo.
Favorecido pela performance de ações do setor siderúrgico, que refletiram positivamente o dado dos lucros industriais chineses, mas penalizado pelo recuo das ações do setor financeiro, o índice Bovespa (IBOV) encerrou o dia próximo à estabilidade.
Ao final do pregão, o benchmark findou aos 58.696 pontos (+0,13%), movimentando no mercado à vista, preliminarmente R$ 3,37 bilhões.
Agenda Econômica.
Internamente, o déficit primário consolidado do setor público não-financeiro atingiu R$ 39,1 bilhões em novembro, ligeiramente abaixo da leitura de outubro (R$ 39,6 bilhões) mas maior do que a mediana das projeções de mercado (R$ 37,2 bilhões).
Na decomposição do dado, observou-se que o governo central respondeu por um déficit de R$ 39,9 bilhões enquanto os governos regionais e estatais apresentaram superávits de R$ 421 milhões e R$ 314 milhões respectivamente.
Em nossa visão, a atual trajetória de elevação da dívida deve permanecer pelo menos ao longo do ano de 2017. Ainda que medidas de austeridade como a já aprovada PEC dos gastos, bem como vindouras – sendo a mais notória a reforma da previdência – possam vir a trazer alívio aos cofres públicos, o elo fraco encontra-se no campo da arrecadação.
Para este, com o corrente esfriamento da atividade econômica, cuja retomada requer novas injeções de confiança de empresários e consumidores, bem como a dissipação de algumas incertezas no campo político, o cenário aponta para uma recuperação lenta.
Na China, os lucros industriais surpreenderam ao acelerar de 9,8% em outubro para 14,50% em novembro no comparativo ano contra ano. Após temores de desaceleração brusca (hard landing), e uma consequente queda aguda na demanda por commodities, a China vem conseguindo, por meio de estímulos do governo local e intervenções no mercado de câmbio, manter um ritmo satisfatório de atividade.
O dado desta 3ª feira impulsionou cotações – especialmente das commodities metálicas – ao reiterar a resiliência do gigante asiático, que ajusta-se gradualmente, após anos de crescimento vigoroso, ao que vem sendo chamado de “novo normal”, um crescimento moderado porém sustentável da segunda maior economia do mundo.
Juros.
O mercado de juros observou estabilidade com ligeiro viés de recuo em sua majoritária extensão, mais uma sessão marcada pela ausência de volume.
Dólar e CDS.
Redundantemente, a divisa norte-americana findou os negócios nesta terça-feira próxima à estabilidade perante o real. Apesar da reabertura do mercado norte-americano ter trazido elevação da moeda perante diversos pares no mercado internacional, com o real, tal movimento não se materializou.
A cotação da paridade findou a R$ 3,2750 (-0,09%). O CDS (Credit Default Swap) brasileiro de 5 anos (CBIN) fechou aos 282 pontos, inalterado ante a 2ª feira.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado nesta 3ª feira, 27.12.2016, elaborado por Rafael Reis, CNPI-P, do BB Investimentos.