Diário de Mercado na 4ª feira, 13.06.2018, contado pelo BB-BI
Ibovespa recua a menor patamar em sete meses em meio a ambiente mais hostil aos emergentes
Resumo.
O comunicado que acompanhou a decisão de juros do Fomc foi claro: os EUA caminham na trilha do crescimento consistente. Frases com afirmativas que indicavam que o núcleo da inflação permanecia baixo e que as taxas de juros permaneceriam também baixas foram retirados do comunicado, e, com isso, passou a se consolidar a visão de 4 altas de juros por lá neste ano.
O impacto inicial nos mercados foi agudo, mas o que veio na sequência foi uma entrevista do Chairman do Fed, que acabou por amenizar o viés hawkish (mais duro) da autoridade monetária.
No Brasil, sem grandes direcionadores dos lados político ou corporativo, a bolsa se retraiu ao menor nível desde novembro, enquanto o dólar ganhou força por conta do Fomc - carregando consigo a curva de juros futuros – mas encerrou estável ante forte atuação em swaps do Bacen.
Ibovespa.
O índice doméstico navegou na maior parte da sessão em terreno negativo e teve sua queda intensificada após a decisão do Fomc, quando renovou a pontuação mínima do dia, aos 71.035 pts (-2,36%).
O Ibovespa recuperou parte das perdas nas horas finais, mas não evitou recuo de 0,9%. Ambev, Vale e o setor financeiro caíram em peso. Na outra ponta, destaque para os desempenhos de Eletrobrás e CCR.
O Ibovespa fechou aos 71.122 pts (-0,87%), acumulando -6,03% no mês, -5,60% no ano e 16,65% em 12 meses. O volume financeiro preliminar da Bovespa foi de R$ 10,83 bilhões, sendo R$ 10,36 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
Na 2ª feira, 11.06, último dado disponível, houve saída líquida de capital estrangeiro em R$ 277,31 milhões da bolsa. No mês de junho o saldo é negativo em R$ 3,433 bilhões; já no ano, o saldo registra saída líquida de R$ 7,445 bilhões no ano.
Agenda Econômica.
Nos EUA, a decisão de juros pelo Fomc representou o maior evento da agenda econômica da semana. Enquanto a decisão unânime pela elevação do intervalo das Fed Funds em 0,25 pontos percentuais, para a range entre 1,75% e 2,0% ao ano não foi uma surpresa, o comunicado que a acompanhou trouxe informações novas e relevantes ao estudo de cenários futuros da dinâmica monetária do país.
O gráfico de pontos, que traz a visão de cada integrante do colegiado do Fed passou a consolidar a visão de mais duas altas de juros por lá ainda esse ano, na esteira da leitura de uma economia crescentemente robusta e inflação caminhando paulatinamente em direção à meta.
No Brasil, as vendas no varejo relativas ao mês de abril avançaram 1,0% ante março, e 0,6% na comparação ante abril de 2017 no seu conceito restrito. No conceito ampliado, que inclui a leitura de itens como materiais de construção e veículos, o avanço mensal foi de 0,6% e o anual ficou em 1,3%. Todos os dados vieram melhores do que aguardados pelos analistas.
Câmbio e CDS.
Entre altas e quedas, o dólar oscilou à mercê da definição de juros dos EUA, e teve seu momento de maior valorização ante o real momentos após a sua divulgação, quando o Bacen então interveio com o terceiro leilão de swaps do dia, abrandando o avanço da moeda.
A divisa fechou em R$ 3,7150 (+0,03%), recuando 0,46% no mês, e acumulando alta de 12,07% no ano e de 12,30% em 12 meses.
Risco País
O risco medido pelo CDS Brasil 5 anos cedeu a 264 pts, ante 265 pts da véspera.
Juros.
Analogamente ao mercado de câmbio, os juros tiveram seu momento de maior stress após a divulgação do comunicado da decisão do Fomc. À medida que o mercado foi digerindo o ocorrido, o ímpeto foi se reduzindo, mas não o suficiente para inverter o predominante avanço ao longo de toda a estrutura da curva futura de juros.
Para quinta-feira.
No Brasil ganham relevância os dados do IGP-10 da FGV. Já na zona do euro, destaque para a decisão do BCE sobre a taxa básica de juros, e, nos EUA, o foco estará nos dados do varejo e do seguro-desemprego.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 4ª feira, 13.06.2018, elaborado por RAFAEL REIS, CNPI-P, e e RICARDO VIEITES, CNPI, ambos do BB Investimentos