Diário de Mercado na 3ª feira, 03.01.2017
Viés de resiliência industrial no exterior possibilita sessão animada no mercado doméstico
Hamilton Moreira Alves, CNPI-T
Rafael Reis, CNPI-P
Resumo do dia.
Com o retorno dos mercados europeu, norte-americano e parte do asiático do feriado prolongado, esta terça-feira marcou a primeira sessão considerada relevante de 2017. Dados econômicos de impacto moderado, especialmente no âmbito externo de performances industriais vieram favoráveis, e levaram a bolsa brasileira a movimentar-se com viés de euforia. Tais reflexos, também, embora em menor extensão, foram sentidos nos mercados de câmbio e juros.
Mercado de Ações.
Com volume já mais próximo do considerado normal – em oposição aos dias anteriores – por conta do retorno dos estrangeiros, a bolsa brasileira ganhou fôlego comprador e valorizou-se significativamente.
O índice abriu em trajetória ascendente e consumou o ganho no dia até por volta das 14h – a partir daí ficou oscilando ao redor dos 61.500 pts, tornando a ampliar a alta na meia hora final.
Capitaneada pela Petrobras (PETR4: R$ 15,50; +5,73%; PETR3: R$17,58; +6,35%) , que refletiu noticiário acerca do cumprimento do corte de produção acordado pela Opep, e pela Vale (VALE5: R$ 24,11; +5,51%; e VALE3: R$ 26,17; +4,43%), alavancada por dados da China, o índice também favoreceu-se de altas generalizadas em quase todos os setores, findando a sessão regular aos 61.813 pontos (+3,73%), com o giro financeiro da Bovespa em R$ 7,45 bilhões, sendo que o volume à vista de totalizou R$ 7,15 bilhões.
Agenda Econômica.
Ainda na madrugada de segunda para 3ª feira, o PMI industrial medido pela Caixin Media na China avançou para 51,9 em dezembro, ante 50,9 em novembro, perfazendo o quinto mês acima do limite de expansão econômica (maior que 50). O dado reforçou nossa percepção que o gigante emergente acomoda-se gradualmente ao que é conhecido no mercado como “novo normal” chinês, com crescimento menor ao visto no superciclo das commodities mas ainda forte e com sustentabilidade.
O índice de atividade industrial medido pelo ISM (Institute for Supply Management) elevou-se de 53,2 em novembro para 54,7 em dezembro, superando a média das projeções de mercado, que apontavam para ligeira alta a 53,6. O indicador foi considerado positivo ao evidenciar aquecimento econômico na maior economia mundial, em um dado que elevou-se em nove dos últimos dez meses.
Também nos EUA, o dado final do PMI (Purchasing Managers Index) do setor industrial subiu de 54,1 em novembro para 54,3 em dezembro, segundo a consultoria Markit, chegando ao maior patamar dos últimos 21 meses.
Com isso o índice – cuja metodologia sugere expansão econômica em leituras acima de 50 – perfaz sua sétima ascensão consecutiva, e reforça a tese de um mercado pujante na maior economia mundial, o que é positivo em nossa análise.
Para a semana o mercado deve acompanhar de perto os indicadores mais relevantes, sendo em âmbito doméstico, a produção industrial de novembro na quinta-feira, que não demonstra sinais claros de recuperação, e a inflação pelo IGP-DI na sexta-feira, que deverá registrar uma inflação em franco arrefecimento no acumulado em 12 meses.
No front estrangeiro, nos EUA, destaque para a Ata do Fed na quarta-feira, relativa à sua última reunião ocorrida há 3 semanas, e o Payroll (criação de vagas na economia), na sexta-feira – que tenderá trazer dados estáveis do mercado de trabalho e pouco influenciar, nesta leitura, novas apostas em sequenciais movimentos de juros, para as quais o mercado espera duas elevações ao longo de 2017, na esteira da expectativa de aceleração econômica pretendida por Donald Trump.
Juros.
Após uma abertura em alta, à medida que o dólar ia perdendo força ante o real e o petróleo ia invertendo a direção para queda no mercado estrangeiro, arrefecendo consigo o rendimento dos Treasuries norte-americanos, os juros futuros encontraram espaço para retração e encerraram a sessão desta terça-feira majoritariamente estáveis.
Dólar e CDS.
A cotação da paridade (interbancário) findou a R$ 3,2610 (-0,61%), enquanto O CDS (Credit Default Swap) brasileiro de 5 anos (CBIN), fechou aos 278 pts ambos em sessão de poucos direcionadores.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 2ª feira, 03.01.2017, elaborado por Diário de Mercado na 3ª feira, 03.01.2017, Viés de resiliência industrial no exterior possibilita sessão animada no mercado doméstico, Hamilton Moreira Alves, CNPI-T, Rafael Reis, CNPI-P, ambos analistas do BB Investimentos