Diário do Mercado na 5ª feira, 18.08.2017
Mais um golpe ao governo Trump eleva a aversão ao risco
Resumo.
O governo Trump sofre novo revés, desta vez devido à leitura pelos agentes de uma postura não enfática o suficiente em relação aos eventos de cunho racial ocorridos em Charlottesville no final de semana.
Com isso houve debandada de conselheiros da Casa Branca ligados a posições executivas em grandes corporações e, na manhã de hoje, haviam boatos que o diretor do Conselho Econômico Nacional também estaria planejando sua resignação.
Neste panorama, o clima nos negócios mundo afora pesou, com investidores aproveitando para embolsar lucros das recentes altas e aguardando novos desdobramentos da situação.
Domesticamente, passado os vencimentos de índice futuro e de opções sobre o índice – ambos na véspera, e sem novidades relevantes nem no front fiscal e nem no econômico em geral, o dia foi de ajustes de posições monitorando a atmosfera externa.
Ibovespa.
Após quatro sessões consecutivas em alta, que já somavam variação de +2,4%, o índice enfim realizou, reagindo ao mau humor nos negócios externos diante da sensibilidade elevada a um novo viés negativo sobre o governo Trump, catalisado ainda por um dado do setor industrial norte-americano mais fraco do que estimado.
O Ibovespa findou aos 67.976 pts (-0,90%) com o giro financeiro preliminar da Bovespa em R$ 7,571 bilhões, sendo R$ 7,304 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
O capital externo na bolsa, com a entrada de R$ 449,13 milhões em 15 de agosto passou a contabilizar no mês saldo líquido de R$ 1,319 bilhão. Em 2017, o acumulado situa-se agora em R$ 9,3 bilhões.
Agenda Econômica.
Agenda Econômica. No Brasil, a atividade econômica (IBC-Br) do mês de junho mostrou um avanço de +0,50% ante maio. A alta foi resultante das performances de varejo (+1,2% no conceito restrito e +2,5% no ampliado, que inclui materiais de construção e autopeças), e de serviços (+1,3%).
A indústria, por outro lado, mostrou estabilidade no período. O dado, que é considerado uma proxy do PIB, veio aquém da mediana das projeções dos analistas, de +0,70%, mas, fechou o segundo trimestre com oscilação de +0,25%, sendo a segunda leitura positiva consecutiva, já que o primeiro trimestre registrou alta de 1,22%.
O PIB do segundo trimestre, por sua vez, será conhecido em 1º de setembro próximo.
Nos EUA, a produção industrial de junho cedeu para +0,2% em julho versus +0,4% em junho, inferior ao +0,3% esperado pelo mercado.
Câmbio e CDS.
O aumento da aversão ao risco, denotada no CDS de 5 anos do Brasil (adotado como referência internacional), fez com que o real se desvalorizasse frente ao dólar norte-americano.
A taxa de câmbio entre as moedas encerrou em R$ 3,1760, em alta de 0,92%, acumulando agora -0,06% na semana, +1,83% no mês, -2,34% no ano e -0,87% em 12 meses.
O CDS brasileiro de 5 anos fechou a 207 pontos ante os 199 pts de ontem.
Juros.
Os juros doméstico acompanharam a elevação da incerteza política externa, que também havia se refletido sobre o câmbio. Assim, as taxas de curto prazo não tiveram maiores oscilações, mas, a partir do DI out/18, os juros foram ascendendo gradualmente, elevando a inclinação da parte mais longa da curva da estrutura a termo da taxa de juros.
Para a sexta-feira.
A agenda econômica prevê no Brasil dados inflacionários como o IPC-Fipe semanal e a segunda prévia do IGP-M de agosto, assim como a confiança industrial pela CNI.
A pauta fiscal e reformista segue no radar, embora o próximo capítulo seja apenas na terça-feira próxima, com a votação do parecer da MP 777, que trata da TLP, e também a votação da reforma política, que discorre em especial sobre a criação do fundo público para financiamento de campanhas, bem como a mudança do sistema eleitoral para o chamado “distritão”. Nos EUA, despontará o índice de confiança da Universidade de Michigan.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 5ª feira, 17.08.2017, elabordo por HAMILBON MOREIRA ALVES, CNPI-T, e RAFAEK FREDA REIS, CNPI-P, ambos da equipe do BB Invesimentos.