Diário do Mercado na 3ª feira, 25.04.2017
Percepção com reforma trabalhista doméstica e otimismo externo levantam o humor dos investidores
Resumo.
O clima mais favorável da véspera teve continuidade no mercado de renda variável, com os agentes assimilando positivamente a aprovação do projeto de reforma trabalhista na comissão da Câmara de Deputados.
No exterior, a atmosfera de alívio com o resultado do primeiro turno das eleições francesas no último domingo se estendeu, com ganhos registrados na maioria das bolsas mundo afora, e ainda com os investidores elevando suas apostas ante o provável iminente anúncio do projeto de desoneração tributária pelo presidente Trump nos EUA, inicialmente agendado para a quarta-feira.
Ibovespa.
A abertura dos negócios foi negativa, com o mercado digerindo logo cedo ruídos contrários ao andamento da reforma da previdência.
Ao final da manhã, no entanto, houve a dissipação das notícias desfavoráveis ventiladas e o mercado doméstico alinhou-se ao bom humor das bolsas norte-americanas, firmando em definitivo em campo positivo e com ainda mais uma onda positiva ao final do dia com a notícia da aprovação do texto da reforma trabalhista na comissão especial.
A Vale capitaneou a contribuição ponderada ao índice, que também foi favorecido pelas altas da Petrobras e do setor financeiro.
Ao término dos negócios o Ibovespa marcava 65.148 pts (+1,18%), com giro da bolsa preliminarmente chegando a R$ 7,60 bilhões, sendo R$ 7,38 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
O capital externo à bolsa, com a retirada de 126 milhões na quinta-feira dia 20 soma em abril uma evasão líquida de R$ 673,4 milhões. Em 2017, no entanto, o saldo positivo em R$ 2,83 bilhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, o saldo em conta-corrente em março foi um superávit de US$ 1,397 bilhão. O dado, que denotou a reversão do déficit visto em fevereiro (-US$ 935 milhões) surpreendeu o mercado, ao superar em muito as estimativas, cuja média apontava para US$ 450 milhões, e representar o primeiro superávit para o mês de março desde 2007.
A balança comercial registrou saldo positivo de R$ 6,935 bi em março, enquanto a conta de serviços ficou negativa em US$ 2,523 bi. A conta de renda primária também foi um déficit, de US$ 3,194 bilhões. Já no caso da conta financeira, o saldo foi superavitário em US$ 1,795 bilhão. No acumulado até março, o déficit das contas externas totaliza US$ 4,624 bilhões.
Os investimentos diretos no país (IDP) somaram US$ 7,109 bilhões em março. O dado superou as estimativas dos analistas, cuja mediana apontava para US$ 7,0 bi. No acumulado de 2017, o ingresso de investimentos estrangeiros destinados ao setor produtivo soma US$ 23,943 bilhões, sendo que o BC projeta para o ano um total de R$ 75 bi de IDP.
Juros.
Os juros futuros fecharam em alta nesta terça-feira pressionados tanto pela alta do dólar, quanto ao crescimento da percepção do mercado com dificuldades no avanço da reforma da previdência.
Ainda as apreensões quanto à votação da reforma trabalhista, em votação na sessão catalisaram o movimento de cautela dos agentes.
Câmbio e CDS.
Após o recuo na véspera, o dólar voltou a ganhar terreno ante o real, e também ante demais divisas emergentes. Internamente pesou o noticiário acerca de imbróglios relativos à reforma da previdência, que deram mais impulso ao avanço da moeda forte em detrimento ao real.
A divisa findou a R$ 3,1510 (+0,80%). Na leitura do momento, o CDS Brazil 5 anos (CBIN) oscilava aos 220 pts ante mesmos 220 pts de ontem.
Para a 4ª feira.
Não havendo postergação, o mercado conhecerá os planos de Trump a respeito de seu projeto de desoneração, que poderá abranger pessoas físicas e jurídicas. Internamente, a data também reserva importante agenda política, com a reforma trabalhista podendo ser levada à votação no plenário, após a aprovação do texto-base por 27 votos a 10 na tarde desta 3ª feira na comissão especial da Câmara.
A agenda econômica trará destacadamente no Brasil a confiança do consumidor em abril pela FGV, bem como dados mensais do mercado de crédito pelo Bacen.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 3ª feira, 24.04.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, Analista Sênior, e RAFAEL REIS, CNPI-P, Analista, ambos do BB Investimentos