Liga Árabe condena Brasil e Austrália por reconhecerem Jerusalém como capital de Israel
Brasil exportou US$ 10,6 BI aos países árabes, de janeiro a setembro/2018;
a Israel, apenas US$ 256 Milhões
A Liga Árabe, em uma resolução, condenou Brasil e Austrália por reconhecerem Jerusalém al-Quds como a "capital" de Israel, pedindo aos dois estados que "respeitem a lei internacional" sobre o status da cidade.
O organismo regional solicitou ao presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, que não aplique medidas que “solapem o status legal” de Jerusalém “para preservar os laços de amizade e as relações históricas dos países árabes e do Brasil”.
A resolução foi adotada na 3ª feira por delegados dos países membros da Liga Árabe durante uma reunião extraordinária realizada em sua sede no Cairo.
A Liga Árabe também decidiu enviar uma "delegação de alto escalão" ao Brasil e à Austrália para informar as autoridades locais sobre a necessidade de "obedecer ao direito internacional" em relação à cidade.
Além disso, pediu aos embaixadores árabes no Brasil e na Austrália que mantenham seus contatos com ministérios de Relações Exteriores, parlamentos e partidos políticos dos respectivos países para informar sobre a postura árabe em relação a Jerusalém.
A decisão veio depois que a Austrália anunciou formalmente o reconhecimento de Jerusalém como capital de Israel.
Após o anúncio, o secretário-geral adjunto da Liga Árabe para a Palestina e os territórios árabes ocupados, Saeed Abu Ali, condenou a decisão da Austrália de romper com a posição da comunidade internacional que desconsiderou a lei internacional.
Em um comunicado, ele disse que este ato era descarado e voltado para os interesses de Israel.
O primeiro-ministro da Malásia, Mahathir Mohamad, também denunciou no domingo a decisão da Austrália, dizendo que "eles não têm direitos" para fazê-lo.
A decisão da Austrália foi tomada depois que o presidente eleito do Brasil, Jair Bolsonaro, anunciou em novembro sua intenção de transferir a embaixada brasileira de Tel Aviv para Jerusalém, al-Quds, quando assumiu formalmente a presidência.
Ao contrário dos EUA, o governo australiano anunciou que, por enquanto, não transferirá sua embaixada. Apenas buscará uma sede para o futuro.
O presidente dos EUA, Donald Trump, transferiu a embaixada americana de Tel Aviv para Jerusalém, em 14 de maio, em um movimento que enfureceu os palestinos e o mundo islâmico em geral e abalou os aliados ocidentais.
A realocação também provocou manifestações nos territórios palestinos, Irã, Turquia, Egito, Jordânia, Tunísia, Argélia, Iraque, Marrocos e outros países muçulmanos.
O Comércio entre Brasil e Oriente Médio
As relações comerciais entre os países árabes e o Brasil, contudo, não se limitam à venda de carnes Halal. Dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, de janeiro a setembro deste ano, o Brasil exportou para o Oriente Médio — excluído Israel — um total de US$ 9,6 bilhões em produtos. O Irã foi o sexto maior comprador de bens brasileiros, com US$ 4,6 bilhões.
Já Israel importou US$ 256 milhões de dólares do Brasil no mesmo período, o que coloca o país no posto de 64º maior mercado do Brasil.
NOTA: A Liga Árabe é composta pelos 22 países, a seguir: Somália, Egito, Iraque, Jordânia, Líbano, Arábia Saudita, Síria, Iêmen, Líbia, Sudão, Marrocos, Tunísia, Kuwait, Argélia, Emirados Árabes, Bahrein, Catar, Omã, Mauritânia, Palestina, Djibouti e Comores