Diário de Mercado na 2ª feira, 20.02.2017
Ibovespa dispara com Vale a caminho do Novo mercado.
Investidores agora aguardam Copom e Ata do Fed.
Dólar continua desabando e alcança R$ 3,088.
Resumo do dia.
Apesar do feriado nos EUA ter contribuído para as quedas dos volumes nos mercados de juros e câmbio, a bolsa de valores retomou a escalada com forte valorização da Vale, no dia do vencimento do exercício de opções sobre ações – que terminou por garantir um giro favorável.
A agenda de indicadores econômicos esvaziada manteve os investidores na espera de importantes dados ao longo da semana, em especial a ata do Fed nos EUA e a reunião do Copom no Brasil, ambos na quarta-feira, além do pacote de flexibilização fiscal prometido por Donald Trump, a ser divulgado mas ainda sem data definida.
Mercado de Ações.
A Vale capitaneou os ganhos no mercado acionário nacional. A mineradora anunciou um novo acordo de acionistas que prevê, entre diversas ações, a conversão de suas ações preferenciais em ordinárias, pavimentando assim o caminho para sua listagem no Novo Mercado da Bovespa, o segmento que abarca as ações de empresas com o mais alto padrão no quesito governança corporativa.
Com isso a Vale, que segundo a proposta será também transformada em uma corporação sem controle definido, viu suas ações dispararem, levando o benchmark da bolsa a fechar aos 68.532 pts (+1,16%), acumulando agora +5,97% no mês, +13,79% no ano e +64,97% em 12 meses.
O giro financeiro preliminar da bolsa foi de R$ 11,142 bilhões, turbinado pelo vencimento de opções sobre ações que movimentou R$ 5,198 bilhões, com o mercado à vista em R$ 5,587 bilhões.
O ingresso de capital estrangeiro na bolsa em fevereiro até o dia 16 soma R$ 1,673 bilhão, chegando o total em 2017 a R$ 7,92 bilhões.
Agenda Econômica.
Internamente, na ausência de indicadores de peso, os investidores detiveram-se à análise do relatório Focus (Bacen). Nele, o destaque maior ficou por conta da continuidade do recuo da inflação ao consumidor (IPCA) para 2017, que situou-se em 4,43%, abaixo do centro da meta estabelecida de 4,50% pela segunda semana.
O restante do panorama permaneceu praticamente inalterado, mas, favorável. O câmbio recuou pela segunda semana seguida, tanto para o final de 2017, como para 2018, chegando a respectivamente R$ 3,30 e R$ 3,40.
Quanto à Selic, em nossa visão, a conjunção de tendência inflacionária em evidente arrefecimento, com dados como vendas no varejo e atividade econômica (IBC-Br) – que não sinalizaram retomada econômica concreta no final de 2016, torna perfeita a condição para o Banco Central manter o ciclo de afrouxamento monetário.
O mercado aguarda a decisão desta semana do Copom e seu comunicado, antes de rever sua perspectiva de juro real entre 4,5% e 5,00% para o final deste ano, ficando a mediana das expectativas em 9,50% a.a. e 9,00% a.a. para 2017 e 2018, respectivamente.
Em nossa análise, existe cada vez mais espaço para reduções de 75 pts-base na taxa básica de juros nas decisões de 22 de fevereiro, 12 de abril e 31 de maio próximos, podendo encerrar 2017 em torno de 9,75% a.a.
Já o PIB encontrou um “fundo” ao redor dos 0,50% (0,48% agora) para 2017, que acreditamos baixo, entendendo que alguns indicadores antecedentes estão evoluindo, devendo o crescimento seguir em direção a 1,00%. Para 2018, o PIB projetado de 2,30% permaneceu idêntico a aquele estimado no início de 2017
Juros.
A ausência de volume, justificada pelo feriado do Dia do Presidente nos EUA, impediu oscilações mais expressivas. Ainda assim, às vésperas do Copom, e com ligeira melhora na percepção geral quanto ao país na sessão, os vencimentos curtos e intermediários dos contratos futuros de juros apresentaram ligeiro viés de baixa. Ainda que tenham aumentado, as apostas em um corte de 100 pontos-base na quarta-feira ainda estão em minoria ante o consenso em 75 pontos-base.
Dólar e CDS.
Outro mercado impactado pelo diminuto volume por conta do feriado nos EUA, o cambial resumiu-se a acompanhar a tendência de desvalorização do dólar perante outras divisas emergentes na sessão, revertendo o movimento contrário, que já durava dois dias.
A casa dos R$ 3,10, que até semana passada era um ponto de suporte, agora tornou-se uma resistência. Após atingir tal cotação no intraday, o dólar tornou a ceder, reforçando a visão de que a tendência da paridade é a de queda no curto/médio prazo, e encerrou cotado a R$ 3,0880 (-0,23%), acumulando agora -1,97% no mês, -5,04% no ano e -23,18% em 12 meses.
Risco País
O CDS brasileiro de 5 anos, no horário apurado, oscilava em torno dos 231 pts, inalterado ante o fechamento de 6ª feira, 17.02
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 2ª feira, 20.02.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI - T, e RAFAEL REIS, CNPI - P, ambos do BB Investimentos