PETROBRAS - Resultados no 3º trimestre de 2018
Números sólidos, apesar dos vários impactos do acidente e dos one-offs da Replan
A Petrobras divulgou em 06.11 resultados em linha com a nossa expectativa, marcada por um forte desempenho no segmento de E & P (menor produção, porém com preços mais elevados) e fracos em Refino (impactos do acidente Replan).
Apesar da venda de uma participação de 25% do campo de Roncador, a produção consolidada enfrentou um declínio não tão forte devido ao início de três novas plataformas:
(i) FPSO Cidade Campos dos Goytacazes no campo da Tartaruga Verde;
(ii) P-74 no campo de Búzios; e
(iii) P-69 no campo de Lula.
Com base nessas novas plataformas e outras adições de futuros de curto prazo, esperamos uma recuperação mais sólida a partir do 1S19. O fluxo de caixa livre apresentou neste trimestre um decréscimo de R$ 8,1 bilhões, ante R$ 16,4 bilhões no 2T18, afetado por maiores despesas e impactos operacionais descritos abaixo.
A dívida líquida / EBITDA diminuiu de 3,7x no final de 2017 para 3,0x, beneficiada pelos desinvestimentos realizados e pelo fluxo de caixa livre positivo ao longo dos últimos trimestres.
Destaques operacionais.
Em E & P, a produção de petróleo bruto e LGN diminuiu 5,1% no trimestre, principalmente em função das paradas para manutenção e da venda de uma participação de 25% no Campo de Roncador. Esse declínio já era esperado, mas acreditamos que a empresa aumentará sua produção a partir de 2019.
Na Refinação, a menor produção afetou as exportações, que declinaram 70% trimesre/trimestre, para 72 mdp. O acidente de refinaria da Replan prejudicou a carga processada, que atingiu 1.693 mdp, -3,4% trimesre/trimestre. A paralisação da plataforma de Mexilhão levou a uma menor disponibilidade de gás nacional, consequentemente exigindo maiores importações de gás natural boliviano e GNL para suprir a maior demanda dos segmentos termelétrico e não-termoelétrico.
O segmento de distribuição apresentou maiores volumes e forte desempenho na maioria de seus segmentos (vide o relatório completo da BR Distribuidora, publicado hoje).
Destaques Financeiros.
Em E&P, apesar da menor produção, o lucro bruto aumentou 14% trimesre/trimestre, decorrente tanto da desvalorização do Real quanto do aumento do preço do Brent. O custo de elevação subiu 6% trimesre/trimestre, também afetado pela menor produção, juntamente com maiores gastos com intervenções em poços.
Na Refinação, os impactos do acidente da Replan e o maior SG & A (+ 59% q / q) contribuíram para uma queda de 37% na receita operacional. O segmento de Gas & Power apresentou EBITDA negativo de R $ 674 milhões, ante um resultado positivo de R $ 1,3 bilhão no 2T18, afetado por maiores despesas de importação de GNL, além das maiores perdas de crédito esperadas com o setor elétrico (R $ 923 milhões). milhão).
Na visão consolidada, várias desvalorizações impactaram outras despesas operacionais, que atingiram R $ 7,7 bilhões (+ 19% no trimestre e + 65% no ano). A partir disso, destacamos:
(i) a restituição positiva dos valores da Operação "Lava Jato", no valor de 1,7 bilhão;
(ii) impairment de ativos em R$ -1,7 bi;
(iii) despesas com o Plano de Carreiras e Remuneração (PCR) da Petrobras, em R$ -1,1 bilhão;
(iv) liquidações para encerrar as investigações com autoridades dos EUA, em R$ -3,5 bilhões.
Em relação ao último, conforme declaramos em nossa Nota de Pesquisa de 27/09/2018, a perda já era esperada e precificada. Consideramos o negócio como positivo para a Petrobras, apesar do prejuízo financeiro acima mencionado no P & L, uma vez que encerra as possibilidades futuras de outras perdas financeiras relacionadas a esse assunto nos EUA.
No entanto, ainda ressaltamos que ações semelhantes estão sendo atualmente emitidas em outros países, como Brasil, Argentina e Holanda, embora em estágios preliminares e com valores significativamente menores.
Opinião do analista.
O desempenho mais fraco do negócio de Refino foi parcialmente compensado pelo E & P, uma vez que o EBITDA consolidado atingiu R $ 29,9 bilhões, -1% q / q, uma pequena queda em um trimestre com tantas adversidades.
Em nossa opinião, considerando os grandes montantes de um acima mencionados, juntamente com o acidente na Replan, o resultado deste trimestre é sólido, porque sinaliza um caminho de recuperação operacional na produção e que benefícios futuros do caso de parada já foram coletados.
Revisamos nossas estimativas e mantemos o rating Market Perform da PETR4, com o novo preço alvo de R$ 27,00 por ação (antes de R $ 23,50) para 2019YE. Veja as páginas seguintes para mais detalhes.
Confira no anexo a íntegra do relatório de análise do desempenho da PETROBRAS no 3º trimestre/2018, elaborado por DANIEL COBUCCI, CNPI, Analista Senior do BB Investimentos