KLABIN - Resultado no 2º Trimestre/2018
Maiores preços e câmbio seguram os resultados
Em 30.07, a Klabin apresentou os resultados do 2T18, os quais vieram fortemente impactados por maiores custos devido à greve dos caminhoneiros no período e, do lado positivo, por maiores preços de celulose e papel, especialmente kraftliner, bem como por um câmbio mais favorável.
Apesar do impacto nos custos durante o trimestre, em junho, a situação já havia sido controlada, contribuindo para um EBITDA no período de R$ 884 milhões, 16,4% acima do 1T18 (+48,7% ano/ano) e 4,3% maior que as nossas estimativas.
A margem EBITDA também foi um destaque, chegando a 39,6%, uma melhora de 4,9 p.p. trimestre/trimestre e 9,6 p.p. ano/ano, e 5,1 p.p. acima do BB-BI.
Como mencionamos em nosso relatório de prévias, esperávamos maiores volumes vendidos no período; entretanto, os volumes trazidos foram um pouco decepcionantes.
Temos que concordar, contudo, que os preços realizados vieram acima das nossas projeções, o que, em tempo, parcialmente compensou a diferença nas receitas. Os custos, apesar de mais altos, vieram abaixo das nossas estimativas, contribuindo para melhores resultados operacionais.
É fato que a greve desacelerou a retomada da economia brasileira. A indústria de
alimentos e bens de consumo não-duráveis também foi prejudicada. Após ajustes pelos efeitos da greve, a ABPO (Associação Brasileira de caixas de papelão) reduziu sua estimativa de vendas de 2018 para +2,4% ano/ano (ante +3,8%, anteriormente).
Mesmo assim, a produção de papel somou 4.216 kton em 2018 (até maio), melhorando 2,2% ano/ano, ao passo que as vendas subiram 3,7% no mesmo período, de acordo com os dados do Ibá.
Os preços internacionais também tiveram papel fundamental no segmento. O preço médio da celulose BHKP na Europa ficou em US$ 1.046/trimestre no trimestre, ante US$ 1.014/trimestre no 1T18 (+3,1%). Na China, o preço médio ficou em US$ 770/trimestre, alta de 1,3% trimestre/trimestre.
Já para NBSK na Europa, o aumento foi de 9,6% trimestre/trimestre para US$ 1.167/t. Em relação aos preços de kraftliner, a melhora foi de 31% ano/ano no trimestre (estável trimestre/trimestre), para US$ 879/trimestre.
Como mencionado no relatório de prévias, devido às mudanças no cenário doméstico e aos melhores preços esperados para celulose, atualizamos nossos preços de celulose no LP e revisamos o preço-alvo da Klabin para 2018.
Dados os resultados apresentados e considerando as estimativas positivas para a empresa nos próximos períodos, decidimos manter nosso preço-alvo 2018 para KLBN11 em R$ 26,00, com a recomendação Outperform. Os riscos se mantêm, em
(i) maiores pressões sobre o preço da celulose que poderiam limitar a geração de caixa da empresa e, consequentemente, sua capacidade de desalavancar e
(ii) retomada mais lenta que o esperado da economia brasileira.
Resultados consolidados.
O volume vendido caiu 6,4% trimestre/trimestre e 8,3% ano/ano para 713 kton (BB-BI estimava 826 kton). As receitas totais somaram R$ 2.235 milhões melhora de 2,1% ante o 1T18 e 13% acima do 2T17, apesar de 9,3% abaixo das nossas estimativas.
Embora os COGS tenham sido impactados pelas paradas no período, estes somaram R$ 1.451 milhões, -6,8% t/t e -16,5% a/a. Despesas VG&A subiram a/a, mas vieram menor trimestre/trimestre. O resultado operacional, assim, ficou em R$ 547 milhões (7,9% acima das estimativas do BB-BI).
Desempenho de celulose: resultados afetados por paradas não-programadas no período.
No 2T18, houve o impacto da greve, mas também efeitos da parada para manutenção trazida do 1T18. A produção, assim, somou 344 kton, +23% t/t e -5% ano/ano.
As vendas, por outro lado, foram mais fortemente impactadas e caíram 6% ante o 1T18 e 13% comparada ao 2T17, somando 294 kton. As receitas somaram R$ 753 milhões, alta de 10% t/t e 29% ano/ano, já que os preços de celulose continuaram a subir no ano e a taxa de câmbio favoreceu. O custo caixa ficou em R$ 743/trimestre no trimestre, em razão de
(i) menor diluição de custos fixos devido às paradas,
(ii) maior consumo de químicos e
(iii) maior suprimento de madeira de terceiros. Mesmo assim, o custo caixa em junho já havia sido normalizado em R$ 651/t.
Desempenho de papel: desempenho de kraftliner segurando os resultados.
As receitas de kraftliner e papel cartão melhoram 10% ano/ano para R$ 694 mm (apesar de 5% menor trimestre/trimestre). Com os preços de kraftliner no mercado internacional ainda fortes, a companhia optou por manter as vendas estáveis no período visando a beneficiar-se do momento favorável. Os volumes de papel cartão também caíram devido à greve.
Entretanto, na comparação as receitas anual subiram 2%, em razão de melhores preços.
Endividamento e Resultado líquido.
A dívida bruta chegou a R$ 19,496 milhões, aumento de 10% trimestre/trimestre em razão da variação cambial no período. A dívida líquida, então, ficou em R$ 12.597 milhões, 13,4% acima do trimestre anterior. A dívida líquida/EBITDA ficou estável em 3,9x, ante 3,8x no 1T18.
As despesas financeiras somaram R$ 326 milhões, ao passo que as receitas somaram R$ 157 milhões. A variação cambial líquida teve um forte impacto no trimestre e somou negativos R$ 1.843 milhões. No fim, o resultado financeiro fechou negativo em R$ 2.012 milhões, com a última linha fechando negativa em R$ 954,6 milhões.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do desempenho da KLABIN no 2º trimestre/2018, elaborado por GABRIELA E. CORTEZ, analista senior do BB Investimentos