Diário de Mercado na 5ª feira, 16.02.2017
Dia de realizações pelo mundo.
Trump e Lockhart interrompem pontualmente o melhor humor mundial
Resumo do dia.
Após uma abertura dos negócios que tinha tudo para a continuidade da tendência de otimismo vista ontem, o mercado inverteu sua trajetória, na esteira de discursos de Trump e de Lockhart.
O presidente dos EUA tornou a elevar as ansiedades geopolíticas ao mencionar conflitos com grupos terroristas e declarar sua insistência às barreiras imigratórias, além de vê-las como “necessárias para a proteção da América”.
Já o membro do Fed sinalizou que uma alta de juros já na próxima reunião de março não pode ser descartado. Internamente, já foi incorporado pelo mercado a nova edição do programa de repatriação de recursos do exterior, e aguarda-se mais positivos movimentos da agenda de reformas do governo - no radar o andamento da reforma da previdência.
Mercado de Ações.
O dia iniciou otimista, mas o rumo foi se invertendo ao longo da sessão e o índice doméstico passou a operar próximo à estabilidade, com viés negativo. A reação se deu principalmente à fala do dirigente do Fed de Atlanta, Dennis Lockhart, que sinalizou que a próxima reunião do Fomc pode, ao contrário das majoritárias apostas do mercado, ser data de novo aumento das taxas de juros nos EUA.
Principalmente impactado pelo setor de bancos – o de maior peso, o benchmark da bolsa fechou aos 67.814 pts (-0,24%), acumulando agora +2,56% na semana, 4,86% no mês, +12,60% no ano e 65,61% em 12 meses.
O giro financeiro preliminar da bolsa foi de R$ 9,47 bilhões, sendo o volume do mercado à vista de R$ 9,10 bilhões. A volatilidade deve elevar-se amanhã, visto que ocorrerá na ocasião a zeragem das posições de opções sobre ações, sendo seu vencimento na próxima segunda-feira.
Agenda Econômica.
Internamente, a atividade econômica medida pelo IBC-Br (Bacen) recuou 0,26% em dezembro ante novembro, invertendo a ligeira alta de 0,1% medida no mês anterior. O dado mais fraco do que o esperado (consenso: -0,20%). No comparativo anual, caiu 1,82% em dezembro 2016 ante dezembro de 2015 (consenso: -1,70%).
O IBC-Br, que serve como parâmetro para a análise das condições econômicas no país é informalmente considerado como uma prévia do dado do PIB, dado este previsto para ser divulgado dia 7 de março. Na leitura mais condizente com a metodologia de apresentação da variação do PIB, o dado acumulado do ano de 2016, a retração do IBC-Br foi de 4,34%.
Também domesticamente, a confiança do empresário industrial, segundo levantamento da CNI (Confederação Nacional das Indústrias) avançou para 53,1 pontos em fevereiro, vesus 50,1 pts em janeiro, retornando a níveis não vistos desde setembro do ano passado (vale salientar que acima de 50 demonstra expansão da confiança e abaixo, retração).
Em nossa visão, o dado dá continuidade ao auspicioso cenário instalado em janeiro – destaque para corte maior do que o esperado na Selic pelo Bacen, em 11/01.
O cada vez mais disseminado horizonte desinflacionário dá apoio à queda substancial das taxas de juros nas reuniões subsequentes, bem como a visão de mercado em relação às reformas propostas pelo governo dão suporte à percepção geral quanto a melhores prognósticos para a retomada econômica.
Juros.
Refletindo a pausa no apetite por risco vinda do exterior, e acompanhando a elevação do dólar na sessão, verificou-se elevação ao longo de toda a extensão da estrutura a termo da curva de juros.
Dólar e CDS.
Após a sequência de quedas recente, o dólar experimentou um movimento de realização. Ainda que a trajetória da moeda possa ser de baixa no médio prazo, na sessão de hoje predominou a maior aversão ao risco dos investidores, que reagiram a fala de Lockhart (Fed) e elevaram ainda mais a amplitude da reação adversa depois do discurso de Trump.
Assim, o dólar comercial (interbancário) valorizou-se perante à maioria dos pares no mercado de câmbio mundial. No Brasil, a divisa encerrou cotada a R$ 3,0820 (+0,72%), acumulando agora -0,90% na semana, -2,16% no mês, -5,23% no ano e -24,28 em 12 meses.
Risco País
O CDS brasileiro de 5 anos findou a 234 pts, versus 222 pts da véspera.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 5ª feira, 16.02.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, e RAFAEL REIS, CNPI-P, do BB Investimentos