Diário de Mercado na 3ª feira, 29.05.2018
Alívio na greve dos caminhoneiros traz dia positivo ao Ibovespa
Resumo.
O arrefecimento do movimento grevista dos caminhoneiros foi bem recebido pelos investidores, que retornaram às compras na 3ª feira.
Se por um lado a melhora no clima, e os preços mais atrativos graças às fortes realizações dos últimos pregões encorajaram, a postura defensiva ainda foi sentida, já que não há um consenso preciso quanto aos danos causados pelos oito dias de desabastecimento nos mais diversos setores da economia.
O movimento de alívio só não foi maior por conta da tensão oriunda do exterior, que contou com turbulências políticas na Itália, que deflagraram as maiores quedas nas bolsas europeias desde março, e direcionaram os investidores aos US Treasuries em busca por segurança.
Apesar do clima menos conturbado na renda variável doméstica, os juros tiveram novo dia de escalada, e o dólar operou próximo à estabilidade.
No radar dos investidores agora ingressa a greve dos petroleiros, ainda que seus impactos devam ser pouco sentidos, já que devido à greve dos caminhoneiros as refinarias se encontram com elevado estoque, e a produção de petróleo por força de lei não pode ficar abaixo de 30% da capacidade instalada.
Ibovespa.
A alta do dia, na decomposição, pode ser praticamente atribuída à Petrobras, já que o somatório dos volumes das ações ON (PETR3: +12,78%) e PN (PETR4: +14,84%) representou aproximadamente 25% do volume transacionado.
O setor de siderurgia também apresentou alta expressiva em quase sua totalidade, enquanto a Vale mostrou retração, tendo o setor financeiro apresentado comportamento misto.
O índice encerrou aos 76.071 pts (+0,95%), acumulando recuo de 11,66% no mês, -0,43% no ano e alta de 19,31% em 12 meses. O volume preliminar da Bovespa foi de R$ 15,87 bilhões, sendo R$ 15,33 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa.
Na 6ª feira, 25.05, último dado disponível, houve retirada líquida de capital estrangeiro em R$ 185,56 milhões da bolsa, marcando a sétima sessão seguida negativa. O saldo negativo de maio se intensificou para R$ 5,673 bilhões e o saldo no ano, passou a ser deficitário em R$ 1,251 bilhão.
Agenda Econômica.
No Brasil, a inflação medida pelo IGP-M em maio variou 1,38%, ligeiramente acima das estimativas dos analistas (1,25%), com o impacto cambial das recentes altas já se manifestando sobre alguns componentes do indicador.
A taxa de desemprego nacional (Pnad contínua) arrefeceu ligeiramente, a 12,9% na média móvel trimestral finda em abril ante 13,1% em março. A leitura denota ainda condições frágeis no mercado de trabalho, tanto no quesito salários quanto na qualidade das vagas criadas, que permanecem em maioria com caráter informal.
Câmbio e CDS.
O dólar comercial (interbancário) teve mais um dia de apreciação, embora em intensidade mais modesta, em sessão que contou com mais swaps pelo Bacen.
Ante o real, a divisa fechou cotada a R$ 3,7474 (0,26%), e acumula alta de 6,87% no mês, 13,26% no ano e 14,58% em 12 meses.
Risco País
O risco medido pelo CDS Brasil 5 anos disparou aos 211 pts, ante 193 pts na véspera.
Juros.
Os juros futuros operaram em alta na sessão, refletindo primordialmente no Brasil a má aceitação do mercado ao leilão de compra de Notas do Tesouro série F (NTN-F), e também a percepção de piora no cenário externo com novos indícios de guerra comercial EUA x China, além de turbulências políticas na Itália e Espanha.
Para a semana.
No Brasil, destaque para dados do PIB e PMI da manufaturados. Já nos EUA, ênfase absoluta para a divulgação do PCE e seu núcleo (inflação ao consumidor), assim como a segunda prévia do PIB do 1T18, e dados do mercado de trabalho com o payroll.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 3ª feira, 29.05.2018, elaborado por RICARDO VIEITES, CNPI, e RAFAEL FREDA REIS, CNPI-P, ambos do BB Investimentos.