Na semana passada, tivemos uma reunião com o Sr. Ronald Seckelmann, CFO da Usiminas, para nos atualizarmos com relação à empresa e o cenário esperado para este ano.
Saímos da reunião com nossa visão positiva reforçada, com as expectativas para este ano ganhando força com a recuperação econômica do país e a atual estratégia econômica da empresa colhendo os frutos, ajudada por fundamentos positivos.
Siderurgia.
Em 2017, vimos uma leve recuperação da indústria siderúrgica, impulsionada pelos setores automotivo e agrícola. De acordo com o IABr, as vendas de aço cresceram 2,3% em 2017 comparado a 2016 e o consumo aparente no país subiu 5,3% a/a.
Com relação à Usiminas, a empresa conseguiu desempenhar melhor que seus pares devido as medidas de reestruturação interna tomadas em 2016 e implementadas ao longo de 2017, além do crescimento da demanda em seu mercado de atuação.
Para este ano, a empresa espera que a demanda melhore, especialmente para produtos de maior valor agregado, como galvanizados.
Atualmente, a Usiminas conta com 2Mt de capacidade de laminados e a capacidade de galvanizados é suficiente para atender o crescimento da demanda por pelo menos dois anos sem que maiores investimentos sejam feitos.
O Sr. Seckelmann reafirmou que o alto-forno de Cubatão não deverá retornar antes de 2021.
Mineração.
A empresa reativou duas minas de minério de ferro com capacidade de produção de 6mt. De acordo com sua estratégia, de 3,5mt a 4,0mt devem ser direcionadas às exportações visando a aproveitar a alta demanda por produtos de alta qualidade na China.
Lembramos que o MF produzido pela Usiminas é um produto 64%Fe, comercializado com prêmio e, de acordo com o Sr. Seckelmann, o custo caixa C1 deve ficar abaixo de BRL 50/t, contra os BRL 60,2/t vistos no 3T17, ajudando as margens no setor e os resultados da companhia.
Outros negócios.
A unidade de Processamento do Aço (Soluções Usiminas) é responsável por melhorar a capilaridade do negócio de distribuição da empresa. A unidade tem performado positivamente e deve trazer resultados crescentes com a melhora da economia.
Por outro lado, os negócios de Bens de Capital (Usiminas Mecânica) ainda padecem. Como este segmento foca em indústrias que ainda não se recuperaram, como naval e óleo e gás, os resultados ainda estão no vermelho. Não obstante, pedidos de orçamentos estão na mesa, entretanto, uma retomada deve ser vista apenas em 2019.
Endividamento e Capex.
Para 2018, o capex total deve ficar em BRL 500 mn, incluindo BRL 150 mn transferidos de 2017 e, para 2019, a empresa espera gastar em torno de BRL 600 mn em manutenção e novos investimentos. A quantia de R$ 500 milhões a R$ 600 milhões deve ser o ‘novo normal’ para a Usiminas após sua reconfiguração industrial.
Com relação à alavancagem, a empresa anunciou em dezembro a amortização antecipada das notas emitidas pela Usiminas Comercial Ltda., no valor de US$ 89 milhões.
Além disso, mês passado, eles amortizaram na sua totalidade as notas emitidas em 2008, somando US$ 400 mn, dos quais US$ 220 mn voltaram para o caixa da companhia.
Após entregar resultados crescentes e um forte EBITDA, a companhia agora está apta a discutir a redução de seu débito e iniciar uma reestruturação financeira. A Usiminas visa a diminuir sua dívida bruta à BRL 5,0 bn até o fim deste ano, comparado à dívida atual de BRL 6,9 bn.
Opinião do analista.
Mantemos nossa visão otimista com relação ao papel, apoiados por
(i) os resultados esperados com o processo de reestruturação endereçado no passado,
(ii) a melhora em receita advindas dos segmentos de mineração e siderurgia e,
(iii) o melhor cenário para a economia brasileira.
Como falado, a dívida bruta deve diminuir, reduzindo despesas financeiras e melhorando a geração de caixa. Na nossa opinião, a empresa possui todas as ferramentas para desempenhar melhor que seus pares este ano, com resultados fortes e EBITDA crescente.
Além do mais, as questões relacionadas aos controladores, que no passado quase levaram a empresa à falência, devem ser minimizadas após a reunião do Conselho em abril, onde um novo conselho deve ser votado. Sendo assim, mantemos nosso preço-alvo para 2018 em R$ 13,00 com a recomendação Outperform, enquanto aguardamos os resultados do 4T17 no dia 09 de fevereiro.