NATURA - Resultado no 1º trimestre de 2017
R$ 155 mi em efeitos não recorrentes impulsionaram EBITDA e Lucro Líquido
Os resultados na Natura no 1T17 foram mistos, na nossa visão. Do lado positivo, as vendas no mercado doméstico vieram em linha com as nossas estimativas (-0,5% A/E) e continuaram apresentando uma tendência positiva.
A menor pressão sobre os custos de produção, decorrente da depreciação do dólar nos últimos meses, além de um mix de vendas mais favorável, beneficiou a margem bruta, que expandiu 0,7 p.p. a/a, para 69,9% (+0,7 p.p. A/E).
Do lado negativo, o câmbio afetou a operação internacional e as vendas consolidadas vieram 3,3% abaixo das nossas expectativas, prejudicando a diluição das despesas. Assim, o EBITDA ajustado também foi menor do que projetávamos (-9,1% A/E).
Durante o trimestre, a companhia contabilizou R$ 155 milhões em receitas não recorrentes referentes à reversão de Pis e Cofins, impulsionando tanto o EBITDA sem ajustes (+68.0% a/a) quanto o lucro líquido (+373,4% a/a).
Neste sentido, esperamos que a cotação de NATU3 apresente uma reação negativa, não por conta do resultado em si, mas devido ao fato relevante divulgado recentemente. De acordo com a companhia, a mesma está participando dos estágios iniciais de análise da aquisição da The Body Shop (que atualmente pertence à L’oreal).
Nossas projeções para a companhia continuam inalteradas por ora, com um preço-alvo de R$ 36,00 para o final do ano e recomendação de Market Perform. De acordo com as nossas estimativas, NATU3 está sendo negociada a 35,7x P/L e 11,5x EV/EBITDA para 2017, contra uma média histórica (últimos 5 anos) de 21,9x e 12,2x, respectivamente.
Vendas positivas no Brasil pelo segundo trimestre seguido. A receita bruta consolidada aumentou 3,3% a/a no 1T17, beneficiada pelas vendas no mercado interno, compensando o câmbio desfavorável das operações internacionais.
No Brasil, as vendas cresceram 4,4% a/a no trimestre, refletindo um mix mais favorável (com maior participação de perfumaria e cuidados faciais), em conjunto com um aumento médio de preços de ~2%.
Entretanto, o volume vendido continuou retraindo (-11,7% a/a), junto com o número de consultoras (-4,4% a/a). Na Latam, as vendas caíram 1,6% a/a no período, em decorrência do câmbio desfavorável, já que em moeda local as receitas cresceram 23,3% a/a (com o número de consultoras avançando 6,9% a/a e o volume vendido 8,9% a/a).
Em relação à Aesop, as vendas expandiram 11,1% a/a (ou 31,4% em moeda local), refletindo um crescimento de 11% em vendas em mesmas lojas e a abertura de 33 novas unidades nos últimos 12 meses.
Efeitos não recorrentes impulsionaram o EBITDA … A margem bruta consolidada expandiu 0,7 p.p. no trimestre, para 69,9%, beneficiada pela operação nacional, devido ao mix de venda mais favorável, à menor pressão inflacionária e cambial sobre os custos de produção e à uma melhor política de preços.
A margem Ebitda ajustada, por sua vez, reduziu 0,7 p.p. a/a no período, para 12,1%, refletindo um aumento dos investimentos em marketing no Brasil (+9,4% a/a em despesas com vendas na operação doméstica) e ao acelerado ritmo de crescimento da operação da Aesop.
A margem EBITDA sem ajustes, no entanto, aumentou 8,2 p.p., atingindo 21,1%, em razão das receitas não recorrentes de R$ 155 mi acima referidas.
Confira no anexo a integra do relatório de análise do resultado apresentado pela NATURA no 1º trimestre de 2017, elaborado por MARIA PAULA CANTÚSIO CNPI, Analista Senior do BB Investimentos