Diário do Mercado na 4ª feira, 19.07.2017
Dólar e juros mantêm tendência de queda enquanto Bovespa reage negativamente a rumores de elevação de impostos
Resumo.
A sessão foi marcada por desconforto dos agentes em meio a maiores especulações quanto a um aumento na carga tributária para suplementação da arrecadação da união.
Apesar do viés, que foi mais sentido na bolsa, os mercados de juros e câmbio mantiveram a trajetória otimista por conta de mais um dado deflacionário e também a continuidade de forte fluxo estrangeiro para o país.
Ibovespa.
O viés de queda já era visto desde a abertura dos negócios, embora com característica de pontual realização. Próximo do meio dia, no entanto, após a divulgação do dado de arrecadação de impostos, as perdas se intensificaram, lideradas pelas empresas do setor financeiro – o de maior peso no índice.
Em meados da tarde, porém, houve recuperação trazida por empresas ligadas a commodities, em especial a Petrobras, que reagiu positivamente a mais uma alta do petróleo no mercado internacional.
O benchmark da bolsa brasileira findou aos 65183 pts (-0,24%), com giro financeiro preliminar da Bovespa em R$ 6,02 bilhões, sendo R$ 5,82 bilhões no mercado à vista.
Capítais Externos na Bolsa - O capital externo na bolsa, com a ingresso de de R$ 419,8 milhões em 17 de julho, passou a somar neste mês saldo positivo em R$ 1,954 bilhão. Em 2017, está acumulando agora R$ 6,845 bilhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, a arrecadação de impostos de junho foi de R$ 104,1 bilhões. Com isto, o aumento real no primeiro semestre foi de 0,77% e totalizou R$ 648,58 bilhões.
Apesar da arrecadação de junho ter vindo ligeiramente acima do esperado (estimativa R$ 102,8 bi), o cenário base – segundo a percepção de mercado – deverá ser o de um inevitável aumento na carga tributária, dado que, devido ao ambiente recessivo, a arrecadação seria insuficiente para cumprir a meta do déficit estipulado para este ano, em R$ 139 bilhões.
Tal tese ganha ainda mais força dado que a atual espiral desinflacionária dá espaço para tal movimento ser atenuado quanto a um impacto sobre o nível geral de preços, já que o IPCA deve fechar o ano bastante aquém do centro da meta em 4,5%.
Estima-se que a CIDE e o PIS/Cofins sobre combustíveis estejam entre os tributos de opção dadas suas maiores facilidades de aprovação e rapidez de resultados.
Ainda domesticamente, a inflação medida na segunda prévia do IGP-M de julho mostrou uma queda de 0,71%. Mesmo menos cadente do que aguardado pelo mercado (-0,80%), o dado reforçou a ideia de existência de espaço para um corte mais vultoso pelo Copom na Selic na próxima reunião, a ocorrer na próxima quarta-feira (26/jul), já que no acumulado do ano a deflação chega a 2,65%, e nos últimos 12 meses a 1,66%.
Nos EUA, em contraposição aos recentes dados fracos de vendas no varejo e inflação, hoje dados melhores do que esperado no mercado imobiliário surpreenderam. A construção de casas novas e alvarás para construções cresceram na passagem de maio para junho em 8,3% e 7,4% respectivamente.
Câmbio e CDS.
Ante o real, houve predomínio da tendência de queda graças à expectativa de maior ingresso de divisas no Brasil para os próximos meses por conta de operações de ofertas de ações (IPOs).
A divisa norte-americana findou os negócios a R$ 3,1480 (-0,22%). O CDS brasileiro de 5 anos cedeu a 216 pontos ante 221 do fechamento da véspera.
Juros. Os juros futuros recuaram ao longo de todos os vencimentos mas com maior oscilação na ponta longa com a sensibilidade em torno de uma possível elevação de impostos trazendo maior equilíbrio fiscal ao país.
Para a 5ª feira.
Destaque absoluto da semana, o IPCA-15 no Brasil será o direcionador para apostas finais quanto ao provável corte na Selic pelo Copom na próxima semana. No exterior dobradinha de política monetária com definições nos BCs europeu e japonês.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 4ªfeir, 19.07.2017, elaborado por RAFAEL FREDA REIS, CNPI-P, e WESLEY BERNABÉ, CNPI. ambos do BB Investimentos