Diário de Mercado na 6ª feira, 15.06.2018
Ibovespa recua com incremento na tensão comercial entre EUA e China
Resumo.
Uma nova onda de tensão comercial entre EUA e China, com anúncio de taxação pelo primeiro sobre produtos importados do segundo e posterior retaliação chinesa, acabou por derrubar os mercados acionários pelo mundo e contaminar negativamente a bolsa doméstica, que perfez a quinta semana consecutiva de queda – a maior sequência desde janeiro de 2014.
Já pelos lados cambial e de juros houve alívio, no entanto, na esteira da influência de forte atuação do Banco Central nos leilões de swap cambial, que ajudou a amenizar o clima de maior aversão ao risco vindo do exterior.
Ibovespa.
Ainda que tenha recuperado parte das perdas ao longo do dia, o índice chegou a operar abaixo dos 70 mil pontos, uma importante marca psicológica no radar dos investidores.
As maiores contribuições para a queda vieram da dobradinha Petrobras e Vale, com a mineradora especialmente sentindo o impacto negativo advindo do aumento da tensão comercial entre EUA e China, o principal direcionador dos negócios em renda variável no dia.
O Ibovespa fechou aos 70.757 pts (-0,93%), acumulando -2,99% na semana, -7,81% no mês, -7,39% no ano e 14,27% em 12 meses. Na quarta-feira (13), último dado disponível, houve saída líquida de capital estrangeiro em R$ 431,30 milhões da bolsa.
No mês de junho o saldo é negativo em R$ 3,67 bilhões; já no ano, o saldo acumulado registra saída líquida de R$ 8,11 bilhões no ano.
Agenda Econômica.
No Brasil, o IBC-Br – índice de atividade econômica considerado uma proxy do PIB mensal – divulgado pelo Banco Central variou 0,46% na passagem de março para abril. No comparativo ante abril de 2017, a variação foi de 3,90%. Ambas as leituras vieram ligeiramente abaixo do consenso de mercado, respectivamente em 0,60% e 3,90%.
No entanto, houve revisão nos dados relativos ao mês de março, onde a margem mensal passou de -0,74% para -0,51%, e a anual de -0,66% para -0,55%, o que imprimiu à leitura do dado um viés neutro. Apesar do avanço, e de representar o melhor início de ano desde 2014, deve-se atentar para o dado de maio, que incluirá o impacto da greve dos caminhoneiros.
Câmbio e CDS.
O início do dia foi de queda do dólar frente ao real, mas diante de uma rápida reversão o Bacen tornou a intervir, cumprindo a promessa de despejo de US$ 24,5 bilhões ao longo desta semana, colocando leilão de swap cambial em 115 mil contratos hoje e já sinalizando mais US 10 bilhões para a próxima semana.
Com isso, a divisa, que chegou a operar acima dos R$ 3,81 recuou, e fechou o dia a R$ 3,7227 (-2,05%), acumulando 0,15% na semana, -0,51% no mês e 12,51% no ano.
Risco País
O risco medido pelo CDS Brasil 5 anos subiu para 271 pts versus 271 pts da véspera.
Juros.
As taxas de juros recuaram significativamente ao longo de toda a curva futura, tendo como principal direcionador o comportamento do câmbio, que recuou firme frente não apenas os leilões de swap do dia mas a sinalização por parte do Bacen de novas operações ao longo da próxima semana.
Para a próxima semana.
A agenda doméstica tem força, com uma bateria de dados inflacionários como a 2ª prévia do IGP-M de junho, o IPC-Fipe e o IPC-S relativo à segunda quadrissemana de junho, e o IPCA-15 de junho, além da decisão de juros pelo Copom na 4ª feira. O consenso atual é o da manutenção da Selic no patamar de 6,5%.
No âmbito externo destaque para dados do setor imobiliário e PMI da manufatura e serviços nos EUA, PMIs na França, Alemanha e Zona do Euro, além de decisão de juros no Reino Unido.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 6ª feira, 15.06.2018, elaborado por HAMITON MOREIRA ALVES, CNPI, e RAFAEL REIS, CNPI-P, integrantes do BB Investimentos.