Agronegócio
Em Maio de 2018
Greve, menor confiança econômica e questões políticas levaram o mercado de capitais a perdas significativas
Após 3 meses de estabilidade, o índice Bovespa encerrou maio com queda de 10,87%, atingindo 76.753 pontos. A turbulência interna, a estrutura eleitoral incerta e a greve inesperada dos caminhoneiros, que deverão afetar o balanço das empresas no 2T18, pressionaram o mercado global no período.
A questão da guerra comercial EUA-China e a maior probabilidade de aumentos das taxas de juros nos EUA geraram tensão adicional no mercado. Apenas mid e small caps -- fora do radar, mas com boas perspectivas para 2018 -- acabaram subindo.
Nesse sentido, acompanhando a recuperação dos preços do etanol no mês, o SMTO3 cresceu 3,2% no período, seguido, mais uma vez, pelo SLCE3, com alta de 1,3% mês/mês, o último acumulando expressivo aumento de 145,1% no LTM. Por outro lado, a OFSA3 caiu 16,1% no mês.
Milho.
A seca em algumas regiões produtoras pode afetar a produtividade da 2ª safra. Assim, os produtores reduziram o ritmo das negociações, o que elevou os preços dos cereais.
Além disso, a greve dos caminhoneiros causou uma escassez de consumo, contribuindo para um aumento de preço ainda maior durante o mês. As exportações brasileiras em maio atingiram 56,9 mil toneladas (-81,7% aa).
Algodão.
Produtores focados em entregas relacionadas a contratos, a falta de estoques para negociar no mercado spot e a greve dos caminhoneiros levaram os preços a aumentar em maio. As exportações brasileiras no período atingiram 18,5 mil toneladas (-5,6% aa).
Soja.
Devido ao alto nível de estoques nos portos, as exportações de oleaginosas não foram prejudicadas durante a greve dos caminhoneiros. As expectativas de uma boa produtividade na safra brasileira e melhores condições climáticas nos EUA mantiveram os preços domésticos inalterados no final de maio. As exportações brasileiras no mês alcançaram 12.353,5 mil toneladas (+ 12,7% ano/ano).
Açúcar e Etanol.
A moagem no Centro-Sul, divulgada pela UNICA, atingiu 102,5 milhões de toneladas de cana (+ 27,3% ano/ano) até a 1ª quinzena de maio (último dado disponível), com um mix de 35,2% de açúcar (-9,0 pp ano/ano) e 64,77% de etanol.
Açúcar.
O esmagamento na região Centro-Sul foi interrompido devido à greve dos caminhoneiros que levou à falta de combustível nas usinas. Como resultado (e também após uma recuperação parcial dos preços dos adoçantes no mercado internacional), os preços subiram no período.
A produção de açúcar até a 1ª quinzena de maio (último dado disponível) divulgada pela UNICA atingiu 4,1 milhões de toneladas (+ 4,9% ano/ano). As exportações de adoçantes brasileiros atingiram 2,17 milhões de toneladas (-14,1% ano/ano) em maio, segundo o MDIC, no valor de US$ 634,5 milhões (-38,8% ano/ano).
Etanol.
A necessidade de caixa para cumprir as obrigações no final de abril e início de maio, juntamente com a necessidade de liberar espaço para a entrada da produção da nova safra, levou as usinas a vender etanol a preços mais baixos.
Mais tarde, usinas e distribuidores começaram a intensificar as negociações com novos níveis de preços, antecipando novos preços para os combustíveis fósseis.
A produção de etanol até a 1ª quinzena de maio (último dado disponível) divulgada pela UNICA atingiu 4,8 milhões de litros (+ 54,8% ano/ano), 1,2 milhões de litros de etanol anidro (+ 8,9% ano/ano) e 3,6 milhões de litros etanol hidratado (+81,3% ano/ano).
Outlook Agro:
Milho.
O fim da greve dos caminhoneiros exigiu uma oferta adicional pelos centros de consumo. No entanto, o aumento nos preços de frete e a seca observada no outono em algumas das principais regiões produtoras do país serão os principais responsáveis pelo reajuste do preço do cereal. Apesar das perspectivas de uma menor 2ª safra, acreditamos em uma retração nos preços em junho, devido ao forte aumento de maio.
Algodão.
A contração dos compradores nos níveis atuais de preços e a intensificação da colheita de algodão ao longo de junho, com o consequente aumento da disponibilidade, deverão proporcionar uma retração nos preços do algodão nas próximas semanas.
Soja.
Esperamos que a soja aumente ao longo de junho devido a:
i) a substituição de sementes oleaginosas pela indústria,
(ii) a compra de farelo pelos mercados de aves e suínos,
(iii) a maior demanda externa devido à quebra de safra na Argentina, e
(iv) o lento ritmo das negociações pelos produtores, aguardando melhores preços durante a segunda metade do ano; ano.
Açúcar e Etanol.
Açúcar
O início do ano-safra 2018/19 mostrou um mix fortemente voltado para a produção de etanol. O maior ritmo de esmagamento, devido à falta de chuvas na região Centro-Sul, que responde por cerca de 90% da moagem de cana-de-açúcar, levanta dúvidas sobre os números de produção e produtividade a serem alcançados nesta safra (626,0 milhões de toneladas). cana a ser moída e 35,5 milhões de toneladas de açúcar a serem produzidas), segundo a Conab
Em seu último relatório mensal, a Organização Internacional do Açúcar (ISO) observa que o mês de maio mostrou um aumento nos preços do açúcar após 5 meses consecutivos de queda, bem como uma redução na posição líquida dos lotes de açúcar vendidos pelos fundos de hedge de 160,8 k lotes em 1º de maio a 79,6k lotes em 29 de maio, o que pode indicar alguma reversão na tendência dos preços.
A entidade também comentou a greve dos caminhoneiros, que interrompeu a produção de adoçantes na região Centro-Sul. Esse conjunto de fatores nos leva a acreditar na recuperação dos preços dos adoçantes. No entanto, a perspectiva de um superávit de produção continua trazendo alguma volatilidade de preços ao longo de junho.
Etanol.
Devido à alta acentuada do preço do etanol em maio e à queda do preço do petróleo verificada no início de junho, esperamos alguma pressão sobre os preços do etanol em junho, parcialmente compensados pelos efeitos da greve dos caminhoneiros.
Resultados divulgados em maio:
Ouro Fino (OFSA3).
A empresa divulgou os resultados do 1T18 em 8 de maio, registrando lucro líquido de R $ 3,6 milhões, devido ao aumento de vendas em animais de produção (+ 20,8% ano/ano), animais domésticos (+ 15,9% ano/ano) e operações internacionais (+38,8 % ano/ano) segmentos. Maior volume negociado, aumento de preços, valorização do câmbio em suas operações internacionais e melhores margens completaram positivamente o cenário.
SLC Agrícola (SLCE3).
A empresa divulgou seus resultados do 1T18 em 9 de maio, mostrando um grande aumento de 101,6% aa em seu lucro líquido, que atingiu R $ 169,3 milhões. O aumento nas vendas de algodão (+ 115,2% ano/ano), o milho (+ 40,5%) e os efeitos dos ativos biológicos levaram a empresa a alcançar um recorde em termos de rentabilidade.
Fertilizantes Heringer (FHER3).
A empresa divulgou seus resultados do 1T18 em 14 de maio, registrando perdas de 46,7 milhões, devido ao aumento nos custos e despesas, apesar do aumento de 1,2% ano/ano no volume entregue.
Confira no anexo a pintegra do relatório preparado por MÁRCIO MONTES, CNPI, Analista do BB Investimentos