Diário de Mercado na 3ª feira, 31.07.2018
Ibovespa recua no último pregão, mas encerra julho em alta de 8,88%
Resumo.
Expectativas em torno da retomada da negociação entre EUA e China na busca pela atenuação da guerra comercial balizaram um dia de alívio no clima dos negócios em âmbito global.
Domesticamente, no entanto, mesmo com a agenda mais leve e ausência de solavancos políticos, o Ibovespa viveu um dia de perdas, puxado pela safra de balanços corporativos mais fraca do que o esperado.
No mercado cambial, após a formação da Ptax, o dólar teve parte da alta contida, enquanto nos juros futuros predominaram movimentos de ajuste em antecipação à definição da Selic-meta e das Fed Funds a acontecerem na quarta-feira.
Ibovespa.
O último pregão do mês foi de predominante realização de lucros, interrompendo uma sequência de duas sessões positivas, e nem mesmo o bom humor emanado das bolsas norte-americanas foi capaz de direcionar os negócios na B3.
Na berlinda estiveram principalmente as ações do Itaú, que cederam forte ao resultado trimestral abaixo do piso das estimativas dos analistas, o que acabou contagiando o restante do setor financeiro – o de maior peso no índice. Na outra ponta, empresas ligadas a commodities metálicas e papel e celulose se valorizaram.
O Ibovespa fechou aos 79.202 pts (-1,31%), com volume financeiro preliminar da Bovespa em R$ 9,48 bilhões, sendo R$ 9,24 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa.
No dia 27 (último dado disponível), houve saída líquida de R$ 155,405 milhões em capital estrangeiro na Bovespa, diminuindo o saldo positivo de julho para R$ 4,221 bilhões. Em 2018, o déficit no saldo de capital estrangeiro se elevou a R$ 5,726 bilhões no ano.
Agenda Econômica.
No Brasil, a taxa de desemprego nacional medida pela Pnad contínua (IBGE) relativa ao trimestre findo em junho surpreendeu positivamente os analistas ao desacelerar a 12,4%, ante projeção em 12,6%. No segundo trimestre do ano passado, a taxa de desocupação era de 13%. Ainda no comparativo anual, a renda média real do trabalhador avançou 1,1%, atingindo R$ 2.198,00.
No Japão, o Bank of Japan não apenas manteve a taxa de juros em -0,100% como deu sinais através de comunicado de que este patamar irá se prolongar por “tempo indeterminado”. A decisão ganhou relevância dado que se captura um viés junto às economias desenvolvidas de redução gradual do afrouxo monetário vigente, mas tanto o BoJ hoje quanto o BCE na semana anterior sinalizaram o oposto, ou seja, uma manutenção das condições regionais de liquidez abundante.
Nos EUA, o dado de inflação medido pelo PCE – o favorito do Fed para tomada de decisão monetária – veio em 1,9% em junho no comparativo contra o mesmo mês no ano anterior, ante 2,0% aguardado pelo mercado. O dado reafirma a condição gradualista da dinâmica de aperto monetário atualmente em andamento na maior economia do mundo.
Câmbio e CDS.
O dólar comercial (interbancário) registrou moderado avanço na sessão de hoje, tendo sido a moeda com segundo pior desempenho na cesta Bloomberg, perdendo apenas para o Ien japonês, que sofreu ante definição de política monetária expansionista na madrugada.
A moeda encerrou cotada a R$ 3,7543 (0,66%), acumulando -1.10% na semana, -3,10% no mês, 13,47% no ano e 20,46% em 12 meses. O risco medido pelo CDS Brasil de 5 anos subiu a 215 pts ante 212 da véspera.
Juros.
Enquanto a seção curta da curva oscilou de modo parco, com os agentes precificando amplamente a manutenção da taxa Selic na reunião do Copom que finda na quarta-feira, os vencimentos longos, opostamente, se elevaram em antecipação à decisão das Fed Funds, que também acontece na data, além de embutir prêmio direcionado pela alta do dólar.
Para a semana.
No Brasil, despontarão a Produção Industrial Mensal, além da decisão do Copom sobre a Selic na quarta-feira. Nos EUA, a deliberação sobre a taxa dos Fed Funds pelo Fomc e os dados do emprego como o ADP e o payroll (criação de vagas na economia). Ademais, serão divulgados os PMIs manufatura de Brasil, EUA, economias europeias, China e Japão.
Confira no anexo a íntegra do relatório completo anexo de análise do comportamento do mercado na 3ª feira, 31.07.2018, elaborado por RICARDO VIEITES, CNPI, e RAFAEL FREDA REIS, CNPI-P, ambos integrantes da equipe do BB Investimentos