KLABIN - Resultado no 1º Trimestre de 2018
Mercado Interno recuperando
Ontem, 26.04.2018, a Klabin trouxe resultados crescentes para o 1T18, impulsionados pelo forte desempenho de vendas no mercado doméstico. A melhora nas receitas foi um resultado de melhor mix de produtos e maiores preços realizados.
Com COGS reduzindo devido a maior disciplina, o EBITDA para o período vem em R$ 759 milhões, subindo 41% a/a (apesar de queda de 11,2% t/t) e em linha com as estimativas do BB-BI de R$ 763 milhões.
Como mencionamos no nosso relatório de Prévias, os resultados do 1T deveriam ser impactados por melhores volumes vendidos a/a e pelo negócio de conversão. Adicionalmente, maiores preços internacionais, principalmente para celulose e kraftliner, também contribuiriam para as receitas no período.
De fato, seguindo a demanda na Europa e na China, os preços de kraftliner subiram internacionalmente. No período, os preços médios ficaram em EUR 884.8/t no europeu, ante EUR 818.7/t no 4T17.
Não obstante, as vendas para o mercado doméstico cresceram, mais uma vez, espelhando a melhora na economia brasileira, especialmente para produtores de alimentos e produtos não-duráveis. No trimestre, as vendas internas representaram 51%, contra 46% no 1T17.
Com relação aos preços de celulose, os preços médios de BHKP na Europa ficaram USD 1.014/t no 1T18 (+6.5% t/t), refletindo os últimos aumentos de preço anunciados. Na China, em média, a BHKP ficou em USD 760/t, 3.0% acima t/t. Já para a NBSK na Europa, o aumento foi de 10.9% t/t à USD 1.065/t.
Os fundamentos no segmento se mantêm com a demanda na China mantendo sua tendência ascendente, respondendo às restrições sobre a fibra reciclada, impactando diretamente a busca por fibra virgem. Entretanto, temos que considerar a quantidade de oferta vindo ao mercado este ano, a qual poderá limitar o poder de barganha dos fornecedores em relação aos aumentos de preços, como vimos em 2017.
Com isso em mente, acreditamos que a empresa continue trazendo resultados resilientes e equilibrados, desempenhando positivamente em ambos os segmentos de papel e celulose. Com a economia brasileira ganhando força, as receitas de papel devem crescer também refletindo maiores volumes e preços realizados mais altos.
Destacamos a habilidade da companhia em adaptar sua produção de acordo com as condições de mercado, alternando entre kraftliner e produtos de conversão.
A planta Puma deve também contribuir para os resultados futuros da companhia, considerando que as perspectivas para preço e demanda de celulose mantêm-se aquecidas, principalmente por causa da China. Até junho, devemos ter novidades sobre a nova máquina de papel a ser construída nos próximos trimestres (com capex aproximado de USD 1 bi).
Os riscos se mantêm:
(i) pressões de preços sobre a celulose que poderiam limitar a geração de caixa da empresa e, consequentemente, sua capacidade de desalavancagem e,
(ii) uma retomada da economia brasileira mais lenta do que esperado.
Market Perform e 2018E de R$ 22,00
Dado que as receitas devam ser parcialmente limitadas pela capacidade de produção da companhia, a qual já chegou a sua totalidade, acreditamos que os ganhos também possam estar limitados no curto-prazo.
A alavancagem da companhia apesar de reduzindo ainda se mantém como um ponto de atenção. Assim, mantemos nosso preço-alvo 2018E em R$ 22,00, com recomendação de Market Perform.
Resultados consolidados
O volume de vendas ficou estável a/a, em 761 kton (estimativas BBBI de 802 kton) com a participação do mercado interno subindo a 51% das vendas totais, contra 46% no mesmo período do ano passado. A maior contribuição veio dos produtos de kraftliner, os quais subiram 4,5% no período. As vendas de celulose ficaram em 313kton no trimestre, um aumento de 3,6% a/a, apesar de queda de 13,9% t/t.
Já para papel, os volumes somaram 448kton no 1T18, queda de 2& a/a. As receitas somaram R$ 2.189 milhões, em linha com nossas estimativas e -4,7% t/t, porém alta de 17,3% a/a. As receitas de papel subiram 6% a/a, com a demanda interna contribuindo positivamente. Os COGS somaram R$ 1.558 milhões, alta de 2% a/a, apesar do aumento de 17% nas receitas.
Desempenho de celulose: paradas de manutenção impactam volumes
A produção de celulose foi afetada pela parada de manutenção em Puma e ficou em 281kton, queda de 29% t/t, mas alta de 2% a/a. As vendas, então, somaram 313 kton, queda de 14% t/t, mas 4% acima a/a.
O maior contribuição veio da fibra longa que melhorou 4% a/a (apesar da queda de 15% t/t). As receitas somaram R$ 684 milhões, subindo 52% a/a devido à alta nos preços de celulose e nos volumes vendidos (apesar da queda de 6% t/t).
O custo caixa ficou em R$ 802/t no trimestre, em razão de menores custos diluídos e da parada de manutenção. Ex-parada, o custo foi de R$ 690/t, contra R$ 681/t no trimestre anterior.
Desempenho de papel: kraftliner contribuindo positivamente
As receitas de kraftliner e papel cartão ficaram subiram 8% comparada ao mesmo período do ano passado, para R$ 727 milhões, amparadas por
(i) maiores volumes e
(ii) melhores preços realizados.
Com a alta nos preços de kraftliner no mercado internacional, Klabin optou por aumentar as vendas do produto no período visando a aproveitar o momento positivo. Com relação ao negócio de conversão, houve aumento de 2% a/a no volume de vendas, que ficou em 189kton. Assim, as receitas adiram R$ 665 milhões, aumento de 5% a/a.
Resultado Financeiro e Alavancagem.
A dívida bruta chegou a R$ 17.698 milhões, R$ 1.852 milhões abaixo do 4T17 devido a antecipação de alguns débitos. A dívida líquida ficou em R$ 11.108 milhões, 1,5% abaixo do 4T17.
A dívida líquida/EBITDA caiu para 3,8x, contra 4,1 no trimestre anterior, ainda não no ritmo que esperávamos. As despesas financeiras somaram R$ 346 milhões, alta de R$ 38 milhões t/t. Em relação às receitas, houve aumento de R$ 30 milhões, para R$ 136 milhões.
A variação cambial ficou estável em R$ 52 mn. Por fim, o resultado financeiro fechou negativo em R$ 693 milhões trazendo resultado liquido de R$ 125 milhões.
Confira no anexo a íntegra o relatório de análise do desempenho da KLABIN no 1º trimestre de 2018, elaborado por Gabriela E Cortez, CNPI Analista Senior, do BB Investimentos