Diário de Mercado na 3ª feira, 19.06.2018
Alívio doméstico contrapõe tensão comercial EUA x China e embala ganhos na bolsa
Resumo.
Mesmo com o clima de tensão entre os EUA e a China por conta da guerra comercial longe de se dissipar, o dia foi de alívio para os ativos no mercado doméstico.
Apesar da abertura da B3 em queda, um movimento de ligeira correção nas bolsas dos EUA, logo após o início do pregão por lá, elevou o apetite ao risco dos estrangeiros por ações brasileiras,
Isso acabou contagiando os mercados de juros, que recuaram na expectativa da manutenção da Selic na decisão do Copom na 4ª feira, e até mesmo o dólar, que chegou a recuar por parte do dia, mesmo sem intervenção adicional do Bacen, fato que não ocorria desde 11 de maio.
Ibovespa.
O índice da bolsa mostrou expressiva alta na sessão, puxado principalmente pelo setor bancário, o de maior peso, que por sua vez oscilou na expectativa ventilada sobre a possível votação no congresso do projeto que trata do cadastro positivo.
O movimento de alta também teve contribuição da Petrobras, que saltou em compasso de espera com a votação da cessão onerosa.
O Ibovespa fechou aos 71.394 pts (+2,26%), acumulando queda de 6,98% no mês, 6,55% no ano e alta de 15,13% em 12 meses. O volume financeiro preliminar da Bovespa foi de R$ 12,914 bilhões, sendo R$ 12,560 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
Na 6ª feira, 15.06, último dado disponível, houve saída líquida de capital estrangeiro em R$ 271,25 milhões da bolsa. No mês de junho o saldo está negativo em R$ 5,017 bilhões; já no ano, o saldo acumulado registra saída líquida de R$ 9,029 bilhões.
Agenda Econômica.
No Brasil, o IPC-Fipe relativo à segunda quadrissemana de junho avançou 0,84%, acelerando ante o mesmo período em maio (0,57%), e ligeiramente acima da mediana das estimativas dos analistas (0,82%).
Ainda no âmbito inflacionário, a segunda prévia do IGP-M de junho avançou 1,75% na passagem de maio para junho, também superando as projeções dos economistas, cuja mediana apontava para 1,67%.
Nos EUA, a construção de casas novas surpreendeu o mercado, ao variar 5,0% na passagem de abril para maio, margem bastante superior à expectativa do mercado em 1,9%. Já as licenças para construção ficaram aquém, registrando 1,301 milhão de licenças ante estimativas em 1,350 milhão de licenças.
Câmbio e CDS.
Apesar da abertura em alta, o comportamento do dólar terminou sendo contaminado pela melhoria do clima nos negócios domésticos, e o movimento se inverteu ao final da manhã.
Ao longo do dia o real chegou a apresentar a melhor performance ante a divisa norte-americana dentre as 16 principais moedas emergentes e 24 principais mundiais.
Apesar disso, próximo ao término do pregão o movimento perdeu tração, e a moeda fechou cotada a R$ 3,7435 (-0,14%), acumulando alta de 0,04% no mês, 13,14% no ano e de 13,81% em 12 meses.
Risco País
O risco medido pelo CDS Brasil 5 anos recuou para 273 pts versus 278 pts da véspera.
Juros.
Os juros recuaram ao longo de toda a extensão da curva a termo, em um movimento que destoou do clima de manutenção da aversão ao risco advindo do exterior.
O maior direcionador dos negócios foi a expectativa declinante de um possível aumento da Selic na reunião do Copom, cuja definição acontece na quarta-feira, e detém probabilidade implícita na curva de 70% de manutenção do atual nível em 6,5%.
Para a semana.
No Brasil, destaque para a decisão do Copom na quarta-feira, sendo o consenso o da manutenção da Selic meta em 6,5%. No front inflacionário, o IPCA-15 será conhecido na 5ª feira. Na zona do euro, foco para os PMIs manufatura e confiança do consumidor do agregado.
Ainda na Europa, o BOE (Banco Central da Inglaterra) definirá a taxa básica de juros. Nos EUA, PMI manufatura e seguro desemprego estarão no radar dos agentes.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento do mercado na 3ª feira 19.06.2018, elaborado por RICARDO VIEITES, CNPI, e RAFAEL REIS, CNPI-P, ambos integrante do BB Investimentos.