Produção industrial abaixo das expectativas em novembro
• A produção industrial avançou 0,1% na comparação mensal dessazonalizada em novembro. Na comparação anual, a produção recuou 0,9%, 0,5 p.p. abaixo das expectativas.
• Avaliamos que a fraqueza recente da produção industrial é consequência de uma combinação de efeito defasado do aperto das condições financeiras do 3T18 com a desaceleração do crescimento global – em particular e países com participação relevante nas exportações de manufatura do Brasil.
• A projeção preliminar para a produção industrial em dezembro aponta para alta de 1,2% na margem. A melhora das condições financeiras desde outubro, o crescimento da população ocupada e a recuperação das concessões devem acelerar o crescimento da produção industrial à frente.
Fraqueza reflete efeito defasado das condições financeiras e crescimento global
A produção industrial avançou 0,1% em novembro na comparação mensal dessazonalizada. Em relação ao mesmo mês de 2017, a produção avançou recuou 0,9%, 0,5 p.p. abaixo das expectativas O resultado bruto de outubro foi revisado para baixo em 0,3pp.
Avaliamos que a fraqueza recente da produção industrial é consequência de uma combinação de efeito defasado do aperto das condições financeiras do 3T18 com a desaceleração do crescimento global – em particular e países com participação relevante nas exportações de manufatura do Brasil.
Vale notar que esta fraqueza também é observada na confiança da indústria da FGV, a qual ficou praticamente estável no 4T18, ao contrário da confiança dos demais setores que já apresentaram avanço expressivo em novembro.
Com o resultado, a produção segue abaixo dos níveis anteriores à paralisação dos caminhoneiros (ver gráfico). Entre as categorias econômicas, o quadro também mostra fraqueza. Bens de consumo duráveis e bens de capital recuaram no mês (3,4% e 2,7%, respectivamente), enquanto bens intermediários avançaram 0,7% e a produção dos demais bens de consumo ficou estagnada.
Pela ótica da atividade econômica, a indústria extrativa ficou estagnada, enquanto a indústria de transformação recuou 0,6% em dezembro. Uma desagregação maior (em 24 atividades) mostra avanço em apenas 10, sugerindo que a difusão foi mais fraca do que o observado no resultado agregado.
Os dois componentes mais associados ao investimento recuaram na margem. A produção de bens de capital recuou 2,7% (como já mencionado) e a de insumos típicos da construção civil caiu 1,5% no mês, compensando a alta acumulada dos últimos três meses
Indicadores coincidentes sinalizam avanço em dezembro
Os primeiros indicadores coincidentes (confiança da indústria, utilização da capacidade instalada, dados semanais de comércio exterior e consumo de energia, entre outros) sinalizam avanço de 1,2% da produção industrial em dezembro (variação mensal dessazonalizada).
Cabe notar que a recessão recente mudou a composição da indústria, reduzindo a importância de setores cíclicos (que sazonalmente tendem a contrair mais em dezembro).
Dessa forma, o filtro estatístico que corrige a série por fatores sazonais deve ajustar o nível de produção (para cima) mais do que seria consistente com a nova composição da indústria.
Com a melhora recente das condições financeiras, o ritmo maior de avanço da população ocupada e os dados de crédito, o crescimento da produção industrial deve acelerar nos próximos meses.
Confira no anexo a íntegra do relatório preparado por Artur Manoel Passos e Alexandre Gomes da Cunha, integrantes do departamento de Pesquisa Macroeconômica – Itaú, chefiado por Mario Mesquita – Economista-Chefe