BB-BI - Relatório Setorial da CONSTRUÇÃO CIVIL - Maio/2018
Em maio, as ações do setor imobiliário brasileiro foram impactadas por três eventos:
(i) a divulgação dos resultados do 1T18;
(ii) a greve dos caminhoneiros em decorrência do preço do diesel e
(iii) a derrubada da liminar que negou o “Direito do Protocolo” na cidade de São Paulo.
Resultados no 1T18
As únicas empresas que apresentaram variação positiva de preços foram Gafisa e Direcional, em função dos fortes resultados do 1T18. Embora a Tenda também tenha apresentado resultados robustos, a TEND3 sofreu uma queda no final do mês devido à greve dos caminhoneiros, revertendo a tendência de alta observada ao longo de mês.
Greve dos Caminhoneiros
A greve dos caminhoneiros atrasou os trabalhos nos canteiros de obras, prejudicados principalmente pela falta de entrega de produtos perecíveis, como cimento.
Vale ressaltar, no entanto, que a greve pode causar um impacto maior no setor imobiliário no longo prazo, especialmente no segmento de baixa renda, uma vez que pode ocorrer uma redução orçamentária de 2019 para os programas sociais habitacionais do Governo ('Minha Casa Minha'), a fim de restabelecer a saúde fiscal doméstica.
Quanto aos resultados, os indicadores operacionais do 1T18 foram, em geral, positivos. Apesar da queda geral nos lançamentos (apenas 3 empresas tiveram aumento em lançamentos), praticamente todas as empresas apresentaram melhora quanto aos distratos em relação ao ano anterior e, como conseqüência, da receita líquida e estoque.
Do lado financeiro, ainda é significativa a diferença entre as empresas focadas no segmento de baixa renda e as focadas no segmento de média/alta renda, conforme detalhado abaixo.
No geral, as empresas que apresentaram melhor ROE UDM foram MRV, Eztec e Tenda, que também vem sendo negociadas por um maior P/BV (ROE UDM de 11,4%, 10,9% e 8,9%, respectivamente). A Gafisa e a Direcional, por outro lado, apesar do ROE UDM negativo, vêm apresentando melhoria dos seus indicadores financeiros e sendo negociadas atualmente a 0,6x P/BV, o que consideramos um ponto de entrada atraente.
Direito do Protocolo
Outro evento que impactou o desempenho das empresas foi a derrubada da liminar, na cidade de São Paulo, que suspendia o “Direito do Protocolo” na cidade.
O “Direito de Protocolo” dá às empresas a garantia de que seus projetos não precisarão ser revisados se houver mudanças na lei, correndo o risco de perder a viabilidade econômica com possíveisrestrições no número de andares, tamanho da área de construção, tipo de uso (residencial ou comercial), entre outros fatores.
Segundo pesquisa realizada pela Abrainc, a suspensão do “Protocolo de Direito” na cidade de São Paulo impactou 87 projetos, totalizando R$ 9,8 bilhões em VGV.
Com a revogação da liminar, as empresas que atuam na cidade de São Paulo (com destaque para Cyrela, Eztec e Gafisa) tiveram seus lançamentos de volta ao normal, evitando a necessidade de refazer seus projetos para obedecer a regras mais rígidas, o que ocasionaria menores margens e atrasos.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise Setorial da Construção Civil, elaborado por GEORGIA JORGE, CNPI, analista senior, do BB Investimentos