Diário de Mercado, na 2ª feira, 30 de abril 2018
Cautela em relação à geopolítica e agenda da semana derrubam bolsas
Resumo.
O receio foi gerado por questões geopolíticas relacionadas ao Irã e pela agenda pesada que está por vir nos EUA.
A decisão do Fomc na próxima quarta-feira, com uma possível sinalização mais clara por parte do Fed sobre a trajetória dos juros norte-americanos até o fim de 2018, e a divulgação do relatório de emprego norte-americano na sexta-feira têm poder de criar novos direcionadores para os mercados.
Também, o baixo volume típico para uma véspera de feriado do dia trabalho - que pausará mercados acionários em diversos países - contribuiu para a baixa do Ibovespa.
Já o dólar subiu ao patamar mais alto desde junho de 2018, acima de R$ 3,50. Os juros futuros seguiram o mesmo caminho da divisa norte-americana e registraram leves altas em toda a estrutura da curva a termo.
Ibovespa.
Mesmo ensaiando alta pela manhã, quando chegou aos 87.350 pts (+0,34%) na máxima do dia, o índice brasileiro cedeu para terreno negativo antes do meio dia e manteve tendência declinante ao longo do restante da sessão.
O setor financeiro foi preponderante para a moderada queda do Ibovespa, com recuos de Bradesco, Itaú e B3. Já as tensões geopolíticas contribuíram para a alta dos preços do petróleo, favorecendo as ações da Petrobras, que ao lado da Vale, suavizaram a queda doméstico.
O Ibovespa fechou aos 86.115 pts (-0,38%), encerrando o mês de abril em alta de +0,88%, acumulando +12,71% no ano e +31,67% em 12 meses. O parco giro preliminar da Bovespa foi de R$ 7,495 bilhões, sendo R$ 7,280 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
Na 5ª feira, 26.04, último dado disponível, houve ingresso líquido de capital estrangeiro em R$ 511,359 milhões na bolsa, acumulando R$ 4,141 bilhões no mês e R$ 4,184 bilhões no ano.
Agenda Econômica.
No Brasil, o setor público consolidado registrou déficit primário de R$ 25,1 bilhões [record*] em março, ante déficit de R$ 17,1 bilhões em fevereiro – abaixo do consenso de saldo negativo de R$ 24,5 bilhões.
Já o déficit nominal foi de R$ 57,6 bilhões em março, ao passo que o gasto com juros pelo setor público consolidado ficou em R$ 32,5 bilhões.
A dívida líquida atingiu o montante de R$ 3,463 trilhões em março e a relação dívida líquida/PIB subiu de 52,0% em fevereiro para 52,3% em março, em linha com a projeção. [A dívida bruta atingiu em março/2018 a cifra de R$ 4,894 Trilhões, equivalente a 75,3% do PIB; em fevereiro/2018, fora 75,1%]*
Nos EUA, o PCE variou +0,2% em março, o mesmo que o observado em fevereiro (+0,2%) e – o mesmo que o consenso (+0,2%). Na comparação anual, o índice avançou +1,9% em março, ante +1,9% na leitura anterior – em linha com a projeção de +1,9%.
Câmbio e CDS. O dólar comercial (interbancário) voltou a subir hoje após três recuos seguidos. A forte alta da moeda no mercado doméstico seguiu o movimento predominante de apreciação da divisa no exterior, ante moedas de economias desenvolvidas e também ante emergentes.
O dólar fechou cotado a R$ 3,5040 (+1,21%), encerrando o mês de abril com alta de +6,09%, acumulando +5,70% no ano e +10,26% em 12 meses.
Risco País em ascenção
O risco medido pelo CDS Brasil 5 anos subiu a 174 pts na 2ª feira, 30.4,, ante 169 pts da 6ª feira anterior.
Juros.
Os juros futuros interromperam recuos recentes com ligeiros avanços em toda a curva de sua estrutura a termo. Os ajustes de alta foram mais relevantes nos contratos de médio e longo prazos, com forte influência vindo da firme apreciação do dólar.
Para a semana.
Brasil: IPC-S / FGV, PMI Manufatura, Balança comercial mensal, Utilização da capacidade CNI (SA), Vendas de veículos Fenabrave, IPC FIPE - mensal, Produção industrial;
EUA: PMI Manufatura, Manufaturados ISM, ADP Variação setor empregos, Decisão taxa FOMC, Produtividade de produtos não-agrícolas, Custo da mão-de-obra, Balança comercial, Pedidos de bens duráveis;
Alemanha: PMI Manufatura;
França: PMI Manufatura;
Zona do Euro: PMI Manufatura;
Japão: PMI Manufatura;
China: PMI Manufatura.
[* Notas da Redação JF]
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 2ª feira, 30.04.2018, elaborado por RICARDO VIEITES, CNPI, e HAMILTON MOREIRA ALVES, CNPI-T, ambos do BB Investimentos