Uma vez mais, a Suzano conseguiu trazer resultados acima das nossas, já otimistas, expectativas. No 4T17, os resultados não foram apenas beneficiados pelo cenário favorável com preços de celulose mais altos e maiores volumes vendidos em ambos os segmentos, mas também pela performance operacional, influenciada por custos e despesas menores.
As receitas somaram BRL 3,142 milhões (+21.1% q/q, +25.8% ano/ano e 6.7% acima das nossas estimativas), amparadas pelo aumento de 13% nos volumes vendidos t/t, apesar de estáveis a/a, em 1.287kt. COGS fecharam em R$ 1.819 milhões, 17,3% acima do trimestre anterior e 4,3% sobre o mesmo período de 2016.
Já 2017 como um todo, as receitas cresceram 6,5% ano/ano, para R$ 10.521 milhões, enquanto que os COGS ficaram em R$ 6,449 mn, caindo 1,9% a/a, resultado da estratégia da empresa que visa a reduzir seu custo caixa anual para R$L 570/t até 2018.
Em 2017, o custo caixa da Suzano ficou numa média de R$ 599/t, uma queda de 3,8% a/a. As vendas também melhoraram comparadas ao ano anterior, em 4.975 kton (+1,5%).
O EBITDA somou impressionantes R$ 1.425 milhões no trimestre, um aumento de 20,2% comparado ao 3T17 e 58,1% sobre o 4T16. Nossas expectativas era de R$ 1.183 milhões para o período.
Adicionalmente, a Fitch elevou a companhia à Nível de Investimento em razão de sua forte geração de caixa e redução acelerada da alavancagem. A Suzano também anunciou mais um aumento de preço de US$ 30/t para os mercados norte-americano e europeu, confirmando o momento positivo para produtores de celulose.
Além disso, a empresa firmou a compra de 9,5 mil há de terra da Duratex, por R 308,1 milhões, com a opção de comprar mais 20 mil há em julho deste ano. A decisão foi ancorada no objetivo da companhia de reduzir seu raio médio em suas plantas e, consequentemente, diminuir o custo caixa global. As terras adquiridas, no caso de concretização, apoiariam a construção de uma nova planta de celulose na região (ainda no papel).
Em relação a tissue, a conversão começou e a companhia lançou sua arca própria a ser oferecida nas regiões norte e nordeste do país. Lembramos que a Suzano adquiriu a FACEPA em dezembro de 2017, produtora de tissue, com capacidade nominal de 50 kton, pela quantia de R$ 310 milhões. Com a aquisição, a Suzano contará com uma capacidade de 170 kton e espera gerar um FCL de BRL 120 mn até o 4T18 e R$ 160 milhões no próximo ano.
Mantemo-nos positivos com relação à empresa e ressaltamos os fatores que corroboram nossa visão para o ano:
(i) novas máquinas de papel e questões ambientais na China poderão suavizar as pressões nos preços de celulose, apesar da nova oferta vindo ao mercado
(ii) segmento de papel seguindo os melhores indicadores da economia brasileira.
Na visão micro, enfatizamos nossos comentários anteriores com relação à
(i) foco no controle estrito de custos e despesas,
(ii) a entrada no segmento de tissue,
(iii) a estratégia “Suzano Mais” no segmento de papel e
(iv) a possibilidade de investimento em nova planta de celulose.
Riscos.
Dentre os riscos que podem afetar nossa tese de investimentos, destacamos
(i) possível pressão nos preços de celulose que poderiam limitar a geração de caixa da empresa,
(ii) desaceleração da demanda na China, maior mercado consumidor,
(iii) uma retomada consistente da economia brasileira mais longa que o esperado e,
(iv) as taxas de câmbio, no caso de um real mais forte.
Preço-Alvo 2018 R$ 25,00, Outperform
Com isso em mente, e considerando todos os aspectos positivos que já mencionamos, mantemos nosso preço-alvo 2018 em R$ 25,00, com recomendação Outperform.
Dependendo dos resultados apresentados a partir do 1T18 e, confirmando que o maior risco a nossa tese em termos de pressões de preços de celulose, poderemos revisar nosso preçoalvo para SUZB3.
Celulose: EBITDA forte com preços e volumes mais altos.
O volume vendido de celulose subiu 14,8% t/t para 953 kton. Os preços médios negociados pela empresa também subiram, chegando a R$ 2,203/t, +11,5% t/t e +39% a/a.
Consequentemente, as receitas totalizaram R$ 2.099 milhões, 38,2% acima a/a e 28% t/t. O custo caixa ficou em R$ 614/t (sem paradas), 2,7% abaixo do 3T17. O EBITDA para o segmento somou R$ 1.164 mlhões, com margem EBITDA de 55.5%.
Papel: margens impactadas por parada de manutenção.
A produção de papel no 4T17 chegou a 299 kton, estável a/a e t/t, apesar da parada para manutenção. As vendas, por outro lado, subiram 7,8% t/t e 5,4% a/a com o adiamento do PNLD para o 4T17. Contudo, devido aos menores custos diluídos, o EBITDA veio em BRL 780 mn, caindo 15% t/t e 2% a/a.
Alavancagem e Resultado Financeiro.
O resultado financeiro veio negativo em R$ 736 milhões, impactado por
(i) despesas financeiras de R$ 343 milhões,
(ii) receita financeira de R$ 57 milhões,,
(iii) impacto de variação monetária de -R$ 342 milhões, e
(iv) perdas com derivativos de R$ 108 milhões,.
Assim, o lucro líquido fechou em R$ 358 milhões no 4T. No ano, o LL somou R$ 1.807 milhões. Com relação ao endividamento, a dívida bruta reduziu a R$ 12.192 milhões, variando +7.2%t/t e -13% a/a. A dívida líquida ficou em R$ 9.484 milhões (+2,2% t/t, mas -8,1