Diário de Mercado na 2ª feira, 01.10.2018
Citação de Trump sobre o Brasil derruba mercado doméstico
Comentário.
No primeiro pregão do quarto e último trimestre do ano, a declaração do presidente norte-americano, Donald Trump, que criticou as relações comerciais entre os EUA e o Brasil, foi o estopim para deflagrar realizações na bolsa brasileira.
Obviamente, a percepção dos agentes em relação a incerteza eleitoral brasileira, na derradeira semana antes da votação da eleição presidencial, que está marcada para o próximo dia 7 de outubro, prosseguiu contribuindo para o desfazimento de posicionamentos.
Mesmo neste panorama, o dólar comercial encerrou em baixa, acompanhando sua movimentação no mercado internacional. A estrutura a termo da taxa de juros também cedeu como um todo, seguindo a tendência do mercado cambial interno.
Ibovespa.
O principal índice doméstico passou praticamente toda a sessão em baixa, marcando a mínima intradiária no início da tarde, aos 78.090 pts (-1,58).
O pregão foi marcado por um ajuste de posições dos investidores, fazendo com o Ibovespa recuasse na contramão dos avanços da maior parte dos mercados acionários no exterior.
Dos 65 papeis que compõem o índice, apenas 7 registraram alta, com destaque para Vale e Ambev. Na outra ponta, as principais quedas ocorreram nos setores financeiro, elétrico e de siderurgia.
O Ibovespa encerrou aos 78.623 pts (-0,91%), ainda acumulando alta de 2,54% no ano e de 5,83% em 12 meses. O giro financeiro preliminar da Bovespa foi de R$ 8,24 bilhões, sendo cerca de R$ 7,88 bilhões no mercado à vista.
Capitais Externos na Bolsa
No dia 27 (último dado disponível), houve entrada líquida de R$ 874,559 milhões em capital estrangeiro na bolsa, elevando o saldo positivo acumulado em setembro para R$ 2,921 bilhões. No ano, há evasão líquida de R$ 67,248 milhões.
Agenda Econômica. No Brasil, o IPC-S, a inflação ao consumidor semanal mensurada pela FGV (Fundação Getúlio Vargas) variou +0,45% na quadrissemana encerrada no dia 30 de setembro, versus +0,32% da quadrissemana anterior e +0,07% em agosto. O grupo Transportes foi o principal contribuidor, passando de +0,64% para +1,09% no final do mês, com a aceleração da gasolina, que avançou a +4,08%, de +2,10% anterior. Depois, o grupo Habitação que subiu a 0,36%, de 0,26% anterior.
Câmbio e CDS.
Mesmo ensaiando alta no início do pregão, o dólar comercial (interbancário) logo passou ao terreno negativo, chegando a valer R$ 4,00 na mínima intradiária. O comportamento da divisa por aqui acompanhou a firme queda ante algumas moedas emergentes como a lira turca e o peso argentino, refletindo também a menor tensão no âmbito do comércio internacional com o novo acordo entre Canadá e EUA.
A moeda fechou cotada a R$ 4,0290 (-0,52%), ainda acumulando alta de 21,54% no ano e 27,22% em 12 meses.
Risco País
O risco medido pelo CDS Brasil de 5 anos avançou a 266 pts, ante 263 pts da última sexta-feira.
Juros.
Os juros futuros encerraram a sessão regular em baixa generalizada, especialmente nos vértices de médio e longo prazo - a devolução dos prêmios ocorreu em linha com o recuo do dólar.
Para a semana.
Destaque para os números da Produção Industrial doméstica na terça, e o IPCA na 6ª feira, dia que também reserva a tradicional bateria de dados do mercado de trabalho norte-americano, o payroll.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do comportamento domercado em 01.10.2018, elaborado por HAMILTON ALVES, CNPI-T, e RICARDO VIEITES, CNPI, ambos integrants do BB Investimentos