Diário do Mercado na 4ª feira, 16.08.2017
Meta fiscal desconfortável é compensada com S&P e Fomc
Resumo.
Conforme esperado pela maior parte do mercado, o governo anunciou, ainda na noite de ontem, a revisão da meta fiscal. A má notícia, que incluiu projeções menos otimistas não apenas para 2017 e 2018, mas também para 2019 e 2020 foi compensada parcialmente pelo anúncio da retirada da nota soberana brasileira do CreditWatch pela agência de risco S&P.
O movimento foi considerado pelos agentes como um “voto de confiança” na sustentabilidade das contas do país, apesar da revisão da meta, tendo em vista uma estabilização na atmosfera política após o afastamento da denúncia contra a presidência pela PGR no início do mês.
À tarde, a ata do Fomc solidificou a melhora do clima doméstico.
Ibovespa.
Em dia de vencimento de índice futuro, o Ibovespa mostrou comportamento errático, alternando entre uma abertura em alta, um recuo, e um retorno ao território positivo por volta das 14h, com mais um pequeno avanço após a ata do Fomc às 15h, e terminando a sessão no meio do caminho.
Influenciado especialmente pelo mercado externo, que viveu uma sessão de manutenção do bom humor, e ainda pela performance das ações da Vale, o Ibovespa findou aos 68.594 pts (+0,35%) com o giro financeiro preliminar da Bovespa em R$ 15,93 bilhões, sendo R$ 15,50 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
O capital externo à bolsa, com a entrada de R$ 476,20 milhões em 14 de agosto passou a totalizar no mês saldo líquido de R$ 870,56 milhões. Em 2017 o acumulado situa-se em R$ 8,87 bilhões.
Agenda Econômica.
O maior destaque do dia ficou por conta da Ata do Fomc nos EUA. O documento, que em oposição ao parco comunicado que acompanhou a decisão tomada pelo comitê em 26 de julho evidenciou a postura mais dovish já antecipada pelo mercado.
Os trechos mais relevantes da Ata discorreram sobre a divergência entre os dirigentes da autoridade monetária acerca da dinâmica inflacionária, cuja fraqueza vista nas últimas leituras coloca em xeque o processo de normalização das taxas de juros em andamento por lá.
O panorama se torna ainda mais duvidoso dado que a inflação dá sinais de fraqueza concomitante a um mercado de trabalho que avança em ritmo satisfatório, considerado em “pleno emprego”, com taxa de desocupação atualmente em 4,37%.
Mediante a publicação da ata, arrefeceu ainda mais a expectativa de um novo aumento de juros por lá em dezembro, período outrora considerado consenso para o movimento contracionista. Neste momento a maior probabilidade de alta vai se deslocando de março de 2018 (53,8%) apenas para junho (62,8%).
Câmbio e CDS.
A ata do Fomc, que provocou uma postergação das expectativas de aumento dos juros nos EUA com seu teor brando deflagrou desvalorização do dólar ante moedas pares no mercado internacional. Ante o real o dólar findou a R$ 3,1513 (-0,81%).
Risco País - O CDS brasileiro de 5 anos fechou a 199 pontos ante 201 da véspera.
Juros.
Os juros futuros operaram em ligeira baixa ao longo da estrutura a termo da curva, respondendo à positiva surpresa da retirada da nota brasileira do CreditWatch pela S&P, que compensou o anúncio das novas metas fiscais.
Apesar dos volumes de 2017 e 2018 terem vindo conforme esperados (respectivamente de R$ 139 para R$ 159 bilhões e de R$ 129 para R$ 159 bilhões), houve desconforto com revisões adicionais de 2018 e 2019 (respectivamente de R$ 65 para 139 bilhões e de superávit de R$ 10 para déficit de 65 bilhões).
Para a quinta-feira.
No Brasil, o IBC-Br (atividade econômica) de junho, que é considerado uma proxy do dado do PIB despontará. Nos EUA, produção industrial de julho também se destaca.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 4ª feira, 16.08.2017, elaborado por HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, Analista Senior, e RAFAEL FREDA REIS, CNPI-P, analista, ambos da equipe do BB Investimentos