Diário de Mercado na 4ª feira, 28.12.2016
Com agenda esvaziada, bolsa brasileira encontra espaço para forte alta no penúltimo pregão do ano
Rafael Reis, CNPI-P,
do BB Investimento
Resumo do dia.
O bom humor verificado na véspera, com dados da economia chinesa trazendo valorização a commodities metálicas manteve continuidade na sessão desta quarta-feira, impulsionando a bolsa.
Com agenda fraca tanto interna quanto externamente em meio à semana de hiato entre o Natal e o Ano Novo, dólar e juros apenas oscilam sem maiores direcionadores.
No front político, em face da proposta de alivio às finanças dos estados, as crescentes expectativas de um provável veto presidencial à proposta de reforma fiscal aprovada na câmara se confirmaram.
Mercado de Ações.
Hoje foi a vez da bolsa de Londres reabrir após feriado prolongado, o que evidenciou, com suas gigantes da mineração em significativa valorização, o viés positivo com as commodities metálicas. Por aqui, não diferente, a Vale foi uma das protagonistas de performance do dia, mas dividindo os holofotes também com o setor financeiro.
Ao término do pregão o índice Bovespa (IBOV) encerrou o dia aos 59.781 pontos (+1,85%), rumando para o término no ano na casa dos 60 mil pontos, em uma das melhores performances mundiais no mercado de renda variável no ano de 2016.
O movimento financeiro, como esperado foi fraco, da ordem de R$ 4,07 bilhões preliminarmente no mercado à vista.
Agenda Econômica.
Internamente, sem dados relevantes na agenda, o destaque veio do front político, com a confirmação do veto do presidente à proposta de renegociação fiscal dos estados da União. A proposta, cujo teor foi modificado em votação na Câmara dos deputados e se tornaria mais flexível no tocante às medidas de austeridade exigidas pelo governo federal dos estados, gerou desconforto suficiente para que fosse, nesta 4ª feira, vetada.
Apesar da ressalva presidencial com o programa de recuperação fiscal, o programa de renegociação de dívidas, no entanto, foi sancionado. Em um ato considerado positivo pelo mercado, sinaliza concomitantemente o comprometimento do poder executivo com o ajuste fiscal em curso, além de denotar uma manobra que evita o desgaste de negociações diretas com cada unidade federativa, o que aconteceria em caso de veto total.
Nesta semana atipicamente pouco movimentada são aguardados ainda para quinta-feira os dados da criação de empregos formais na economia pelo CAGED (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), cuja mediana das projeções aponta para o fechamento de 72 mil vagas em novembro, evidenciando o ainda fraco mercado de trabalho.
Referendando o panorama, também para a data, a média móvel da taxa de desemprego nacional do trimestre terminado em novembro é estimada em 11,90%. Também merecerá destaque a inflação medida pelo IGP-M (FGV).
Juros.
O mercado de juros observou em mais uma sessão marcada pela ausência de volume, um viés de estabilidade.
Dólar e CDS.
Descolando-se do mercado de juros, e contrariando o movimento esperado para um dia de forte alta na bolsa, a divisa norteamericana avançou, ainda que timidamente, perante o real, em movimento atribuído a compras pontuais no mercado futuro.
A cotação da paridade findou a R$ 3,2843 (+0,28%). O CDS (Credit Default Swap) brasileiro de 5 anos (CBIN) fechou aos 280 pontos, ante 282 pontos na 3ª feira.