Diário do Mercado na 5ª feira, 20.04.2017
Em véspera de feriado, bolsa tem trajetória errática, mas melhor humor externo induz fechamento em alta
Resumo.
O clima de cautela pautou os negócios domésticos na quinta-feira. O final de semana, período fértil para surpresas, em especial no atual âmbito geopolítico global, conta com o reforço do pregão fechado por conta do feriado de Tiradentes para inibir a manutenção de posições mais consistentes por parte dos agentes.
Ademais, ainda houve ponderação sobre o iminente primeiro turno das eleições francesas, a ocorrer no domingo. Além disso, internamente, o avanço da proposta de reforma da previdência, que segue na leitura do mercado a passos lentos e ameaçada de adicionais desfigurações, além das já concedidas pelo governo, mantém os investidores na retranca e céticos quanto à sua aprovação e contribuição para um efetivo reequilíbrio das contas públicas, mesmo a longo prazo.
Ibovespa.
Oscilando entre ligeira alta e estabilidade, o índice refletiu majoritariamente a volatilidade imposta pelas ações ligadas a commodities. As altas da Vale e da Petrobras, que espelharam a recuperação do minério de ferro e do petróleo no mercado externo, e no caso da mineradora, ainda a divulgação de relatório de produção considerado positivo, garantiram o Ibovespa no azul, em oposição ao setor financeiro, que estendeu as perdas da véspera.
A partir das 14h, o índice foi gradualmente se firmando em terreno positivo, acompanhando a evolução positiva das bolsas de Nova York, bem como em oposição a precaução mais evidente nos mercados de juros e de câmbio.
O benchmark fechou aos 63.760 pontos (+0,56%), com o preliminar giro financeiro da bolsa em R$ 6,67 bilhões, sendo R$ 6,39 bilhões no mercado à vista.
Agenda Econômica.
A inflação medida pelo IPCA-15 de abril registrou uma alta de 0,21%, sendo este o menor dado para o mês desde 2006. Embora tenha acelerado ante os 0,15% na leitura de março, a taxa veio abaixo da média das estimativas dos analistas (consenso: 0,27%) e mais uma vez reforçou a interpretação de um benigno cenário de arrefecimento inflacionário em andamento.
No acumulado de 12 meses, a inflação ao consumidor cedeu para +4,41%, margem que representa um importante marco ao denotar crescimento dos preços abaixo do centro da meta do governo, de 4,5%, o que não acontecia desde 2010.
Já a criação de empregos formais medida pelo Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (CAGED) de março mostrou uma redução líquida de 63.624 postos de trabalho.
Ainda que significativamente melhor no comparativo ante março de 2016, quando foram extintos 118.776 vagas, o dado ficou aquém do esperado pelo mercado, cuja média das estimativas apontava para a criação de 5 mil vagas.
Após o respiro com a criação de 35.612 vagas em fevereiro, o mercado de trabalho volta a trazer dados desanimadores, reforçando a visão de que o cenário recessivo estende-se além do previamente estimado.
Juros.
Embora tenham arrefecido a partir de meados da tarde, os juros futuros oscilaram em majoritária alta na sessão. O movimento foi a contrassenso, já que não apenas o IPCA-15 abaixo do esperado mas também o CAGED bastante aquém das projeções ensejam ainda mais espaço para cortes nos juros por conta do Copom em suas próximas reuniões, dada a atmosfera que combina inflação ancorada e recessão prolongada.
Câmbio e CDS.
O dólar ganhou terreno ante o real, e também ante outras moedas emergentes justificado por palavras de Trump, que voltou a criticar o Nafta e determinou estudos sobre novas barreiras à importação de aço nos EUA. O efeito foi catalisado no Brasil por conta da proximidade do feriado, apesar de uma contenção do movimento ter ocorrido nos momentos finais da sessão.
A divisa findou a R$ 3,1550 (+0,29%). Na leitura do momento, o CDS Brazil 5 anos (CBIN) oscilava aos 227 pts ante a 228 pts ontem.
Para a próxima semana.
Internamente, a reforma da previdência deve continuar em evidência, com as novidades em torno de seu placar informal de votos contra e a favor entre os deputados, após as concessões por parte do governo, que terminaram por ditar o ânimo dos investidores em relação ao Brasil.
Externamente, o presidente dos EUA, Donald Trump deverá manter sobre si os holofotes com sempre prováveis posturas ufanistas capazes de elevar a tensão geopolítica mundial.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 5ª feira, 20.04.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, Analista Sênior,e RAFAEL REIS, CNPI-P Analista, ambos do BB Investimentos