Aloysio Nunes fez o discurso que Serra não poderia mais fazer após ter priorizado relações com os EUA, ter enxovalhado o Mercosul, América Central e Caribe. Caribe é Venezuela e Colômbia. Após vitória de Trump e seu ideário protecionista, o discurso de Serra perdeu conteúdo e oportunidade. Saberá Aloysio Nunes remendar o estrago diplomático de Serra? Para o iniciante, continuará valendo a estratégia histórica do próprio Itamarati: Reciprocidade entre nações.
Ao tomar posse nesta 3ª feira, 07.03, como ministro das Relações Exteriores, o senador Aloysio Nunes Ferreira afirmou que a palavra-chave de sua gestão será “reciprocidade”, ao se referir às negociações bilaterais.
Em um discurso com um tom mais político e alinhado ao do seu antecessor, José Serra, o novo chanceler frisou que a política externa brasileira não será mais de “prova de ingenuidade voluntarista de curto prazo e concessões unilaterais”.
“O certo é que, com o mesmo tenor que você [Serra], tratarei de assegurar que a nossa política externa esteja sempre alinhada aos reais valores e legítimos interesses nacionais”,
discursou Nunes.
“Reciprocidade é a palavra-chave e não apenas na frente econômico-comercial. Isso sempre foi assim na política externa brasileira”.
Ressaltando o “poderio agroindustrial”, a matriz energética “limpa e diversificada” do país e o que considerou como “presença positiva e agregadora” do Brasil nos organismos internacionais, Nunes prometeu ampliar e aprofundar a participação brasileira na economia mundial
“por meio de negociações que produzam resultados equilibrados e atendam os interesses de todas as partes”.
“Pretendemos intensificar o trabalho da promoção comercial, investimentos, reforçada pela vinculação da Apex [Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos] ao Itamaraty. Essa instituição é animada pela ideia de que uma boa política externa deve conciliar a primazia do interesse nacional com o papel que cabe a um país da estrutura do Brasil, por suas dimensões, seu peso, sua história como membro da comunidade internacional”.
Ator global
Aloysio Nunes disse ainda que o Brasil tem que ter a consciência de que é “um ator global” e que, por isso,
“sua política externa tem que ter a marca do universalismo, sem esquecer a prioridade do relacionamento com as nações da Américas do Sul, Central e do Caribe”.
O novo ministro da Relações Exteriores disse ainda que pretende priorizar as relações com a Argentina, país destino da sua primeira viagem oficial, e buscar uma “aproximação maior” com os países da Aliança do Pacífico.
Em relação à Europa, o novo chancelar disse estar otimista com a possibilidade de o Brasil adquirir “uma nova dimensão”.
“O acordo entre o Mercosul e a União Europeia está na ordem do dia e poderá propiciar um salto qualitativo das nossas relações com a Europa e não pode ser vista apenas como a degravação de algumas linhas tarifárias”.
Aloysio Nunes Ferreira disse que sua gestão também será marcada por um “novo patamar” no relacionamento com a continente africano.
“A África é um continente em transformação rápida, em crescimento acelerado que nas últimas décadas cresceu mais que o dobro da América Latina. As lideranças mais expressivas têm afirmado com insistência que não querem compaixão assistencial, mas querem investimentos, parcerias, negócios em maior densidade”.