Mineração - Update
30.05.2018
SimexMin 2018: VII Simpósio Brasileiro de Exploração Mineral
Na semana passada, tivemos a oportunidade de palestrar no VII Simpósio Brasileiro de Exploração Mineral, em Ouro Preto, Minas Gerais, um polo de mineração no Brasil.
Muitos são os desafios do setor, especialmente em um momento de menores preços de commodities minerais. Assim, os investimentos em mineração demandarão cuidado e estudo detalhado de viabilidade para projetos nos próximos ciclos.
Visando a endereçar os próximos passos no setor, o comitê organizacional do SimexMin 2018 selecionou o assunto e as palestras de seus doze seminários focando, principalmente, em viabilidade de projetos e novas tendências na caracterização de depósitos minerais.
Nossa palestra foi construída sob o tema “Economia Global e seus drivers para as próximas décadas”, onde discutimos as tendências para o segmento nos próximos anos e o seu potencial impacto da demanda futura de commodities.
Nossa intenção neste relatório é prover alguns insights que poderiam afetar os mercados de commodities minerais. Para tal, agrupamos os tópicos em quatro grandes blocos e devemos discuti-los com mais profundidade ao longo do relatório.
1. O mundo está crescendo novamente: O Banco Mundial projeta um crescimento de PIB para o mundo em 3,1% este ano, e este crescimento deve aumentar o consumo de alguns materiais específicos nos anos seguintes;
2. A Economia Chinesa e o movimento de ‘Busca pela Qualidade”: as mudanças estruturais acontecendo na China devem continuar a impulsionar o consumo de commodities de alta-qualidade a fim de aumentar eficiência;
3. Novas Tendências: tudo-em-um, um-em-tudo: o mundo está mudando e como interagimos com essas mudanças irá afetar a maneira que consumimos recursos a partir de agora;
4. Veículos Elétricos: chegou a hora?! É agora?!: Como os veículos elétricos (VEs) podem desestabilizar toda uma economia baseada em óleo e como isto afeta o consumo de energia no futuro.
Apesar do que vemos em relação ao crescimento mundial, com as economias gradualmente retomando investimentos em infraestrutura e os níveis de confiança do consumidor melhorando, o impacto nas commodities minerais deverá variar de acordo com sua disponibilidade e aplicações.
Além do mais, a China continuará a ditar as regras em termo de demanda de produtos de alta qualidade, pagando mais por produtos premiums.
Outro ponto a considerar inclui como a tecnologia tem mudado a maneira que vivemos e, consequentemente, a maneira que consumimos. As baterias deverão ter um papel crucial em nossas vidas no futuro e as commodities minerais serão fundamentais para este avanço, principalmente com relação aos carros elétricos.
No que tange as empresas de mineração no Brasil, está claro que o desempenho futuro dependerá da qualidade de seus produtos, sua habilidade de produzir a custos mais baixos, mas principalmente, dos investimentos em P&D a fim de tornar novas aplicações possíveis.
Especificamente no caso da Vale, vemos grande potencial para a companhia, considerando sua posição estratégica no segmento de minerais ferrosos, com seus produtos de alta qualidade e, agora, seu foco no segmento de materiais básicos, especificamente para níquel.
Entretanto, o impulso no segmento de metais básicos dependerá fortemente do avanço do mercado de baterias. Os ventos estão a favor, visto que os carros elétricos, por exemplo, têm ganhado importância em nossa sociedade. Com o aumento de produção de VEs, a demanda por níquel e outros materiais deve subir, e também seus preços. Sendo este o caso, as receitas da Vale podem aumentar consideravelmente, com melhores preços de níquel, impactando diretamente no seu EBITDA e, consequentemente, nos dividendos.
Fizemos um exercício com os preços de níquel chegando em USD 19.000/t a USD 20.000/t em cinco anos (de volta aos níveis de 2014). Neste cenário, considerando o aumento de demanda de produtos Classe I devido a um melhor mercado de baterias e, por conseguinte, melhores prêmios por produtos de maior qualidade, a Vale poderia ter um aumento de ~25% no seu valor de mercado, apenas com os avanços no segmento de metais básicos (ceteris paribus nos negócios de minerais ferrosos e carvão). O potencial é enorme e as coisas estão acontecendo mais rápido que o esperado.
Já para o segmento de minerais ferrosos, temos em nosso modelo preços para o MF 62% para 2018 em USD 70/t, considerando uma demanda ainda aquecida na China e a demanda por produtos premiums já mencionada nos nossos relatórios anteriores. Apesar de ainda não considerarmos os preços mais altos para o níquel em nosso modelo e o preço atual de VALE3 continuar abaixo do nosso preço-alvo para 2018 de R$ 56,00/ação (USD 16,50), decidimos manter nossa recomendação de Outperform, dada a possibilidade de possíveis upsides no caso de um melhor cenário para níquel.
Leia no anexo a integra do relatório para mais detalhes sobre nossa opinião nas novas tendências.