Via Varejo - Resultado no 1º trimestre de 2017
Vendas conforme esperado, mas rentabilidade surpreendeu positivamente
Na nossa visão, o resultado do 1T17 da Via Varejo foi positivo, com o top line em linha com as nossas projeções, mas a rentabilidade bem acima do esperado.
Passados apenas cinco meses da consolidação entre as operações online e off-line, a companhia parece ter sido capaz de perceber ganhos de sinergia de forma mais acelerada do que estimávamos.
A margem bruta atingiu 31,2% no 1T17, 4,3 p.p. maior que o 1T16 e 1,1 p.p. acima das nossas estimativas, uma vez que contávamos com alguma pressão de atividade promocional proveniente de eventuais esforços para ajustar o nível de estoques da companhia combinada.
As despesas com VG&A, por outro lado, vieram um pouco acima do projetado (+5,1% A/E), mas a margem EBITDA foi 0,2 p.p. acima do estimado, cerca de 5,1% (+6,0 p.p. a/a). No bottom line, as despesas financeiras líquidas foram 33,3% abaixo do esperado, levando a um aumento de 5,7 p.p. na margem líquida, para 1,6% (+1,5 p.p. A/E).
Durante a conferência de resultados, o management declarou que ainda há ganhos adicionais do processo de combinação de negócios a serem percebidos, relacionados principalmente à logística, investimentos em marketing e penetração de produtos e serviços financeiros.
Além disso, novos projetos que foram recentemente lançados têm como escopo o aumento da conversão de vendas e de rentabilidade, através de análises preditivas, CRM e inteligência artificial. O objetivo é oferecer uma melhor experiência de compra em ambos canais de venda, através de melhoria do nível de atendimento e de serviços customizados.
Assim, os resultados do 1T17 devem ter um efeito positivo na cotação da ação da companhia durante os próximos pregões.
Preço-Alvo: R$ 14,00, dez/2017
Mantemos nossa recomendação de Outperform para VVAR11, com preço-alvo de R$ 14,00 para o final do ano. VVAR 11 está sendo negociada a 6,0x EV/EBITDA para 2017, de acordo com as nossas estimativas, contra uma média histórica (últimos 4 anos) de 3,9x.
Top line seguiu em tendência positiva… A receita líquida aumentou 2,6% a/a no 1T17, refletindo uma performance positiva de 2,5% no SSS das lojas físicas e uma expansão de 8,6% nas vendas do e-commerce (GMV). A operação de marketplace atingiu 20% das vendas online (contra 15% no mesmo período de 2016). De acordo com o management, o tráfego de pessoas dentro das lojas e no website cresceu durante o trimestre, especialmente em março, aparentemente devido
(i) à liberação dos recursos dos fundos inativos do FGTS;
(ii) à melhor alocação do sortimento de produtos e
(iii) à uma melhor política de preços.
A venda de smartphones foi o destaque positivo mais uma vez, junto com televisores (em decorrência da recente migração do sinal analógico para o digital em São Paulo).
…com ganho de rentabilidade acima do esperado. A margem bruta aumentou 4,3 p.p. no trimestre, para 31,2%, sendo 1,2 p.p. provenientes da decisão da companhia de se beneficiar novamente dos incentivos fiscais da Lei do Bem (desde o 4T16).
Os restantes 3,1 p.p. vieram de uma política de preços mais racional, tanto na operação online quanto na off-line, e de uma maior penetração de produtos e serviços financeiros nas vendas das lojas físicas.
A margem EBITDA ajustada expandiu 4,9 p.p. a/a, para 5,5%, beneficiada por um leve crescimento de 3,2% a/a das despesas com VG&A, refletindo os esforços de racionalização do projeto Movve e a otimização de despesas com G&A oriunda da integração dos negócios.
Desalavancagem culminou em um nível menor de despesas financeiras.
A dívida bruta (desconsiderando a operação de CDCI) reduziu em 61% nos últimos 12 meses, levando a uma contração de 23,4% a/a nas despesas financeiras líquidas (-33,3% A/E).
Assim, o lucro líquido somou R$ 97 mi (+141% a/a), representando um crescimento de 5,7 p.p. na margem líquida, para 1,6% (+1,5 p.p. A/E). A melhora do bottom line, junto com uma melhor tendência de capital de giro (especialmente em fornecedores), levou a uma redução de 19,9% a/a da queima de caixa, para R$ 3,5 bi.
Confira no anexo a integra do relatório de análise do resultado da VIA VAREJO no 1º Trimestre/2017, elaborado por MARIA PAULA CANTUSIO, CNPI, analista senior do BB Investimentos