Relatório FOCUS
de 23.01.2017
2017: Taxa Selic e inflação cederam novamente
Estratégia Macro
Hamilton Moreira Alves, CNPI-T
Rafael Freda Reis, CNPI
O relatório semanal Focus do Banco Central, que traz a mediana das projeções de mercado, sinalizou um cenário mais próspero para 2017, com o encadeamento da tendência declinante da taxa básica de juros (Selic) e da inflação ao consumidor (IPCA).
A taxa Selic recuou pela segunda semana consecutiva, em 25 pontos-base, para 9,50% a.a., enquanto o IPCA cedeu pela terceira semana seguida, para 4,71%, ambos para o final deste ano. Ademais, esse dados mostram uma expectativa de juro real ex ante de 4,57%, após ter encerrado 2016 em 7,02% - ex post, ou seja, uma diminuição real de 245 pontos-base.
Para 2018, ainda com incipientes previsões, o cenário se manteve favorável, com o IPCA situando-se no centro da meta, em 4,5% e a taxa Selic arrefecendo pela terceira semana sucessiva, para 9,38%.
Além disto, os agentes conservaram o PIB em 0,50% e 2,20% para 2017 e 2018, respectivamente.
Inflacão deslizando.
O IPCA, após ter acumulado +6,29% em 2016, fechando dentro do intervalo superior estipulado de 6,50% (lembrando que o teto determinado para este ano é de 6,00%), prosseguiu com suas estimativas caminhando para o centro da meta, de 4,50%.
O IPCA-15, considerado como uma prévia do indicador fechado do mês, variou +0,31% em janeiro (+0,19% em dezembro) – que foi uma taxa considerada baixa e abaixo do consenso de mercado (+0,38%), com o acumulado em 12 meses arrefecendo para 5,94%, de 6,58% anterior. Este dado seguiu corroborando com a nossa visão do IPCA situar-se abaixo do centro da meta (4,5%) já no segundo trimestre deste ano.
Neste panorama, o Banco Central deverá manter o ciclo de afrouxamento monetário com cortes na taxa Selic de magnitude ao menos similar a da última baixa, de 75 pontos-base, nas próximas duas reuniões e provavelmente mais um, deste mesmo nível, a depender do andamento da dinâmica inflacionária em maio.
Em seguida, vislumbramos uma redução do ritmo do abrandamento, levando a Selic a fechar 2017 em torno de 10% a.a. Mais uma vez, o risco externo se concentra na postura do governo Trump, que assumiu no último dia 20, nos EUA.
PIB tem piso.
Pela quarta semana conscecutiva, os agentes mantiveram sua projeção de crescimento em 0,50% para 2017. Como as sinalizações de outros indicadores tem gradualmente se mostrado mais favoráveis, denota que a expectativa do PIB bateu no “fundo do poço”. A partir de agora, em algum momento não distante mais para frente, é provável que o mercado comece a enxergar para este ano um crescimento maior para o Brasil.
Câmbio estável.
A taxa de câmbio situou-se em R$ 3,40 para 2017 e em R$3,50 para 2018. O indicador, após uma sucessão de três semanas de baixas, sofreu uma pausa, talvez, por conta da cautela dos agenrtes em relação ao discurso de posse de Donald Trump nos EUA.
O risco-país, medido pelo CDS 5 anos do Brasil, seguiu navegando na casa de 250 pontos.
A nosso ver, a perspectiva em relação ao País deverá melhorar ao longo deste ano, inclusive, já neste primeiro semestre, devendo atrair mais entrada de capital externo. Assim, tanto pelo lado de fundamentos, como pelo de fluxo, o real tenderá a se valorizar, em direção ao suporte próximo a R$ 3,10 e depois para uma cotação em torno de R$ 3,00 – não sendo surpresa se romper para baixo este patamar ainda no 1º semestre deste ano.
Síntese:
a) O IPCA para 2017 recuou a 4,71% (4,80% antes) e manteve-se em 4,50% para 2018.
b) A taxa Selic recuou a 9,50% (9,75% antes) para 2017 e a 9,38% (9,50% antes) para 2018.
c) A taxa de câmbio permaneceu em R$ 3,40 para 2017 e R$ 3,50 para 2018.
d) O PIB para 2017 permaneceu em +0,50% e em +2,20% para 2018.
e) O CDS (Credit Default Swap) brasileiro de 5 anos (CBIN) findou a semana em 254 pts (20/jan), ante 252 pts da semana anterior (13/jan).
Confira no anexo a íntegra do relatório de avaliação do Boletim FOCUS, de 23.01.2017, elaborado por Hamilton Moreira Alves, CNPI-T, e Rafael Freda Reis, CNPI, ambos do BB Investimentos.