O papa Francisco anunciou nesta 5ª feira, 21.09, que um religioso efetivamente condenado por abuso sexual contra um menor de idade não poderá apresentar recurso e jamais terá a graça concedida.
O pontífice fez este anúncio ao receber os membros da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores, organismo criado por ele há quatro anos para trabalhar pela educação e prevenção de abusos dentro Igreja Católica. A informação é da EFE.
Francisco, que tinha um discurso escrito, deixou o protocolo de lado para falar de improviso sobre algumas das preocupações e acusações de atraso que surgiram sobre como a Igreja está enfrentando o problema e reconheceu que existe lentidão na hora de analisar os muitos casos que chegam.
Segundo o papa, os atrasos se devem a dois fatores: falta de pessoal e os vários pedidos de recurso.
"Os advogados trabalham para tentar diminuir a pena, porque é disso que os advogados vivem",
explicou o pontífice, lembrando que então todos os aspectos legais são analisados novamente, provocando mais atraso.
Diante disso, Francisco anunciou que está trabalhando para que quando um abuso for provado, isso será suficiente para não admitir recurso.
"Se há provas, ponto. (A sentença) é definitiva",
declarou.
Para Francisco, uma pessoa que comete um abuso é "doente" e não pode ser perdoada porque pode voltar a cometer o mesmo crime dentro de pouco tempo.
"Temos que botar na cabeça que é uma doença",
afirmou ele, reiterando a
"tolerância zero contra os abusos".
Durante o seu discurso, o papa citou o árduo trabalho da Comissão e disse que a Igreja demorou a "tomar consciência" sobre este problema. Entre as pessoas que ouviram as palavras de Francisco estavam o inglês Peter Saunders e a irlandesa Marie Collins, que sofreram abusos sexuais de padres durante a infância.