Carteira Sugerida de Ações - Julho de 2017
Julho 2017: preocupações com a liquidez global e com o cenário político doméstico
Perspectivas. Os agentes globais seguem monitorando o ambiente político nacional, atentos principalmente às suas repercussões sobre o andamento das reformas trabalhista e previdenciária, ao passo que, no cenário externo, começam a surgir sinais considerados mais expressivos de um possível recuo dos estímulos econômicos e uma correspondente redução da liquidez global.
Neste contexto, a economia doméstica prossegue em uma clara tendência de arrefecimento de juros e inflação, que contribuiu para a redução da meta oficial de inflação pelo CMN nesta semana e para o mercado de juros calibrar novas reduções para a Selic nos contratos futuros de DI, majoritariamente estimadas em 0,75 p.p., mas com apostas de 1 p.p. para a decisão do Copom a ser divulgada no próximo dia 27.
No entanto, a contrapartida deste quadro positivo se reflete nas estimativas para o crescimento do PIB, reduzidas reiteradamente na compilação do Focus e apoiadas por outros vetores não menos relevantes, como o elevado desemprego apurado pela última PNAD Contínua (em 13,3% no trimestre fechado em maio) e os dados fiscais negativos.
Como desdobramento, os ativos vêm reagindo com muita volatilidade, seguindo um aumento da percepção de risco, medido não apenas pelo CDS Brasil de 5 anos, mas também pela crescente inclinação positiva da curva DI e pela valorização do dólar frente ao real.
A propósito, sob o aspecto grafista, tanto o CDS quanto o dólar acumulam força de alta, visando aos níveis de 252 pontos e R$ 3,38, respectivamente, apesar de oscilarem neste momento em torno de suas médias.
No quadro externo, a economia norte-americana renova sinais gerais positivos, como a esperada alta do núcleo do PCE (0,1% em maio e 1,4% em um ano). Para o mês de julho, as atenções se voltam para a ata do FOMC (no dia 5) e para a própria definição do juro pelo Comitê (dia 27), além da publicação do livro bege do Federal Reserve (dia 12), com a compilação dos dados da economia dos EUA. Na China, atenções para o PIB (dia 16).
Entretanto, paralelamente às expectativas para o juro dos EUA, os últimos dias do mês de junho foram marcados por declarações do Banco Central Europeu, interpretadas como sinalização de um recuo mais breve dos estímulos econômicos, o que tenderia a reduzir a liquidez internacional.
No próximo dia 20, portanto, a definição dos juros pelo BC europeu pode prejudicar o otimismo global, assim como a divulgação do programa de compras de ativos.
Para os emergentes, um possível aperto monetário na Europa poderá provocar recuo dos fluxos globais, com queda nas bolsas e aumento da aversão ao risco.
Análise Gráfica do Ibovespa. O índice cumpriu a formação destacada na análise anterior e passou a configurar tendência de queda para o próximo mês, ao efetivar o movimento baixista em forma de cunha e respeitar a antecipação pela divergência de IFR, perdendo o primeiro suporte calculado e aproximando-se do segundo, em 60.300 pontos (com registro da mínima ligeiramente acima, em 60.500).
Em horizonte de prazo mais longo, também em tendência de queda, a análise ressalta o movimento enfraquecido do Ibovespa, dentro de um canal de baixa iniciado em março e abaixo da média móvel de 200 dias.
Ademais, o fluxo negativo de recursos estrangeiros vem contribuindo para agravar o balanceamento de volume, enfraquecendo o índice em direção a novos fundos – próximos suportes em 60.300 e 59.300 pontos; resistências em 63.300 e 65.300.
Confira no anexo a íntegra do relatório CARTEIRA SUGERIDA, elaborado por RENATO ODO, CNPI-P Analista Sênior, e JOSÉ ROBERTO DOS ANJOS, CNPI-P Analista Sênior, ambos do BB Investimentos